Política externa brasileira recebe apoio na CRE
As quase três horas de debate com senadores a respeito do polêmico programa nuclear do Irã, na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), foram consideradas um "caso raro de convergência" pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. A iniciativa de paz dos governos do Brasil e da Turquia, de fato, receberam o apoio da maioria dos parlamentares presentes.
As principais preocupações da oposição foram manifestadas logo no início do debate com o ministro. Após considerar o acordo como "um avanço", o senador João Tenório (PSDB-AL) quis saber que garantias existem de que o Irã cumprirá o que foi acertado com Brasil e Turquia. Além disso, ele perguntou ao ministro se o Brasil não teria "questões mais prioritárias" em sua agenda internacional.
Segundo o ministro, não existe hipótese de o Irã vir a produzir bombas nucleares com a quantidade de urânio de que dispõe. A respeito das prioridades, ele observou que, se não fosse para opinar sobre a paz e a segurança internacionais, o Brasil não deveria ter buscado a eleição para membro do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
A partir de então, diversos senadores manifestaram seu apoio a Amorim. O senador Roberto Cavalcanti (PRB-PB) criticou o que chamou de "discriminação" entre os países, na Organização das Nações Unidas. Apenas alguns países têm assento permanente no Conselho de Segurança e dispõem de armas nucleares, observou. "É como se, no nosso Plenário, tivéssemos senadores armados e desarmados", comparou.
O senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC) lamentou que os brasileiros ainda tenham "complexo de colonizado", que os levaria a questionar os motivos pelos quais o Brasil deveria ter voz mais ativa na política internacional. Ele criticou os detentores de arsenais atômicos por promoverem "exigências tão exacerbadas" ao Irã.
Israel
O ataque da Força de Defesa de Israel a barcos que pretendiam levar ajuda humanitária à população da Faixa de Gaza, na segunda-feira (31), foi criticado pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que disse ter sido convidado para integrar a expedição, chamada Free Gaza Movement. O senador voltou a sugerir a utilização do futebol como um instrumento de paz entre palestinos e israelenses.
Ao comentar as reações negativas de alguns países ocidentais ao acordo com o Irã, patrocinado por Brasil e Turquia, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse que a esses países não interessaria o "precedente" de países emergentes alcançarem maior protagonismo nas relações internacionais.
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) concordou com ele e elegeu as palavras "presença" e "protagonismo" como as que melhor definiriam a atual política externa brasileira. Em sua opinião, a reação de alguns países ao acordo estaria ligada ao temor de que os países emergentes venham a alterar o atual sistema de tomada de decisões internacionais.
- Depois disso virão discussões sobre patentes, água e outros temas - previu.01/06/2010
Agência Senado
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