Cooperativa denuncia dumping da Elegê



O presidente da Cooperativa Sul-Riograndense de Laticínios (Cosulat), Arno Alfredo Kopereck, denunciou ontem, durante depoimento à CPI do Preço do Leite, que a empresa Elegê promoveu um dumping (venda com preço inferior ao custo) no município de Pelotas, durante todo o mês de outubro deste ano. Kopereck disse aos parlamentares, que o chamado leite de saquinho teve seu preço rebaixado de R$ 0,70 para R$ 0,50, enquanto o tipo longa vida caiu de R$ 0,78 para R$ 0,70.

Segundo o presidente da CPI, deputado Vilson Covatti (PPB), as declarações do representante da Cosulat não deixam dúvidas de que a indústria exerce "abuso do poder econômico, principalmente porque pratica preços diferenciados para enfrentar a concorrência". O progressista referiu, ainda, que Kopereck deixou claro que grandes redes de supermercados pelo menos tentam cobrar "pedágio" ou fazem o conhecido "rapel", que consiste em vincular a venda a uma quantia determinada do produto de brinde, destinada a promoções.

A Cosulat é uma da cooperativas que melhor paga o produtor de leite. De acordo com Kopereck, a média nos 10 primeiros meses do ano ficou em R$ 0,3199 por litro, enquanto a Elegê e a Parmalat pagam entre R$ 0,19 e R$ 0,22 o litro. Ele explicou que a entidade congrega 29 municípios e possui, atualmente, 5 mil associados. Para enfrentar a pressão dos grandes grupos econômicos, o presidente da Cosulat afirmou que transforma o leite líquido em pó, e redireciona as vendas para outros estados do país.

Kopereck acrescentou que a cooperativa recebe 300 mil litros de leite diariamente, dos quais 13,8 mil litros são oriundos de 628 famílias distribuídas em 10 assentamentos da Região Sul.

O presidente da Cooperativa de Suinocultura Encantado Ltda (Cosuel), Carlos Alberto de Figueiredo Freitas disse que a cooperativa enfrenta forte concorrência de pequenas agro-indústrias clandestinas, que não são fiscalizadas pelo Governo Estadual. Ele citou o exemplo de uma empresa que adicionava soro, água e açúcar ao leite para aumentar o volume de produção. Segundo ele, devido à disputa desleal com estes pequenos estabelecimentos, desde 1977 a cooperativa deixou de trabalhar com derivados do leite, limitando-se à industrialização do longa vida. Freitas também adiantou que a Cosuel paga em média R$ 0,32 centavos ao produtor de leite.

Os últimos dois depoentes do dia também disseram que suas cooperativas conseguem pagar mais do que as indústrias ao agricultor, em torno dos R$ 0,32. O diretor-executivo da cooperativa Piá, José Mário Hansen, afirmou, ainda, que as indústrias concentram as vendas de leite no mercado gaúcho. Já o presidente da Cooperativa Santa Clara, Rogério Sauhtier, confirmou que as grandes redes de supermercado praticam o rapel. Conforme Sauthier, muitas vezes sua cooperativa não consegue colocar o leite na prateleira dos supermercados por não aceitar certas exigências do varejo.

Quarta-feira (28), às 10h30min, a CPI recebe o diretor de marketing da Tetrapak, Paulo Rochet. Ele deve explicar detalhes sobre o monopólio da empresa sueca no mercado nacional de embalagens de leite. Em 10 de dezembro, a comissão participa do Fórum Nacional das CPIs do Leite, em Belo Horizonte (MG).



11/27/2001


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