Receita Federal investiga o clube de Diógenes





Receita Federal investiga o clube de Diógenes
”Uma coisa é o clube e suas trapalhadas, a outra é o Partido dos Trabalhadores”, explica o líder do governo, Ivar Pavan

O Clube da Cidadania está isento do pagamento de impostos, mas o eventual envolvimento com campanhas políticas confere à Receita a prerrogativa de autuá-lo.

A Receita Federal decidiu auditar a escrituração do Clube de Seguros da Cidadania, segundo informações divulgadas na Folha da São Paulo. O Clube era presidido por Diógenes de Oliveira, que foi acusado na CPI da Segurança Pública de ter camuflado nos livros do Clube, doações financeiras à campanha eleitoral do PT gaúcho. As contribuições, segundo o relatório da CPI, incluiam banqueiros do bicho.

No papel, o Clube da Cidadania está isento do pagamento de impostos. Porém, o eventual envolvimento da entidade com campanhas políticas ou qualquer outra atividade estranha aos seus estatutos confere à Receita a prerrogativa de autuá-lo.


Koutzii denuncia uma grande armação de FHC
O chefe da Casa Civil disse que os ataques contra Brizola também fazem parte da tentativa para desgastar a oposição

O chefe da Casa Civil do Governo do Estado, Flávio Koutzii, disse ontem que "chama a atenção o empenho da Receita Federal em auditar as contas do Clube de Seguros da Cidadania".

"Nada é por acaso. Na antevéspera de 2002, tentam aproveitar essa situação para desgastar o PT", explica Koutzii, referindo-se às denúncias da CPI da Segurança Pública que viraram assunto de dimensão nacional. A divulgação "interessa às forças conservadoras nacionais, como o Governo Federal".

O chefe da Casa Civil declarou que "depois de tantos descaminhos do governo Fernando Henrique, parece que o caminho encontrado pelos governistas é atacar os partidos de oposição". E advertiu: "pode ser mais uma grande armação política dos neo-liberais".

Flávio Koutzii citou como exemplo as denúncias da Revista Veja sobre um suposto enriquecimento ilícito de Leonel Brizola, presidente nacional do PDT O petista afirma que os ataques contra Brizola fazem parte da "armação para tentar desgastar todos os concorrentes e opositores do atual Governo Federal, na eleição do ano que vem".


Câmara poderá decidir que lobista mostre a cara
A atividade está vetada no Executivo, por ordem do ministro Pedro Parente, até que seja regulamentada pelo Legislativo

Com o apoio dos líderes de todos os partidos, a Câmara vota nesta semana requerimento de urgência para o projeto que regulamenta o lobby. A atividade está completamente vetada no Poder Executivo, por ordem do ministro-chefe do Gabinete Civil, Pedro Parente, até que passe a ter normas claras de funcionamento. Na prática, porém, é largamente exercida em Brasília. Desde 1973 é permitida no Congresso.

A pressa da Câmara tem uma razão: evitar que se repitam episódios como o que envolveu o lobista Alexandre Paes dos Santos, o APS, suspeito de participar de um esquema de extorsão no Ministério da Saúde. APS tem uma agenda complexa, que cita ministros e assessores. Entre eles, Pedro Parente, que teria intermediado audiências no Executivo.

Se o lobby estivesse regulamentado, dizem os líderes partidários, esse desgaste poderia ser evitado.
Em todo o dia de votação importante no Congresso, é possível encontrar centenas de lobistas pelos corredores, pelos vários cafezinhos e até mesmo dentro dos plenários das duas Casas. A argumentação a favor ou contra o projeto que vai ser votado é a arma principal destes que se expõem.


Itamar joga a militância contra os governistas
Governador mineiro se reúne hoje com Michel Temer, Pedro Simon e o presidente do Senado, Ramez Tebet

Executiva Nacional do PMDB poderá restringir o número de votos nas prévias presidenciais. Itamar sabe que suas chances diminuem com um colégio eleitoral menor.

O presidente do Senado, Ramez Tebet (PMDB), reúne, às 15h de hoje, na residência oficial do Senado, os dois candidatos às prévias de seu partido - o senador Pedro Simon (RS) e o governador Itamar Franco (MG)-, o presidente da sigla, Michel Temer, e os líderes na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), e no Senado, Renan Calheiros (AL).

