Efraim chama reforma da Previdência de "samba do crioulo doido"



-Estamos diante daquilo que o saudoso Stanislaw Ponte Preta chamava de o samba do crioulo doido.- Assim o senador Efraim Morais (PFL-PB) classificou as negociações do governo em torno da proposta de reforma da Previdência que está tramitando na Câmara dos Deputados. O senador, líder da minoria no Senado, pediu ao relator da reforma na comissão especial da Câmara, deputado José Pimentel, que adie a leitura do seu parecer, prevista para esta quarta-feira (16). - Como pode a sociedade se posicionar diante de tamanha confusão? - perguntou o senador.

Efraim lembrou que até a semana passada o governo tinha uma proposta de reforma da Previdência baseada em alguns fundamentos, como a universalidade do sistema, fim da paridade entre servidores públicos ativos e inativos e aumento da idade-limite de aposentadoria. Mas, salientou o senador, após encontro entre o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente do Supremo Tribunal Federal, Maurício Corrêa, que entregou proposta alternativa, -tudo mudou-.

- Subitamente, personagens influentes do governo, inclusive aqui no Congresso Nacional, passaram a propagar que tudo mudara. Já seria possível ceder em pontos antes considerados cláusulas pétreas da proposta governista. Mais do que isso, os jornais informaram que as contas iniciais feitas por técnicos do governo mostravam que era possível ceder e ainda haver um ganho contábil. Bastava aumentar o tempo de contribuição - assinalou.

O senador disse ainda que, quando imaginava que a proposta original iria para o lixo, novamente ocorreu outra reviravolta num único fim de semana. Os governadores reagiram, o mercado reagiu, o ministro da Fazenda Antonio Palocci questionou as contas iniciais e o diretório nacional do PT aprovou resolução obrigando os seus parlamentares a votarem a proposta original, observou.

- Num passe de mágica, desapareceu a proposta do ministro Maurício Corrêa. Num passe de mágica, as soluções fantásticas que continha viraram pó.

Efraim disse ter lido na coluna da jornalista Tereza Cruvinel, em O Globo do último dia 10, que a emenda original do governo propiciaria economia de R$ 46,4 bilhões em relação aos atuais gastos, mas que, com o acórdão proposto pelo ministro Maurício Corrêa, essa economia seria ainda maior, de R$ 47,1 bilhões.

- De quem são esses cálculos? O que posso deduzir de tudo isso é que o governo mostrou-se, de um lado, vulnerável a pressões; e, de outro, mostrou pouca convicção em relação às suas próprias idéias, expondo-as a uma reviravolta inusitada. Como pode o governo esperar que nós, da oposição, hipotequemos apoio à sua proposta, se ele próprio hesitou diante dela? - questionou.



15/07/2003

Agência Senado


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