Ex-funcionário da Mendes Júnior confirma depósito de dinheiro de propinas em contas no exterior



Como já havia revelado ao Ministério Público de São Paulo, na reunião desta quarta-feira (20) da CPI do Banestado o ex-coordenador administrativo-financeiro da Mendes Júnior em São Paulo Simeão Damasceno de Oliveira confirmou que passou recursos em cheques para vários doleiros. O dinheiro, segundo Damasceno, era acompanhado por bilhetes com referências a contas com, entre outros, os nomes Lespan, Campari e Maria Rodrigues. Ele também reconheceu o número de uma conta no MTB Bank, a pedido do relator da CPI, deputado José Mentor (PT-SP).

Segundo as investigações já conduzidas pela CPI, pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público da União, Lespan seria o nome de fantasia de uma conta no Citibank de Nova York, Campari, de uma conta no MTB Bank de Nova York e Maria Rodrigues, de uma pessoa que recebe recursos para depósito em contas na Suíça. As contas seriam utilizadas para receber recursos originados de corrupção.

Damasceno é uma das principais testemunhas nas investigações sobre desvio de recursos de obras públicas e pagamento de propinas em São Paulo durante a gestão do ex-prefeito Paulo Maluf. De acordo com o ex-funcionário da Mendes Júnior, que admite ter operado o caixa 2 da empresa, a partir de comentários de empreiteiros e subempreiteiros -em cachaçadas- pode-se dizer que a obra da avenida Água Espraiada na capital paulista deveria custar entre R$ 250 milhões, mas custou quase R$ 800 milhões.

O ex-coordenador financeiro disse que o caixa 2 da Mendes Júnior não era registrado em computador, mas manualmente, somente em papel, para não deixar rastros. Ele ainda reconheceu que o advogado José Reinaldo, ex-funcionário da Mendes Júnior que também foi delegado da PF, era a pessoa da empresa indicada para -resolver- pendências.

Damasceno sugeriu aos parlamentares da CPI do Banestado que convoquem o presidente da Mendes Júnior e seus diretores, -que deveriam estar sentados aqui para justificar aquela documentação-.

- Seria leviano da minha parte, portanto, falar em nomes de pessoas. Se a gente for tomar por base o que se falava, nos bastidores, na hora das cachaçadas, teríamos de investigar todos os governantes - concluiu.



20/08/2003

Agência Senado


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