Emocionada, Serys comunica que não vai disputar reeleição para o Senado



Em discurso nesta quinta-feira (6), a senadora Serys Slhessarenko (PT-MT), visivelmente emocionada, comunicou ao Plenário que não será candidata à reeleição nas próximas eleições por ter perdido as prévias realizadas pelo PT do Mato Grosso em abril. Ela criticou duramente o grupo do vencedor das prévias, o deputado federal Carlos Abicalil, presidente do PT mato-grossense.

- Esse é o PT de Carlos Abicalil, que, em nome de uma tática eleitoral, não respeita a história de luta de uma companheira, uma história de mais de 20 anos de sacrifícios e de total dedicação às causas partidárias. Admito, sinto-me vilipendiada. Enquanto me dedicava ao mandato por inteiro, ao meu estado e ao meu país e também na busca de um mundo melhor, lá nos rincões mato-grossenses alguns tramavam a queda da senadora Serys - lamentou.

Na opinião da senadora, por "capricho de um grupo político" e do presidente do diretório estadual petista, foi tirado da população mato-grossense o direito de opinar, nas eleições, se queriam ou não que ela continuasse no Parlamento. Para ela, a atitude do grupo político de Abicalil rachou o PT do Mato Grosso e sacrificou toda a estrutura do diretório.

- De maneira cruel, esse grupo do PT tirou do povo de Mato Grosso a oportunidade de avaliar o meu trabalho, a minha luta pela governabilidade do país e pela defesa do meio ambiente; a minha postura em defesa dos direitos do meu estado, das mulheres, das mães, das domésticas, da mulher do campo. Cassaram o meu direito e o direito do povo de Mato Grosso! - afirmou a senadora.

Serys lembrou que foi a primeira mulher eleita senadora pelo estado do Mato Grosso e a primeira mulher na história a ocupar uma vice-presidência na Mesa do Senado. Ela também foi eleita pela Transparência Brasil como um dos dez senadores cujos projetos mais contribuem para a melhoria da qualidade de vida do povo brasileiro.

A senadora explicou que, dos 131 municípios de seu estado onde os filiados do PT foram consultados, ela venceu nas principais e mais populosas cidades que, somadas, perfazem dois terços do eleitorado do estado.

Em apartes, os senadores José Sarney (PMDB-AP), Edson Lobão (PMDB-MA), Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC), Jayme Campos (DEM-MT), José Nery (PSOL-PA), Eduardo Suplicy (PT-SP), Pedro Simon (PMDB-RS) e Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) solidarizaram-se com a colega e lamentaram que ela tenha de deixar de ser senadora a partir de fevereiro de 2011. Todos elogiaram o seu desempenho dela durante o mandato.

Sarney disse que está há quase 40 anos no Senado e poucas vezes viu "uma senadora tão dedicada, tão aplicada aos seus trabalhos e na defesa da causa das mulheres".

- Posso testemunhar também que, na Comissão Diretora da Casa como vice-presidente, vossa excelência também tem honrado esse cargo, tem nos ajudado com seus conselhos, com seu trabalho e, ao mesmo tempo, se aprofundado na discussão dos problemas da Casa. E, aqui no Plenário, vossa excelência tem se destacado na defesa e no debate dos grandes temas nacionais - afirmou Sarney.

Para o presidente do Senado, Serys "foi vítima de uma injustiça" e que ele próprio também se sente injustiçado.

Edson Lobão declarou que acompanha o mandato da colega desde o início e disse que Serys é dedicada, competente e tem espírito público. Disse ainda que nunca observou qualquer desvio de conduta por parte da senadora.

- Ao contrário, estava sempre dedicada aos melhores e mais legítimos interesses de sua gente de Mato Grosso e do Brasil. Eu lastimo profundamente não observar mais a sua presença aqui. Esteja certa, senadora Serys Slhessarenko, que o povo brasileiro sentirá saudade de vossa excelência aqui, profunda saudade, assim como eu estou sentido desde logo - afirmou Lobão.

Por sua vez, Mesquita Júnior argumentou que Serys foi vítima de uma violência.

- Não tem uma pessoa neste Senado Federal que não tenha o dever, a necessidade de ter absoluto respeito por vossa excelência e pelo seu mandato. Um mandato aguerrido. A senhora é uma guerreira e foi assim que se comportou no Senado Federal. Eu acho uma indecência o que estão fazendo com a senhora. Acho até que o povo do Mato Grosso deveria dar uma resposta contundente a isso. Eu acho até que povo do Mato Grosso deveria se mobilizar no sentido de impedir que isso se perpetre - opinou Mesquita Júnior.

Jayme Campos confessou que votou em Serys nas eleições de 2002, quando ela foi eleita senadora, afirmou que votaria novamente nela este ano e disse que, se a legislação permitisse, ele convidaria a colega para sair do PT e ingressar no DEM para disputar vaga como senadora pelo Democratas nas próximas eleições.

- E eu não tenho dúvida alguma de que quem vai perder é o PT. Eu não tenho dúvida alguma de que o povo do Mato Grosso hoje está triste. Mas eu tenho certeza de que vai custar muito caro para aqueles usaram instrumentos e para que a senhora não vencesse as prévias. Eu imagino que vai custar caro para aqueles que esperam que o povo do Mato Grosso não tenha entendido o jogo, a traquinagem que foi feita para que a senhora não voltasse a ser senadora por Mato Grosso - disse Jayme Campos.

José Nery também disse que Serys seria bem vinda para ingressar no PSOL e lembrou que a colega desempenhou durante se mandato a defesa das mulheres, dos agricultores familiares, dos trabalhadores sem terra, da reforma agrária e da luta contra o trabalho escravo.

Suplicy, Simon e Mozarildo também elencaram diversas qualidades da colega e disseram que, mesmo depois de deixar de ser senadora, Serys vai poder continuar em sua luta em prol do Mato Grosso e do Brasil.

- Vossa excelência é uma senadora brilhante, é competente, discute os problemas do PT, os problemas sociais, discute os problemas da sociedade brasileira, discute os problemas da mulher, discute os problemas da sua região, do Mato Grosso. Vossa excelência é um dos grandes nomes deste Congresso - afirmou Simon.



06/05/2010

Agência Senado


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