Dutra diz que senador FHC era favorável a uma CPI da corrupção



O senador José Eduardo Dutra (PT-SE) criticou a afirmação do presidente Fernando Henrique Cardoso de que a oposição quer criar Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) "para solapar a democracia". O parlamentar citou manifestação de apoio feita no plenário do Senado pelo então senador Fernando Henrique Cardoso, defendendo a CPI da corrupção requerida pelo ex-senador Carlos Chiarelli, em 1988.

O requerimento da CPI de 1988 tinha como objetivo "identificar responsabilidades no setor da administração pública em decorrência de qualquer tipo de corrupção". De acordo com Dutra, Fernando Henrique - então líder PMDB - manifestara seu apoio à proposta dizendo que "o objetivo exposto por Chiarelli é claro, auto-explicativo e não requer nenhuma consideração adicional".

De acordo com o representante de Sergipe no Senado, o hoje presidente da República afirmou, na ocasião, ser "indispensável que o poder de fiscalização do Congresso seja exercido em toda a sua plenitude". Fernando Henrique disse ainda que o governo, ao qual seu partido dava sustentação, queria a elucidação cabal dos fatos.

- Ao contrário do que diz hoje o presidente Fernando Henrique Cardoso, CPI não é para solapar a democracia. É, como diria o senador Fernando Henrique Cardoso, "para garantir que o Congresso exerça seu indispensável poder de fiscalização em toda a sua plenitude" - repetiu Dutra.

Para o parlamentar, a assertiva atual do presidente da República é "muito preocupante, principalmente vindo de quem vem". Dutra assinalou que, apesar das divergências, a oposição reconhecia no passado de Fernando Henrique Cardoso suas atitudes em defesa das causas democráticas e das prerrogativas do Congresso Nacional - entre elas, observou, a fiscalização do Poder Executivo.

A qualificação dada pelo presidente da República ao senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), chamando-o de "entulho da ditadura que tem de ser varrido", também foi criticada por José Eduardo Dutra.

- Só seis anos depois é que ele descobre que ACM é um entulho autoritário. Durante seis anos, conviveram de forma fraterna. Nesse tempo, (o presidente) usou esse entulho para livrá-lo de investigações - afirmou o senador eleito pelo PT.

O parlamentar criticou ainda a pantomima (que, segundo o dicionário Aurélio, em sentido figurado significa logro, embuste) em que se transformou a reunião desta quinta-feira (dia 8) da Comissão de Fiscalização e Controle (CFC), na qual foi ouvida a conversa do senador Antonio Carlos Magalhães com os procuradores.

Para Dutra, a reunião tentou "misturar duas coisas absolutamente diferentes: a suspeita de fraude no painel e a suspeita de corrupção no governo". De acordo com o senador, a possível fraude no painel de votação do Senado Federal tem de ser apurada no Conselho de Ética, combinada com a auditoria técnica que investiga se é ou não possível violar o painel. O senador espera que na semana que vem a oposição consiga as assinaturas de sete senadores que faltam para que seja atingido o número necessário à criação da CPI que irá apurar possível corrupção no governo.

09/03/2001

Agência Senado


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