Disputa eleitoral leva a impasse na CPI



O conflito estabelecido ao final da manhã com o adiamento da reunião da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Sanguessugas agravou-se à tarde com a afirmação da deputada Vanessa Graziotin (PC do B-AM) de que o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), encarregado de trazer para a CPI material relativo às investigações sobre o dossiê, fez seleção tendenciosa do material. Ela entregou aos jornalistas cópia de um ofício assinado em 22 de setembro pelo delegado Diógenes Gomes Curado Filho, responsável pelo inquérito do dossiê, no qual este afirma estar enviando "as cópias dos autos escolhidas por vossa excelência" e um DVD no qual há imagens de José Serra entregando ambulâncias a prefeitos.

Gabeira alegou ter selecionado o que lhe pareceu relevante e que o DVD - apreendido em poder de Paulo Trevisan, primo de Luiz Antonio Vedoin, o empresário que liderou o esquema dos sanguessugas - veio na íntegra. Vanessa Graziotin estranhou que o deputado do PV não tenha requerido a cópia dos autos de apreensão em poder da PF. Já os deputados Carlos Sampaio (PSDB-SP) e Júlio Delgado (PSB-MG) afirmam que Gabeira não podia trazer para a CPI mais do que havia disponível - àquela altura os inquéritos ainda estariam magros, apenas com os primeiros depoimentos dos integrantes do PT envolvidos na negociação de um dossiê com Vedoin, dossiê que incriminaria o governador eleito de São Paulo, José Serra (PSDB).

- O dossiê de duas mil paginas nem existe, segundo o próprio delegado Diógenes - disse Sampaio, que esteve em Cuiabá na segunda-feira (9) juntamente com a deputada Graziotin e mais dois membros da CPI, os deputados Paulo Rubem Santiago (PT-PE) e Júlio Delgado.

O grupo de Sampaio e Gabeira acha que as investigações devem avançar na elucidação do escândalo do dossiê, inclusive na origem do dinheiro que seria usado para pagar pelas informações a serem prestadas por Vedoin. E cobraram de Biscaia compromisso que teria sido assumido de retomar a reunião na parte da tarde.

- Não quero bater boca com essa turma - disse Biscaia já deixando o Senado, onde o encontro da manhã foi realizado. Para ele,os integrantes da "turma" usaram a CPI como forma de elevar a popularidade entre os eleitores. Agora estariam tentando interferir na eleição presidencial.

O presidente da CPI lamentou ter recebido nova ameaça de morte de um homem que ligou para seu gabinete. E para refutar a acusação de que está tentando atrasar as investigações, disse que nova reunião está marcada para a terça-feira, 18.

10/10/2006

Agência Senado


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