CPI do Leite recebe denúncia de dumping em Pelotas



Os deputados que integram a Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga o preço do leite ouviram hoje, 26 de novembro, representantes de quatro cooperativas de leite do Estado que remuneram seus produtores satisfatoriamente. Cosulat ( Pelotas), Cosuel (Encantado), Santa Clara (Carlos Barbosa) e Piá (Nova Petrópolis).

O relator da CPI, deputado Giovani Cherini(PDT), afirmou que " a Comissão terá que esclarecer por que essas cooperativas pagam, em média, de R$ 0,30 a R$ 0,41 pelo litro ao produtor, e as grandes empresas, Parmalat e Elegê, têm um preço médio de R$ 0,22". O deputado Giovani Cherini alerta que a CPI deve focar a investigação na qualidade do leite longa vida. Ressalta que com a venda da CCGL para a Elegê, passou a ser praticado o monopólio no setor leiteiro do RS.

O depoimento de Arno Kopereck, presidente da Cosulat, de Pelotas, confirmou o rapel (fornecer determinada quantia como brinde para fins de promoção) e o dumping ( venda com preço inferior ao custo). No mês de outubro de 2001, a Elegê baixou durante cerca de um mês o preço do leite "barriga-mole" (em saco plástico), de R$ 0,70 para R$ 0,50, e do longa vida de R$ 0,78 para R$ 0,70. Os diretores da cooperativa confirmaram o pedido de leite para exposição nas gôndolas dos supermercados e de entrega gratuita para promoções de aniversário e de inauguração de redes de supermercados.

As cooperativas fizeram um pedido aos deputados para que lutem pela unificação das legislações federal, estadual e municipais, no que tange à inspeção do leite, pois a burocracia dificulta a comercialização do produto.

O presidente da Cosuel - Cooperativa de Suinocultura de Encantado -, Gilbero Piccinini, também confirmou o rapel, com ágio de 5 a 7%.

O relator frisou duas propostas de trabalho apresentadas por ele na última reunião:primeira, que a CPI lute para que se aumente o consumo de leite no Estado, que hoje é menor do que o consumo de cachaça, cerveja, refrigerantes e água mineral; e, segunda,fim da prática do rapel. "Se conseguirmos acabar com o rapel praticado pelos supermercados, o produtor pode receber 30% a mais pelo leite".

Segundo o relator, a indústria poderia pagar ao produtor mais 7%, pois não recolhe ICMS, diferentemente do que acontece em outros estados. Cherini revela que o preço médio pago pela indústria poderia passar de R$ 0,22 para R$ 0,32 por litro, o que incrementaria consideravelmente a renda do produtor.

Na próxima sessão da CPI, quarta-feira, dia 28, às 10h30, a CPI ouvirá o diretor de marketing da multinacional Tetrapak, Paulo Rochet. O diretor será questionado sobre detalhes sobre o monopólio da empresa no mercado nacional de embalagens de leite.

11/26/2001


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