Cristovam vê maturidade em política externa brasileira



As recentes visitas oficiais dos presidentes do estado de Israel, da Autoridade Palestina e do Irã são prova da maturidade atingida pelo Brasil, afirmou o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) nesta terça-feira (24). Apesar de manifestar independência política em relação ao Executivo, o senador disse que o papel de um governo é se relacionar com os outros dirigentes nacionais "com linhas diferentes e dos quais pode até discordar".

- Não somos mais um país como éramos antes. Estamos presentes, sendo capazes e obrigados a receber dirigentes de países que podemos até ter sérias críticas a fazer. Claro que ninguém pode deixar de criticar o fato do presidente do Irã [Mahmoud Amahdinejad] ter dito, em algum momento - e eu nunca vi aonde - que o Holocausto não teria acontecido contra o povo judeu - disse Cristovam.

O senador disse que essa declaração de Ahmadinejad merece protesto, como também merece crítica o uso de uma "força descomunal pelo governo de Israel contra a população da Palestina em vez de procurar concentrar seu esforço especificamente naqueles que causavam os atos terroristas".

Para Cristovam, há uma falta de percepção naqueles que criticam e negam ao Brasil o papel de receber esses dirigentes, de manter as boas relações comerciais e de inclusive tentar um esforço para alcançar a paz entre esses povos. Ele disse que esses papéis vão além do governo e têm a ver com o Estado e a nação brasileira.

O senador também disse que o presidente Lula, em seus discursos oficiais, não cometeu um erro sequer, mantendo-se dentro da posição clara de representar a nação.

A senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) disse, em aparte, que o preocupante não é o presidente Lula receber seu colega iraniano, mas avalizar o programa nuclear iraniano, que amedronta todo o Oriente Médio. Ela lamentou a falta de liberdade das mulheres iranianas e condenou a perseguição do governo islâmico aos seguidores da religião Bahá'i.

- A tradição do Brasil é exatamente o contrário. É falar de paz e agir na paz - assinalou.

O senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC) disse que também considera correto o presidente brasileiro receber qualquer dirigente de outro país, mas fica desconfiado quando isso é feito de qualquer forma, como justificativa para conseguir um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.

- A imprensa noticia que cidadãos iranianos que se revoltaram contra o resultado das últimas eleições, estão sendo condenados à prisão perpétua. O presidente Lula perdeu uma grande oportunidade de dizer diplomaticamente ao presidente iraniano que nós observamos com muita preocupação essa condenações - protestou.



24/11/2009

Agência Senado


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