CPI empurra Olívio Dutra para abismo
CPI empurra Olívio Dutra para abismo
Governador petista está ameaçado de impeachment por ligações com o jogo do bicho .
O que antes parecia apenas uma pedra, capaz de provocar um tropeço, está se transformando num rocha que poderá interromper e até mesmo tirar do caminho a carreira política do governador gaúcho Olívio Dutra, do PT.
O pedido de impeachment, aprovado pela Assembléia do Rio Grande do Sul, com base na CPI da Segurança Pública, que investigou as ligações entre o governo petista e o jogo do bicho, segue agora para a Comissão de Constituição e Justiça, que deverá se pronunciar se aceita ou não o pedido para processar o governador por crime de responsabilidade e impropriedade administrativa.
Mas o governador, que está em visita oficial à China, onde saboreou um churrasco, oferecido pelo gaúcho Celso Cella, de Erechim, na sua churrascaria em Pequim, ganhou alguns meses de sobrevida e para tentar reverter a decisão. Segundo a comissão, o processo de impeachment só deve começar a partir de fevereiro do ano que vem, com a escolha do relator. A previsão é de nenhuma decisão ocorra antes das eleições de 2002, em que Olívio era, antes das revelações das ligações com bicheiros, um forte candidato à reeleição.
Por uma competente manobra da bancada oposicionista, que conseguiu urgência na votação das conclusões da CPI, o relatório foi aprovado na noite de terça-feira por 36 votos a favor e 10 contra. Os deputados governistas queriam tempo para conseguir lotar as galerias e pressionar a oposição a rejeitar o relatório, que além do governador propõe o indiciamento de mais 41 pessoas por diversas irregularidades, entre elas secretários e assessores ligados ao governo petista.
Fitas levam ao Caixa 2
A CPI, que começou para investigar a falta de política de segurança pública, acabou crescendo de intensidade e importância ao revelar as supostas relações entre os banqueiros dos jogo do bicho e governo petista.
O principal indício surgiu com as fitas de gravação em que o petista Diógenes de Oliveira, presidente do Clube de Seguros da Cidadania, apontado como o responsável pelo Caixa 2 da campanha de Olívio Dutra, pedia, em nome do governador, ao ex-chefe de Polícia que não reprimisse os bicheiros. Diógenes confessou que usou indevidamente o nome de Olívio - "Dei um carteiraço".
O relatório da CPI segue agora para o Ministério Público e Justiça Eleitoral.
De nada adiantou o protesto do vice-presidente estadual do PT, Paulo Ferreira, que denunciou "cheiro de golpe" na aprovação do relatório, enquanto o governador acompanhava uma missão de empresários à China. Por coincidência, o relatório foi aprovado enquanto Olívio Dutra, depois de visitar a Grande Muralha, era recebido pelo o secretário-geral do Partido Comunista Chinês, Jian Qinglin. (W. F.)
Bornhausen e Serra tentam manter aliança
Um dia depois de o deputado Inocêncio Oliveira (PFL-PE) rejeitar a aliança entre pefelistas e tucanos para a sucessão presidencial, o ministro da Saúde, José Serra, almoçou ontem com o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC).
O tom da conversa foi justamente o inverso do discurso do líder liberal na Câmara: a necessidade de se manter a coligação entre os dois partidos na corrida presidencial. "Mas quero um critério para saber como vamos formar a aliança" ponderou o senador Bornhausen, defendendo, porém, um diálogo permanente entre os aliados do presidente Fernando Henrique.
Segundo ele, o PFL já colocou seu candidato nas ruas - a governadora do Maranhão, Roseana Sarney - e o PSDB, no seu entender, precisa escolher o nome do candidato que apresentará aos demais partidos que dão sustentação política ao governo. Os nomes mais fortes entre os tucanos são o de Serra e do governador do Ceará, Tasso Jereissati. Mas ainda não há uma decisão.
Artigos
Sob o signo da tragédia
Silvio Guedes
Duas imagens, a mesma insensatez. Quem não se lembra de famílias inteiras de palestinos, na Faixa de Gaza, celebrando, felizes, a destruição das torres gêmeas em Nova York, vitimadas pelo terrorismo de Bin Laden? Pois nesta semana, uma outra imagem exibia os mesmos palestinos apavorados, correndo em pânico pelas ruas, enquanto Israel bombardeava suas cidades e bairros em retaliação pelos atentados do último final de semana.
É gente inocente, ainda que cega pelo ódio. São pessoas comuns, como eu e você, que só querem buscar a felicidade para suas famílias, arranjar emprego para os filhos, ver TV, viajar de vez em quando. A diferença é que essas pessoas, judeus ou palestinos, vivem sob a égide da tragédia. É uma sensação que, por certo, não temos como mensurar sem estar, de fato, no olho do furacão, frente a frente com a perspectiva de uma morte súbita, absurda, inútil.
