CPI da Exploração Sexual pode criar grupos de trabalho para acelerar investigações



A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de combate à exploração sexual infantil pode criar grupos de trabalho formados por parlamentares, divididos pelas regiões do país, para acelerar os trabalhos de investigação. Esta é a proposta da presidente da CPI, senadora Patrícia Saboya (PPS-CE), que será discutida pelos integrantes da comissão na próxima quarta-feira (6), às 10h, em reunião fechada. Na reunião, os parlamentares deverão estabelecer o calendário de atividades no mês de agosto, além de votar diversos requerimentos.

A CPI, que tem como relatora a deputada gaúcha Maria do Rosário (PT), funcionou durante a convocação extraordinária de julho realizando quatro audiências públicas. Foram ouvidos, no último dia 23, os integrantes do Ministério Público do Rio de Janeiro João Magno Reis Vidal, Hedel Nara Júnior e Márcio Almeida, e o delegado da Polícia Federal Marcelo Bertolucci. Durante a reunião, foi denunciada a exploração, na Zona Oeste do Rio, de crianças que fariam programas sexuais por R$ 1,99.

Em julho a CPI ouviu também a promotora pública do Maranhão, Lítia Cavalcanti, e os coordenadores da Pesquisa sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para Fins de Exploração Sexual Comercial (Pestraf). Por dois anos, cerca de 130 pesquisadores levantaram informações sobre rotas de tráfico sexual em 19 estados e no Distrito Federal. A coordenadora nacional da pesquisa, Maria Lúcia Leal, revelou à CPI que foram identificadas 241 rotas de tráfico sexual no Brasil, das quais 131 teriam como destino outros países.

Marcel Hazeu, coordenador da pesquisa na região Norte, declarou que, na Amazônia, -a prostituição não é vista pelas vítimas e por suas famílias como uma coisa errada-. Rosário da Costa Ferreira, responsável pela pesquisa na região Nordeste, sugeriu a criação de um serviço de inteligência específico para investigar as ocorrências e integrar os trabalhos das polícias civil, federal e rodoviária no combate ao crime.

Na região Sul há pelo menos 28 rotas de tráfico de exploração sexual de crianças, revelou à CPI Janete Cruz, coordenadora regional da pesquisa. Ela mapeou rotas internacionais nas cidades de Foz do Iguaçu (PR) e Uruguaiana (RS). Já o coordenador da Pestraf para a região Sudeste, Welington Pereira da Silva, disse que a cidade de São Paulo é passagem das mulheres que são enviadas para prostituição em países como Espanha, Portugal, Bélgica, Venezuela, Suriname e Bolívia.



01/08/2003

Agência Senado


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