Diógenes acaba com o Clube da Cidadania







Diógenes acaba com o Clube da Cidadania
PORTO ALEGRE. O Clube de Seguros da Cidadania será extinto, segundo decisão de sua diretoria, formada por filiados do PT. A decisão foi tomada ontem, quando a executiva regional do PT resolveu devolver ao clube o prédio onde funciona a sede estadual do partido cedida em regime de comodato.

A reunião da executiva durou cinco horas e teve a participação dos 21 integrantes da executiva estadual. O presidente do regional do PT, David Stival, explicou que as denúncias levantadas pela CPI da Segurança Pública contra o Clube da Cidadania influenciaram na decisão de deixar o local.

O fim do Clube da Cidadania foi decidido por Diógenes de Oliveira, Dirceu Verçosa e outros dirigentes da entidade que, embora não tenham feito comunicado oficial, só esperavam a reunião da executiva para darem como encerradas as atividades do clube, criado para trabalhar na área de seguros, mas que teve intensa ligação com as atividades do PT.

O PT abandona o prédio do clube em 90 dias e nesse período fará uma campanha entre filiados e simpatizantes para a compra de uma nova sede. As relações do partido com o Clube da Cidadania sofrerão sindicância interna do PT.

A deputada estadual Maria do Rosário, líder de uma das correntes do partido gaúcho, disse que será investigada a forma como se deram as negociações para a compra do prédio e como ele foi cedido de graça ao PT. A CPI achou indícios de que o prédio foi adquirido com dinheiro de doações de banqueiros do jogo do bicho.


Governo recua e paga
Depois de ser derrotado no Supremo Tribunal Federal, o governo anunciou ontem que vai liberar o salário de outubro dos professores universitários, em greve há quase cem dias. Horas antes, porém, o presidente Fernando Henrique fez uma provocação aos docentes durante cerimônia no Itamaraty. Professor aposentado, o presidente disse que o cientista que não consegue fazer uma grande descoberta e se tornar famoso tem como única saída ser professor. Para ele, os professores apenas “repetem em suas aulas o que outras pessoas fazem”.

O presidente fez as observações quando falava de sua própria experiência como professor do Instituto de Estudos Avançados (Institut for Advanced Study) da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. Ele lembrou a angústia de pesquisadores bolsistas em busca de uma grande idéia que os tornassem conhecidos.

— Você fica lá (em Princeton) e tem que produzir ao fim de um ou dois anos algum trabalho. Mas se a pessoa não consegue produzir, coitada, vai ser professor. É aquela angústia: se ele vai ter um nome na praça ou se ele vai dar aula a vida inteira, repetindo o que os outros fazem — disse Fernando Henrique.

A frase foi pronunciada em discurso na cerimônia de entrega do Prêmio Finep 2001 de Inovação Tecnológica. No mesmo discurso, o presidente mandou um recado aos professores grevistas, aos sindicalistas e aos políticos que são contra a aprovação do projeto de flexibilização da CLT. Disse que há um Brasil que trabalha e que não é “chorão”. Fernando Henrique deu como exemplo os empresários que investem recursos em pesquisas científicas e tecnológicas.

— Existe um Brasil que não é chorão, que é trabalhador. É preciso que o Brasil conheça mais esses esforços — disse Fernando Henrique.

Medida para evitar desgaste maior

A decisão de pagar o salário dos professores foi oficializada em nota divulgada pela Presidência da República no fim da tarde, depois de uma reunião entre o presidente, o ministro da Educação, Paulo Renato Souza, e o advogado-geral da União, Gilmar Mendes, no Palácio da Alvorada. Segundo assessores, o presidente tomou a decisão para evitar mais desgaste para o governo. Apesar da avaliação de Mendes de que ainda era possível brigar na Justiça contra o pagamento, o presidente decidiu o contrário.

Paulo Renato teria dito a ele que as negociações avançam e que muitos professores já mostram intenção de voltar ao trabalho. A expectativa do governo é que a greve acabe antes de o pagamento do salário de novembro se tornar um novo problema.

