Decisões judiciais sobre ocupações de terras geram debate em plenário



O deputado Érico Ribeiro (PPB) considerou as recentes invasões de terras pelo MST “flagrantes desafios ao estado de direito” e disse que tais “ações criminosas, que exibem sua face arrogante e impune, têm respaldo do governo e de segmentos da justiça”. Classificando esse quadro como “uma bofetada na face de cada produtor rural e dos homens de bem deste Estado”, ele condenou “a decisão judicial, confirmada em segundo grau, no sentido de que, processos de reintegração de posse requerem comprovação de produtividade da área invadida”. Disse que tal decisão equivale a “colocar a carreta na frente dos bois. O criminoso é entendido como titular de direito sobre determinado bem de uma determinada pessoa, e o proprietário, a vítima da invasão, é compelida a comprovar o que produz e o quanto produz para um dia reaver o que é seu”.
O deputado Onyx Lorenzoni (PFL) afirmou que a decisão do juiz Luís Cristiano Aires “demonstra que o direito à propriedade, antes consagrado constitucionalmente, permite a interpretação, por parte de qualquer cidadão leigo, de que as leis estão aí não para ser respeitadas ou cumpridas, mas, sim, para ser violadas”. Considerou surpreendente, ainda, a decisão do juiz, argumentando que “a manutenção do MST nas propriedades invadidas implica reconhecer direitos a uma entidade que não existe legalmente, pois não possui personalidade jurídica – e isso não é de estranhar, pois nunca vi quadrilha registrada em cartório”.
O deputado Mario Bernd (PPS) classificou como “vandalismo barato” o que viu, junto com outros parlamentares que visitaram, em comissão, as áreas invadidas. Disse que o governo do estado “acumpliciado, estimula através da Secretaria da Agricultura, da Secretaria da Reforma Agrária, que de reforma agrária não tem nada” todo esse movimento, daí a “associação com o terrorismo”. Disse que é preciso dar um basta e entregar à justiça todas as pendências da área rural. “Mas é preciso também coibir e ir à última instância da Justiça, para que este governo não fomente mais o terrorismo no campo”.
O deputado Dionilso Marcon (PT) considerou justa a decisão da Justiça de Passo Fundo e da 19ª Vara Cível ao questionar a função social da terra. Disse que o inconformismo dos deputados da oposição se deve ao fato de que a decisão é contrária aos interesses do latifúndio. “O problema é que quando a lei é a favor dos trabalhadores, alguns se incomodam, mas quando é contra os trabalhadores, então a lei é aceita”. Ele contestou a acusação de prática de violência pelo MST. Assinalou que a marcha realizada no Estado e no País visou “mostrar à sociedade que quem está fora da lei não é o Movimento Sem Terra, que faz pressão para que seja feita a reforma agrária. Disse que quem estavam armados nas cinco propriedades ocupadas no Rio Grande do Sul eram os jagunços e as milícias dos fazendeiros.
A deputada Jussara Cony (PC do B) considerou um crime a tentativa de “igualar o terrorismo, que o seu partido condena, com os movimentos sociais”. Além dos pronunciamentos dos deputados da oposição, ela se referiu aos comentários feitos pelo jornalista Rogério Mendelski, que teria classificado as crianças do MST que realizaram recentemente na Capital o Encontro Estadual dos Sem Terrinha, de “talibãzinhos crioulos”. Disse que ele “comete o mesmo crime de tentar ligar a luta social com o terrorismo internacional, que não se combate com guerra imperialista, nem matando pessoas inocentes, mas sim com a soberania das nações na autodeterminação dos seus destinos”.


10/24/2001


Artigos Relacionados


Ocupações de terras pelo MST voltam ao debate no plenário

Projetos do Governo geram debate em plenário

Demissões na Receita Federal geram debate em Plenário

CCJ aprova requerimento para debate em Plenário sobre áreas de proteção e terras indígenas

Valter Pereira pede regulamentação de decisões do STF sobre demarcação de terras indígenas

Meta da PEC dos Recursos é cumprimento imediato de decisões judiciais