No encontro, o grupo de Itamar vai usar uma resolução e uma proposta do próprio PMDB governista, aliado de FHC, para tentar garantir a ampla participação dos filiados na prévia de 20 de janeiro, que indicará o candidato do partido ao Planalto.

A intenção é jogar os governistas, que controlam a Executiva Nacional, contra as bases do partido, caso eles não cumpram o que já deliberaram e insistam em restringir o número de participantes, reduzindo-os dos cerca de 180 mil para 3 mil.

A prévia restrita é uma clara ação contra Itamar, pois quanto menor o número 'de participantes, maiores são as chances de Itamar perder. Além disso, Temer pode também disputar a prévia. Sendo ampla, a vitória do governador é dada como certa pelo PMDB atrelado a FHC.


Rigotto diz que não há golpe.
O deputado federal Darcísio Perondi (PMDB) criticou ontem o governador mineiro Itamar Franco e disse: "Ele deveria sair do PMDB. Itamar é alguém que usa o partido como passagem e pensa em se aliar com Quércia e Lula".

Perondi declarou que "o partido de Itamar é ele mesmo e não pára de falar impropérios". O deputado irenizou a denúncia de tentativa de golpe da Executiva nacional do partido feita pelo governador de Minas Gerais: 'A direção tem o direito de fazer as regras".

O presidente municipal do PMDB e deputado federal, Mendes Ribeiro Filho, também não aceita a reclamação do governador mineiro e questiona: "Ele está reclamando do quê, se nem existe colégio eleitoral definido?.. Quem ganha com mil, ganha com 100 e ganha com 10".

Para o deputado Germano Rigotto (PMDB), Itamar foi precipitado em falar que há golpe. O importante, segundo Rigotto, é o PMDB fazer a prévia e escolher o seu candidato ao Planalto. "Seria golpe se não fizessem as prévias. Eu vou trabalhar para eleger o senador Pedro Simon, que é o meu candidato", disse.


Tebet quer promover a unidade do PMDB.
O presidente do Senado, Ramez Tebet (PMDB), garantiu que não pretende lançar a candidatura do deputado Michel Temer (SP) às prévias que definirão o candidato do partido à Presidência da República. Tebet assegurou que na reunião de hoje do partido, na residência oficial do Senado, buscará apenas a "unidade partidária".

O senador, que promove o encontro entre os principais líderes peemedebistas, acredita que Temer poderá se candidatar "assim como qualquer cidadão filiado ao partido poderá lançar seu nome à Presidência da República pelo PMDB".

Ramez Tebet disse que, na reunião, será avaliado o direito de voto dos membros dos diretórios municipais, eleitos no último dia 15 de outubro, nas prévias. Uma ala do partido defende a exclusão dos diretórios municipais, o que reduziria o número de votantes nas prévias de cerca de 70 mil para 6 mil.


Editorial

Desalento e desemprego

Desalento, na linguagem dos economistas, é a desistência em procurar emprego. E é a falta de perspectiva de parte dos que estão sem trabalho que impede que a taxa de desemprego seja maior.
Para o economista Lauro Ramos, do IBGE, a taxa de desemprego medida pelo Instituto em setembro saltaria dos 6,2% apurados para 9,2%, se não fosse o desalento. Ramos diz que o desalento é mais flagrante nos últimos meses, mas o mercado de trabalho perdeu o fôlego no inicio deste ano.

"Em janeiro de 2000 a taxa de participação era de 57,2% da população em idade ativa de 15 anos ou mais procurando trabalho e, em janeiro de 2001 , já estava em 56,7%. Se a taxa de participação tivesse permanecido nos mesmos níveis de setembro de 2000, o país teria mais 700 mil pessoas procurando emprego em setembro de 2001", diz o economista O nível de ocupação não cresce e o rendimento médio real do trabalho também não. Segundo o IBGE, em relação a agosto de 2001, a queda foi de 4,5%, e na ocupação houve a perda de 100 mil postos de trabalho.

A tendência do mercado depende de boas notícias na economia para que os empresários voltem a contratar. "Se isso não acontecer, vamos ter o mesmo cenário de 1997 para 98, quando a taxa de desemprego subiu dois pontos percentuais de um ano para outro. O desalento mascara as coisas até um determinado ponto. As pessoas terão de voltar a procurar emprego. Não se pode descartar a hipótese de que em 2002 a taxa de desemprego dê um salto mais substantivo, subindo um a dois pontos percentuais", diz o economista do IBGE.


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11/19/2001


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