DESIGUALDADE ALIMENTA VIOLÊNCIA, DIZ MARIA DO CARMO



Uma "verdadeira catástrofe". No entender da senadora Maria do Carmo Alves (PFL-SE) esta é a definição para o quadro de violência que marca a sociedade brasileira e que, nos últimos 10 anos, segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, matou 350 mil pessoas, com uma média anual de 35 mil vítimas. Em pronunciamento no Senado, a parlamentar apontou as desigualdades sociais como responsáveis por essa "tragédia".
A senadora ressalvou que é importante o desarmamento da população, mas observou que "a agressão humana não está na arma em si, mas na cabeça e no espírito do homem". Maria do Carmo disse que o país é campeão mundial de impunidade, concentração de renda, desigualdades sociais e regionais. No seu entender, essas desigualdades estão na raiz da escalada da violência. Baseada em pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, a senadora acrescentou que a pobreza em si não é o principal estímulo da violência.
- O Nordeste tem 30 por cento da população e metade dos pobres do país, e as populações mais pobres da região são as menos violentas - disse.
Maria do Carmo manifestou preocupação com o projeto que proíbe a venda e o porte de armas.
- Como resolver o problema do desarmamento da população sem correr o risco de deixar o cidadão comum, o cidadão honesto, trabalhador, sem possibilidade de defender sua família, quando se sabe que o bandido sempre encontrará um jeito de conseguir sua arma? - questionou.
Na sua avaliação, é preciso diminuir as desigualdades sociais e desenvolver programas com grande potencial de geração de empregos, bem como proporcionar melhores equipamentos e condições de trabalho à polícia. Ao concluir seu pronunciamento, a senadora disse que a sociedade brasileira precisa trocar, urgentemente, a "onda de violência por uma nova onda, a onda da solidariedade e da fraternidade".

21/01/2000

Agência Senado


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