Cristovam defende uso de embriões humanos em pesquisas científicas



O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) defendeu, em discurso nesta quarta-feira (6) a utilização de embriões humanos congelados há pelo menos três anos em pesquisas científicas com células-tronco na busca da cura para males considerados incuráveis atualmente.

Cristovam frisou que o Brasil é um país laico, uma república não teocrática em que a religião não se confunde com o estado. Ele acrescentou que é preciso não confundir "pecado"com "crime", explicando que o pecado é definido pelos líderes religiosos e o crime pelo Legislativo e o Judiciário.

- Não podemos deixar que uma das religiões professadas no Brasil domine o conjunto da sociedade brasileira. As Testemunhas de Jeová, por exemplo, morrem mas não permitem serem salvas através do transplante de órgãos ou transfusão de sangue. No entanto, não tentam impor isso ao resto dos brasileiros - comparou.

Cristovam disse que, analisando a questão sob os pontos de vista político, moral, religioso, social, humanista, patriótico e jurídico não conseguiu encontrar justificativa para a proibição do uso de embriões congelados, que serão descartados, em pesquisas sobre as células-tronco. Ele afirmou que o Brasil não pode ficar atrás nessas pesquisas que dão direito à vida para as pessoas que já nasceram e que não conseguem sobreviver com o que a ciência já oferece.

O senador salientou que, mesmo proibindo as pesquisas no Brasil, os mais ricos ainda poderão viajar e se beneficiar das pesquisas feitas em outros países, enquanto que a maioria da população ficará sem o benefício.

- Como vamos tolerar, socialmente, que alguém se beneficie dessas pesquisas porque têm dinheiro e outros não se beneficiem porque não têm dinheiro, quando poderíamos fazer as pesquisas aqui e facilitar o atendimento não apenas daqueles que podem pagar uma viagem, mas dos que podem tomar um carro ou um ônibus e ir ao hospital mais próximo? Se não fizermos essas pesquisas, dentro em breve será preciso ir aos Estados Unidos e à Europa; depois, à Argentina e ao Paraguai, porque esses países também vão desenvolver a pesquisa - alertou.

Os senadores Mão Santa (PMDB-PI) e Eduardo Suplicy (PT-SP) apoiaram o pronunciamento de Cristovam.



05/03/2008

Agência Senado


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