Execução de apenas 27% das emendas parlamentares leva à retomada do Orçamento impositivo




Reunião da Comissão de Orçamento: parlamentares são cobrados por verbas prometidas a suas bases

VEJA MAIS

O baixo nível de execução das emendas parlamentares nos últimos exercícios recolocou na pauta do Congresso Nacional a ideia do Orçamento impositivo, originalmente apresentada em 2000 pelo então senador Antonio Carlos Magalhães (1927-2007). A proposta, que tramita na Câmara dos Deputados como PEC 565/2006, foi aprovada na terça-feira (6) por comissão especial e deverá entrar na pauta do Plenário daquela Casa na terça-feira (13), para votação em primeiro turno.

O projeto que saiu do Senado tornava impositiva a execução de todo o Orçamento, mas foi modificado para restringir às emendas parlamentares o caráter obrigatório da execução. São exatamente as emendas o alvo preferencial do chamado contingenciamento de verbas, já que 88% do Orçamento classificam-se como despesas obrigatórias e, dos 12% restantes, um quarto vincula-se ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que o governo não bloqueia.

Entre 2009 e 2011, conforme nota técnica da Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados, apenas 27% do montante aprovado das emendas individuais foram executados. Pressionados em suas bases por não conseguirem a liberação dos recursos, os parlamentares se sentem motivados a tornar obrigatória a execução do Orçamento, ainda de acordo com a nota.

A PEC, que tramitou no Senado com o número 22/2000, limita a 1% da receita corrente líquida (R$ 673,3 bilhões do Orçamento de 2013) as emendas individuais ao projeto de lei orçamentária. Essa parcela de 1% (R$ 6,73 bilhões, no exemplo do orçamento deste ano) é que terá execução obrigatória dentro das despesas totais de R$ 2,27 trilhões.

Impedimento

No caso de obstáculo técnico ou legal à execução da emenda parlamentar, a PEC estabelece três datas para as seguintes providências: justificativa do impedimento, até 30 de junho; encaminhamento de projeto para remanejamento ou cancelamento da verba, até 30 de setembro; deliberação na Comissão Mista de Orçamento (CMO), até 20 de novembro.

Não havendo votação na CMO, o projeto será considerado rejeitado, ainda de acordo com a proposta da comissão especial da Câmara.

A PEC admite a possibilidade de redução do valor da execução da emenda parlamentar na mesma proporção da limitação incidente sobre o conjunto das despesas discricionárias (não obrigatórias), se for verificado que a reestimativa da receita e da despesa resultar no não cumprimento da meta de resultado fiscal estabelecida na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

Um dos óbices ao Orçamento impositivo, o saldo de restos a pagar será considerado, por dois anos, para fins de cumprimento da execução das emendas parlamentares. Para tanto, a PEC limita esse saldo a 0,6% e a 0,3% da receita corrente líquida realizada no exercício anterior, respectivamente no primeiro ano e no segundo.

Tramitação

Se for aprovada pelo Plenário da Câmara, a proposta deverá voltar ao Senado, já que foi modificada pelos deputados. O presidente do Senado, Renan Calheiros, disse na quarta-feira (7) que a PEC  565/2006 chegará à Casa "com muita força".

– Talvez seja uma oportunidade para acabarmos, do ponto de vista da relação do Legislativo com o Executivo, com essa coisa do toma-lá-dá-cá. Se você estabelece uma regra, você estabiliza, você desfaz a relação toma-lá-dá-cá, e isso é muito bom para política brasileira, que o povo quer ver depurada – argumentou o senador ao se referir às emendas parlamentares.



08/08/2013

Agência Senado


Artigos Relacionados


SENADORES DEBATEM OBRIGATORIEDADE DE EXECUÇÃO DE EMENDAS PARLAMENTARES AO ORÇAMENTO

JOSÉ ALENCAR DEFENDE EXECUÇÃO OBRIGATÓRIA DE EMENDAS PARLAMENTARES AO ORÇAMENTO

Comissão de Orçamento cria comitê para acompanhar execução de emendas parlamentares

Vídeo | Limite para cortes de emendas parlamentares pode ser saída para orçamento impositivo, afirma Wellington Dias

Orçamento impositivo é reação à baixa execução das despesas orçamentárias

CCJ APROVA OBRIGATORIEDADE DE EXECUÇÃO DE EMENDAS PARLAMENTARES