DJALMA FALCÃO NARRA VISITA À ÁREA DA SECA
Tendo visitado na semana passada o sertão alagoano, o senador Djalma Falcão (PMDB-AL) narrou no Senado o quadro de fome e miséria que sacrifica a região, dizendo que aquela realidade é um depoimento desabonador sobre quantos detêm responsabilidades públicas no Brasil.
Ele informou que a quebra da safra no semi-árido já supera a casa dos 65%, não havendo pasto para rebanho. Também disse que, em muitos municípios, a população está percorrendo até 80 quilômetros em busca de água para beber. E acrescentou que a falta de chuvas ameaça cerca de 10 milhões de seres humanos.
- Até parece que as elites dirigentes do país reservaram deliberadamente aos nordestinos a condição de palestinos brasileiros - um povo escravizado dentro de sua própria pátria, analisou o parlamentar.
Na opinião de Falcão, o resultado da seca é um autêntico desastre social e as grandes estiagens só cessarão quando se garantir o abastecimento regular de água para as cidades e os campos do Nordeste. "Não há soluções mágicas. A realidade não comporta ações paternalistas e efêmeras", proclamou o parlamentar, apontando a Califórnia e Israel como exemplos de recuperação racional de áreas secas.
Ele pregou como medida imperiosa e necessária a transposição das águas do São Francisco para perenizar rios da região, e a irrigação do semi-árido, com a interligação das bacias do São Francisco e do Parnaíba, e ainda a perfuração de poços artesianos no sertão. Segundo Falcão, se o governo patrocinar essas iniciativas, praticará o gesto redentor dos milhões de brasileiros que habitam as terras nordestinas.
Disse ainda que, dando-se água ao nordestino, este povo se encarregará de complementar, com esforço próprio, a obra do governo. No entender do senador, as lideranças brasileiras de todos os setores têm a obrigação moral de enfrentar de modo definitivo a crise social do Nordeste.
14/05/1998
Agência Senado
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