Crise institucional no Amapá não é fato novo, diz Capiberibe
O senador João Capiberibe (PSB-AM) afirmou não ter ficado surpreso com a determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), esta semana, de afastar por tempo indeterminado cinco dos sete conselheiros do Tribunal de Contas do Estado do Amapá, acusados de desviar R$ 100 milhões. Em pronunciamento nesta quinta-feira (26), Capiberipe afirmou que a “grave crise institucional” que atinge o Amapá não é um fato novo: ocorre há pelo menos doze anos.
Para comprovar a antiguidade dos problemas no estado, o senador leu em Plenário editorial publicado pelo jornal o Estado de S. Paulo em 25 de dezembro de 2000, revelando o embate existente à época entre Capiberibe, governador do Amapá no período, e os demais poderes do estado. De acordo com o texto, enquanto o governo tentava equilibrar e moralizar as contas públicas, a oposição resistia e contra-atacava com processos e denúncias contra ele.
- A cada tentativa do governador de equilibrar as finanças estaduais e de moralizar os hábitos políticos locais, a oposição respondeu com um processo na Justiça. Em menos de seis anos, acumularam-se contra Capiberibe 479 processos – relatava o editorial, lido pelo senador.
Capiberibe contou que, naqueles anos, chegou a responder pela acusação de ter sacado, na caixa de um banco, o valor de R$ 365 milhões. O senador explicou que o inquérito criminal foi instaurado sem sequer considerar o volume de cédulas correspondente a este valor em reais: uma quantidade de notas que exigiria uma jamanta de 30 toneladas para transportá-las. Apesar disso, o processo ainda tramitou por seis anos até ser arquivado por um juiz federal.
Ainda segundo o texto, o conflito entre o governador e os poderes Legislativo e Judiciário tornou-se crítico quando Capiberibe convidou a CPI do Narcotráfico para investigar o crime organizado no estado. O relatório da CPI apresentado naquele ano sugeriu o indiciamento da ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado, Margarete Salomão, do ex-presidente da Assembleia Legislativa, o Fran Junior, e dos então deputados Jorge Salomão e Paulo José, por suspeita de envolvimento com o narcotráfico e com a lavagem de dinheiro. Doze anos depois, destacou Capiberibe, Margarete Salomão está entre os cinco conselheiros afastadas do TCE pelo STJ por desvio de dinheiro público.
Em outro trecho, o jornal afirma que “as práticas imorais estão profundamente entranhadas na vida política e institucional do Amapá”. E em contradição às insistentes tentativas políticas de se afastar o então governador do estado, não havia, por outro lado, nenhuma ação para punir deputados estaduais acusados de “dilapidar” o Tesouro do Amapá e de envolvimento com o crime organizado.
- Eu fiz questão de ler este editorial para mostrar a diferença entre dois momentos na história do nosso país. Àquela época havia uma convivência pacífica com a corrupção, com o desvio de recursos públicos. Hoje, dadas as inúmeras denúncias e a atuação decisiva da Polícia Federal e do Ministério Público para coibir a corrupção, há uma aparência que a corrupção é maior do que ontem, mas não é. Hoje ela está mais exposta e submetida a uma vigilância maior, tanto da sociedade quanto das instituições públicas. Hoje, com a CPI, podemos fazer deste momento um momento histórico para o país – afirmou.
O Amapá é atualmente governado por Camilo Capiberibe, filho do senador.
26/04/2012
Agência Senado
Artigos Relacionados
Capiberibe denuncia crise na saúde pública do Amapá
CAPIBERIBE PEDE A ACM COMISSÃO DO CONGRESSO PARA MEDIAR CRISE NO AMAPÁ
Capiberibe cobra transparência nos gastos do TCE do Amapá
João Capiberibe comemora indicadores do Amapá
Capiberibe quer auditagem nos repasses do SUS ao Amapá
Capiberibe reivindica socorro às cooperativas do Amapá