CPI QUEBRA SIGILO DE RICARDO TEIXEIRA FEDERAÇÕES, CLUBES E DIRIGENTES



A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Futebol Brasileiro aprovou nesta quarta-feira (13), por sete votos a seis, os sigilos bancário e fiscal do presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira, no período de 1995 a 2000. Sobre Teixeira pesam indícios de ter cometido ato ilícito, conforme o autor do requerimento de quebra dos sigilos e relator da CPI, senador Geraldo Althoff (PFL-SC). Com o plenário dividido em relação ao requerimento, Althoff pediu "um voto de confiança" aos membros da comissão, já que estrategicamente preferia não informar o teor dos indícios. O presidente da CPI, Álvaro Dias (PSDB-PR), desempatou a votação.

Foram aprovados outros 41 requerimentos de quebra dos sigilos bancário e fiscal de outros dirigentes e ex-dirigentes da CBF; dos clubes Vasco da Gama, Botafogo, Flamengo, Fluminense, São Paulo, Palmeiras, Corinthians, Santos, Guarani, Atlético Mineiro, Cruzeiro, Internacional, Grêmio, Atlético Paranaense, Coritiba e Vitória; de dirigentes e ex-dirigentes destes clubes; e dos presidentes das federações estaduais de futebol do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Distrito Federal.

Entre os dirigentes de clubes a ter movimentação bancária e telefônica investigada está o presidente do Vasco e deputado federal Eurico Miranda (PPB-RJ), membro da CPI da Câmara que investiga o contrato entre a CBF e a empresa de materiais esportivos Nike. Estão também no rol dos investigados o ex-presidente do Botafogo e dono do Ibope Carlos Augusto Montenegro, o presidente do Palmeiras, Mustafá Contursi Goffar Majzoub, o deputado federal Zezé Perrela (PFL-MG), presidente do Cruzeiro, e o presidente do Corinthians, Alberto Dualib.

- A aprovação dos 42 requerimentos foi o fato mais importante desta sessão da CPI, porque sem a quebra de sigilo a CPI fica entre a palavra de um depoente e outro e perde substância - disse ao final da reunião o presidente da comissão, senador Álvaro Dias (PSDB-PR).

O requerimento de quebra dos sigilos bancário e fiscal de Ricardo Teixeira teve a oposição dos senadores Bernardo Cabral (PFL-AM) e Renan Calheiros (PMD-AL). Eles argumentaram que o procedimento mais adequado seria aprovar a quebra do sigilo depois de o dirigente ter sido ouvido, de forma a basear o requerimento num fato justificável. O argumento foi rejeitado. Além disso, tanto Cabral quanto Calheiros alertaram para a possibilidade de que o requerimento seja derrubado no Supremo Tribunal Federal (STF) sob o argumento de tentativa de coação da CPI sobre Teixeira. Mas o próprio presidente da CBF ofereceu suas informações bancárias, comprometendo-se inclusive a enviar à comissão dados de sua conta no Delta Bank dos Estados Unidos.

- O caráter investigativo da CPI ficará prejudicado se não pudermos quebrar o sigilo - disse Althof antes que a votação começasse. Ele acrescentou que o grande número de requerimentos municiaria os assessores da comissão durante o recesso parlamentar.

13/12/2000

Agência Senado


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