CPI dos Sanguessugas anuncia 33 novas notificações de parlamentares
Em entrevista após reunião de trabalho realizada nesta terça-feira (25) pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Sanguessugas, o presidente da CPI, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), anunciou que a partir desta quarta-feira (26), 33 parlamentares serão notificados.
- Com essas novas notificações, além das outras 57 já feitas, a CPI dos Sanguessugas centra suas investigações em 90 nomes - concluiu Biscaia, ao afirmar ainda que vai fazer um "grande esforço" para apresentar um relatório conclusivo dessa primeira fase de investigações até o dia 9 de agosto e não mais no dia 18, como havia previsto o relator da comissão, senador Amir Lando (PMDB-RO). Os novos parlamentares citados, assim como os outros 57, terão cinco dias úteis para encaminhar suas defesas por escrito para a CPI.
Dos novos citados, 31 são deputados e dois são senadores: Serys Slhessarenko (PT-MT) e Magno Malta (PL-ES). Segundo o presidente da CPI, entre os 31 deputados constam ainda os nomes de Celcita Pinheiro (PFL-MT), mulher do senador Jonas Pinheiro (PFL-MT), e do ex-ministro da Saúde José Saraiva Felipe (PMDB-MG), acusado de facilitar o esquema de compra superfaturadas de ambulâncias no período em que esteve à frente da pasta, entre julho de 2005 e março deste ano.
Questionado sobre a denúncia de que o senador Magno Malta (PL-ES) teria utilizado um carro comprado pela máfia dos sanguessugas, Biscaia afirmou que a reportagem sobre o assunto "fechou uma cadeia para que o senador seja incluído no relatório".
- Não é possível que um político utilize um carro por empréstimo durante um ano de qualquer empresa, ainda mais da Planam, que é uma quadrilha - afirmou Biscaia. Em entrevista ao jornal O Globo, Magno Malta afirmou que o Fiat Ducatto que utilizou por mais de um ano não era de Luiz Antônio Vedoin, mas sim do deputado Lino Rossi (PP-MT), que teria envolvimento com a quadrilha.
Provas
Apesar de ainda estar na fase de notificação de parlamentares, Biscaia acredita que a CPI Mista já tem provas suficientes para implicar esses 90 congressistas denunciados, como gravações telefônicas e comprovantes de depósitos bancários, entre outros. Com relação à sugestão de alguns membros do colegiado para que a comissão inicie imediatamente uma nova fase de investigações, desta vez sobre o Poder Executivo, Biscaia destacou que é difícil garantir quórum para reuniões durante o período eleitoral.
- Será que o Congresso teria condições de reunir dezenove parlamentares para dar continuidade à investigação até o dia das eleições, marcadas para três de outubro? Depois das eleições acredito que seria possível retomar as investigações, mas antes eu não garanto - afirmou o deputado.
Vedoin
Na reunião desta terça-feira (25), os membros da CPI dos Sanguessugas também resolveram ouvir o empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin, apontado como um dos principais organizadores da "máfia das ambulâncias". O empresário, que estava preso em Cuiabá, já foi solto depois de prestar um longo depoimento de nove dias à Polícia Federal e se colocar à disposição da Justiça para mais esclarecimentos. Num primeiro momento, os parlamentares haviam decidido que o depoimento de Vedoin à Polícia Federal era suficiente para a CPI.
- Precisamos esclarecer com Vedoin alguns pontos obscuros do depoimento dele - afirmou o presidente da CPI, que ainda não fixou data e local para a oitiva.
A comissão discutiu ainda a hipótese de chamar para depor o ex-ministro da Saúde Humberto Costa, mas essa decisão ficou para uma outra fase, de acordo com Biscaia. No entanto, o presidente da CPI dos Sanguessugas garantiu que na reunião desta terça não foi discutida a possibilidade de se notificar o senador Sibá Machado (PT-AC), membro da comissão, para esclarecer denúncias de que teria levando um assessor da senadora Serys para ouvir, em Cuiabá, um depoimento reservado sobre a "máfia das ambulâncias".
Na opinião do vice-presidente da CPI, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), a reunião de hoje definiu os novos rumos da CPI.
- A CPI estava diante de um caminho e fez a melhor das escolhas ao decidir notificar mais 33 parlamentares e apresentar todos os nomes dos envolvidos - declarou Jungmann.
25/07/2006
Agência Senado
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