Não há, nem nunca houve, de ambos os lados, motivos para comemorações. Assim como era insano ver palestinos celebrando a morte de milhares de americanos enterrados sob uma montanha de ferro e cimento, em Manhattan, também é demente comemorar-se o rebaixamento da espécie humana que se testemunha no Afeganistão. Ali, um povo ainda em estágio semicivilizado, historicamente dividido em múltiplas tribos e facções, mata-se e deixa-se matar.
Em uma guerra, ou em um conflito aparentemente interminável como o que envolve judeus e palestinos, judeus e árabes, terroristas e a democracia, o golpe sofrido pelo "inimigo" nada mais é que a antevéspera de nosso próprio sofrimento. Não há vencedores ou perdedores, exceto os fabricantes de armas. Esses, é claro, vendem para os dois lados e alegram-se com as cada vez mais freqüentes marés de fúria e intolerância no Oriente Médio.
A cada golpe, vem o contragolpe. Olho por olho, filho por filho, sangue por sangue. Crianças, mulheres e velhos são os mais aparecem nas fotos e nas imagens, como sempre as principais vítimas das guerras iniciadas pelos homens. Que solução, que caminho, que saída?
Ontem mesmo, um homem-bomba falhou em Israel. Morreu só, sua fúria assassina não frutificou, não gerou vítimas, como ele tão fervorosamente desejava. O que move essas pessoas? Por que acham que derramar sangue vai levá-las à glória celestial? Por que acreditam que essa é a sua missão na Terra?
Desvendar a forma como os cérebros por trás dos movimentos radicais conseguem cooptar tantos e tão entusiasmados seguidores é o maior desafio da civilização, desafiada, ameaçada, ultrajada pela barbárie.
Colunistas
Claudio Humberto
É grave (o caso) pelo cinismo da governadora”
Frei Beto acusando Roseana de não apurar quem matou e extirpou os órgãos genitais de 21 meninos, no Maranhão
Transbrasil e Lula, tudo a ver
Roberto Teixeira, célebre compadre de Luiz Inácio da Silva, presidiu a Fundação Transbrasil e é advogado do dono da empresa, Antônio Celso Cipriani. No escândalo que envolveu cheques, carros e o apartamento de cobertura de Lula em São Bernardo do Campo (SP), denunciado pelo jornalista Paulo Henrique Amorim, Cipriani era um dos compradores de um terreno superfaturado pela prefeitura petista da cidade.
Companheiro Cipriani
O presidente da Transbrasil, que pagou US$27 milhões por um resort de luxo nas montanhas do Colorado (EUA), é um dos mais fiéis e generosos doadores das campanhas eleitorais de Lula do PT. Segundo acreditam trabalhadores na rua da amargura, isso explica a tímida reação dos sindicatos à crise que resultou no fechamento da empresa.
Espelho, espelho meu...
A Presidência da República vai gastar R$ 69.836,00 no polimento do granito do piso da entrada do Palácio do Alvorada. Certamente porque FhC já não consegue ver a sua imagem refletida no preto absoluto, t ão liso quanto escorregadio, que já levou muito figurão ao chão.
Ninho de serpentes
Agora é oficial: o embaixador Omar Chohfi foi nomeado secretário-geral do Itamaraty, Luiz Felipe Seixas Corrêa remanejado para Genebra e sua mulher, Maria Lucy, diplomata, para a embaixada em Berna, também na Suíça. No serpentário circula uma maldade revoltante: Seixas Corrêa armou tudo isso só para se livrar do som do violoncelo da embaixatriz...
Arapongas voam
A Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que reúne os arapongas do governo, prorrogou o seu contrato com a agência de viagens Voetur Turismo, para emissão de passagens aéreas. O valor do contrato deve ser questão de segurança nacional: foi omitido do extrato do contrato.
Ganhou, não levou
Henri Reichstul cometeu o erro político de insistir na nomeação do Diretor de Serviços da Petrobras, vetando o indicado do ministro José Jorge (Minas e Energia). Venceu a queda-de-braço, mas tripudiou, comemorando com champanhe. O PFL usou a votação do projeto da CLT, na Câmara, para pressionar FhC e exigir a sua demissão.
Pensando bem...
...o problema da “bomba esperta”, que matou dois e feriu 20 soldados americanos no Afeganistão, é que ela não fala inglês.
