DUTRA DIZ QUE INTERFERÊNCIA NO LEILÃO DA TELEBRÁS CONTRARIA LEI DE LICITAÇÕES
O senador José Eduardo Dutra (PT-SE) disse ser um "sofisma" argumentar que a interferência do governo no processo de privatização da Telebrás para aumentar o preço a ser obtido é uma atitude correta. Ele fez a afirmação ao rebater a defesa do presidente Fernando Henrique Cardoso pelos senadores da base governista diante da publicação, nesta terça-feira (dia 25), pelo jornal Folha de S. Paulo, da transcrição de telefonemas entre o presidente e autoridades do governo.- Se é bom para o governo angariar mais dinheiro, esta atitude precisa ser condenada, porque ela é expressamente proibida pela legislação que rege as licitações. Não podemos esquecer que leilão nada mais é do que um tipo de licitação, prevista na Lei 8.666 - disse o senador.Dutra contestou a afirmação dos governistas de que os diálogos publicados na Folha não trazem qualquer novidade em relação aos divulgados em novembro passado. "Não é verdade. As fitas de novembro falavam do uso de uma "bomba atômica" que o então-ministro Mendonça de Barros disse se tratar da Previ (Fundo de Pensão dos funcionários do BB). A nova fita deixa claro que o detonador da bomba foi o próprio presidente Fernando Henrique Cardoso."Em aparte, o senador José Roberto Arruda (PSDB-DF) ressaltou que a escuta telefônica "é um ato criminoso". Também em aparte, a senadora Marina Silva (PT-AC) disse que o maior escândalo não é a escuta ilegal, mas a figura do presidente direcionando os leilões das teles. Ao concluir, Dutra afirmou que a criação de uma CPI mista para investigar o assunto não deveria ser uma bandeira da oposição, mas uma reivindicação de todo o Congresso Nacional.
25/05/1999
Agência Senado
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