Na nota, Fernando Henrique deixa claro que espera agora o fim da greve e afirma que a proposta do Orçamento da União para 2002 enviada ao Congresso pelo governo atende às reivindicações da categoria. A nota diz: “Não há mais motivos para a greve, e o presidente está confiante na responsabilidade dos professores, que os fará voltar às aulas e assim atender aos anseios dos alunos e das famílias”.

A nota divulgada pelo Planalto diz que o presidente, “ouvindo argumentos, decidiu mandar pagar os salários”. Mas a nota, em nenhum momento, faz referência à decisão do Supremo Tribunal Federal, que na verdade frustrou o governo e o levou a mudar de estratégia.

Antes da liberação do salário, o Sindicato Nacional dos Docentes em Ensino Superior (Andes) entrou no Superior Tribunal de Justiça (STJ) com ação contra a União para proibir o governo de recorrer outras vezes à Justiça para não pagar o salário dos grevistas. Solicitou, ainda, aplicação de multas com juros de mora com base nas taxas do mercado financeiros pelos dias de atraso no pagamento.

A Advocacia-Geral da União protocolou no Supremo pedido de desistência do habeas-corpus ajuizado na segunda-feira para evitar a prisão de Paulo Renato por descumprimento judicial. Ainda ontem, o ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira, solicitou uma audiência ao ministro Marco Aurélio para discutir sobre a crise instaurada entre Executivo e Judiciário, devido às perdas judiciais do governo referentes à greve dos professores.

Em seu discurso no Itamaraty, Fernando Henrique disse que esteve em Princeton sem ser jovem ou brilhante, mas apenas professor. Ele deu aulas como professor-visitante, entre 1975 e 1976. O Institut for Advanced Study é integrado basicamente por físicos e matemáticos. O presidente disse que, geralmente, as entidades de pesquisa preferem os mais jovens porque esses não têm medo de criar. Ele afirmou que essa regra, que aprendeu em Princeton, o atormentou a vida toda.

— É um lugar em que vão pessoas selecionados, os jovens PhDs, os mais brilhantes. Eu não era. Já era professor, não sou brilhante nem jovem. Mas estava lá. E me ensinaram uma coisa que me deixou muito atormentado a vida toda: eles pegam os mais jovens. Isso porque, depois, você sabe muito e não cria. Fica com medo de criar — disse ele.


Se salário não sair hoje INSS pode parar de novo
BRASÍLIA. Um outro problema terá de ser resolvido rapidamente pelo governo para evitar que os servidores do INSS voltem à greve: o salário de outubro ainda não foi depositado, apesar de as agências estarem funcionando normalmente desde segunda-feira.

— Se os salários não forem depositados nesta terça-feira de manhã o pessoal vai cruzar os braços — disse Wladimir Nepomuceno, secretário-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Seguridade Social (CNTSS).

Se receberem o salário, os servidores querem acertar ainda hoje um novo acordo com o Ministério da Previdência. A intenção é que sejam revistas as alterações feitas pelo governo no texto assinado há uma semana. As mudanças, que reduziram o valor da gratificação de desempenho a ser criada e deixaram de fora do acordo 5.600 servidores auxiliares, fizeram com que os funcionários ameaçassem retomar a greve.

O pagamento está suspenso desde o início do mês. A decisão do Ministério da Previdência era de que os servidores só receberiam quando voltassem ao trabalho. O governo teve uma semana para providenciar o pagamento, já que os grevistas tinham se comprometido a voltar ao trabalho na terça-feira da semana passada, quando o acordo foi assinado.

Para sindicalistas, s


Artigos Relacionados


Diógenes nega que Clube da Cidadania recebeu dinheiro da contravenção

Verçosa diz que responsabilidade de doações ao Clube é de Diógenes

Receita Federal investiga o clube de Diógenes

PT deixará Clube da Cidadania

CPI ouve doadores do Clube da Cidadania

Empresários desmentem Clube da Cidadania