DESTINAÇÃO DOS RECURSOS DAS PRIVATIZAÇÕES PROVOCA DEBATES NA CAE
A aplicação dos recursos provenientes das privatizações efetuadas pelo governo federal causou polêmica na reunião de hoje (dia 12) da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), durante discussão do projeto do senador José Eduardo Dutra (PT-SE) que determina que 50% dos recursos arrecadados sejam destinados a educação, saúde e reforma agrária.
O relator da proposta, senador Esperidião Amim (PPB-SC), posicionou-se contrário ao projeto de Dutra. "Não será assim que se adequará a administração dessas três áreas", disse o senador. Para ele, antes disso, deve-se buscar uma solução para a dívida interna brasileira.
- Vivemos hoje o drama de termos uma moeda estável convivendo com a maior taxa de juros praticada no mundo, determinada pelo desgoverno da dívida interna - observou Amin, lembrando que existe proposta determinando a aplicação de metade de tudo que se arrecadar com privatizações na amortização da dívida mobiliária federal.
Para o senador Lauro Campos (PT-DF), o dinheiro obtido com a venda de empresas estatais está irremediavelmente perdido. "As empresas nacionais estão sendo doadas, como previu o ex-presidente João Batista Figueiredo", denunciou. "Cada vez se discute menos se o valor que se paga pelas empresas é justo e cada vez mais onde se aplicam os recursos", concordou Amin.
Lauro acredita que o Brasil é refém do atual estágio do capitalismo financeiro internacional que já teria tomado US$ 50 bilhões do país no ataque especulativo de outubro do ano passado. Ele criticou também a participação do ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, no processo de privatização das estatais.
Segundo Lauro, Mendonça de Barros foi responsável pela venda das estatais por preços inferiores ao seu valor real. "Agora, o novo ministro diz que Sérgio Motta era um exagerado, para baratear a Telebrás e vender por preços menores as concessões da telefonia celular", afirmou o senador do DF.
- As empresas são usadas para pagar juros que, em um ano, passaram de R$ 150 milhões para R$ 306 milhões. Estamos assistindo a um engodo. Sou a favor do projeto de Dutra, pois pelo menos salvamos 50% do incêndio, para que possam ser usados para a vida - disse Lauro.
Após a discussão, a votação do projeto foi adiada, a pedido do senador Jefferson Péres (PSDB-AM), já que o autor da proposta não estava presente à CAE na reunião de hoje.
12/05/1998
Agência Senado
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