Mesma moeda
Após uma temporada no spa “Busca Vida”, de Salvador, a encantadora baiana Adriana Barreto tem sido vista em companhia de um jovem advogado como ela, Plácido Faria, irmão de um assessor do ex-ACM. Enquanto isso, o incansável babalaô desfilava ao lado da beldade Niluschka Brandão, inclusive na casa de amigos, em Porto Seguro.
Peruas, uni-vos
US$20 milhões seriam o tamanho do problema enfrentado pela luxuosa butique Daslu, segundo circula nos meios financeiros paulistas. Está sendo esperado a qualquer momento um aporte salvador do empresário Abílio Diniz (Pão de Açúcar), suposto sócio oculto desse verdadeiro templo das peruas chiques de São Paulo.
Gloriosas candangas
Elvira Barney reuniu no livro “Pioneiras de Brasília” depoimentos das mulheres que ajudaram a construir a capital nas condições mais difíceis. O lançamento é hoje em Brasília, no Restaurante Carpe Diem do Casa Park, às 19h.
Justiça trabalhista
A secretaria estadual do Trabalho do Rio ignorou laudos médicos oficiais e demitiu S.M.G., em licença médica por grave lesão na coluna. Seu contrato, sem direito a garantias trabalhistas, termina daqui a um ano, e nem mesmo emprego ela pode procurar. A secretaria se recusou a assinar a demissão ilegal, ainda mais num órgão fiscalizador do trabalho.
Vai encarar?
Vai a plenário, na Câmara, o texto do acordo sobre serviços aéreos entre Brasil e Polônia. Assinado em março do ano passado, foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça. Pronto: a turma agora vai poder desfrutar dos serviços da empresa aérea Lot, mais conhecida em Varsóvia como “Lot Of Troubles” (monte de problemas).
Êxtase em Miami
Tem brasileiro lavando dinheiro com o famoso O.J. Simpson, suspeita o FBI. Segundo o canal WSVN-TV, de Miami, são nove os envolvidos com vendas de ecstasy e clonagem de cartões de crédito. Carlos Alberto Braga Jr. e José Diogo Theriaga podem pegar 20 anos de cadeia. Desde que Theriaga, o líder da conexão, seja preso no Brasil, onde se esconde.
Bossa Nova
Nizan Guanaes será sócio de outro monstro sagrado da propaganda, Washington Olivetto, numa nova agência, a Bossa Nova. O problema é que já existe uma agência com esse nome, que atende a contas como a da Dryzun Joalheiros. Ou muda de nome ou o artista que contratou (Caetano Veloso e o show “Bossa Nova”) para a festa de lançamento.
Coitada da educação
Audiência pública discute Assembléia do Rio, nesta quinta, às 14h, a situação educacional no estado. A Comissão de Direitos Humanos e Cidadania vai reunir ONGs, associações de moradores, pais e grêmios estudantis, para debater roubo de merenda, abuso de autoridade etc e redigir uma carta aberta a FhC: “Coitado de quem se acha um coitado”.
PODER SEM PUDOR
Ele nunca mudou
Do deputado Djalma Marinho, sábio potiguar, aproveitando a chance para – com a sutileza que o caracterizava – alfinetar adversários:
– Tenho a história do mineiro: uma só Igreja, uma mulher, um partido. Eu nunca mudei.
Editorial
Ensino em baixa
Estudantes brasileiros entre 15 e 16 anos lêem pouco, têm dificuldades em interpretar textos e não conseguem assimilar direito os textos que lêem. Este é, em suma, o diagnóstico da participação brasileira em concurso internacional, elaborado pelo Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), que procurou saber como andam os estudantes adolescentes, em várias partes do mundo, em suas relações com os livros. O Brasil ficou em último lugar, atrás de México, Rússia, Alemanha e Estados Unidos, entre outros. A Finlândia tirou o primeiro lugar.
O teste não surpreendeu as autoridades. A secretária de Ensino Superior do MEC, Maria Helena Guimarães, foi sincera: esperava resultado pior. O ministro Paulo Renato reconheceu que o Brasil precisa mudar a cultura das escolas e afirmou ser o problema "histórico".
O teste foi entre estudantes na faixa entre 15 e 16 anos. O resultado pode não ser tão dramático, mas aponta para um problema muito mais grave. Caso esse mesmo teste fosse feito entre alunos recém-chegados à universidade e às centenas de faculdades privadas inauguradas recentemente no País, talvez levássemos um susto bem maior.
A leitura, interpretação e assimilação de textos é fundamental para a formação de qualquer pessoa. O ensino brasileiro, porém, não leva isso em conta. Nossos estudantes são instruídos a passar no vestibular e ponto final. Os poucos que escapam desse destino, possuem meios para pagar boas escolas e bons professores. Os demais estão condenados a um ensino burocrático, onde as áreas de excelência são cada vez mais raras.
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12/06/2001
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