FHC escala "bombeiros" para tentar acalmar Roseana









FHC escala "bombeiros" para tentar acalmar Roseana
Sarney Filho deixa governo hoje; senador discursa na 4ª

O presidente Fernando Henrique Cardoso escalou uma equipe de "bombeiros" para tentar acalmar a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, e evitar que o PFL deixe o governo. Os principais articuladores do armistício são o governador do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB), e o vice-presidente Marco Maciel (PFL-PE).

Os dois falaram diariamente ao telefone com Roseana desde sexta-feira, quando a Polícia Federal fez em São Luís uma operação de busca e apreensão de papéis na Lunus, empresa da governadora e de seu marido, Jorge Murad.

A ofensiva ainda não deu resultados. A tendência na cúpula do PFL até ontem era pela entrega de todos os cargos no governo FHC na próxima quinta, quando o partido reúne sua executiva nacional em Brasília. Mas integrantes da cúpula pefelista disseram que o quadro pode mudar até a reunião, dependendo da atuação de FHC no caso. A assessoria de FHC informou que ele não se pronunciaria sobre o episódio ontem.
O grupo a favor da saída do PFL do governo não pretende defender um rompimento total com FHC. A intenção é entregar os cargos em solidariedade a Roseana, mas divulgar que o apoio a medidas do governo no Congresso seria mantido em nome da governabilidade. Defendem essa posição o prefeito do Rio, Cesar Maia, o ex-senador Antonio Carlos Magalhães (BA), o secretário-geral da sigla, Saulo Queiroz, o líder do partido na Câmara, Inocêncio Oliveira, e os ministros Roberto Brant (Previdência) e Carlos Melles (Esporte), entre outros.

A ala contrária à entrega dos cargos é liderada por Marco Maciel e pelo ministro José Jorge (Minas e Energia), que pretende ficar no governo até o último dia.

O presidente da sigla, Jorge Bornhausen, está contrariado com o Planalto, com o presidenciável José Serra (PSDB) e com o ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira, acusados pelo PFL de serem os mentores da ação da PF, mas não está tão "revoltado" quanto Roseana e sua família. Bornhausen diz que irá acatar a decisão da Executiva e fará de tudo para que o partido saia unido dessa crise.

Roseana irá hoje a Brasília, mas não se reunirá com FHC. Ela está pessoalmente empenhada em fazer com que o PFL desembarque imediatamente do governo. Aí está o dilema do partido: se optar pela recomposição com o Planalto, como acomodar os ânimos da presidenciável? Expressão máxima da indignação da família, o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, vai entregar hoje o cargo ao presidente. Sua carta de demissão havia sido enviada a FHC antes da ação da Polícia Federal.

Em sua casa, em Brasília, o senador José Sarney (PMDB-AP), pai de Roseana, prepara um discurso especial. Usará a tribuna do Senado na quarta para criticar a ação da PF e o ataque do governo e do PSDB contra sua filha.

Bornhausen deve se reunir hoje à noite com FHC no Alvorada, após passar o dia com Roseana em Minas. Dirá ao presidente que o partido tende a deixar os cargos do governo, que a candidatura de Roseana é irreversível e que a chance de composição com José Serra é praticamente impossível, pois ele "declarou guerra ao PFL".

"O PFL ficou sem alternativas no processo eleitoral a não ser ir com Roseana até o fim e entregar os cargos. Se o partido não tomar uma medida dura nesse momento pode sair prejudicado", diz Saulo Queiroz. O partido, porém, está preocupado com a repercussão do caso na opinião pública.


Maia acusa governo, Serra e revista "Época"
O prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), acha que a ação da PF teve o dedo de José Serra, do Planalto e da revista "Época": "Todos nós achamos que se trata da KGBnização da política no Brasil", disse Maia, citando a polícia política da ex-URSS.

Para ele, o episódio prejudica o PSDB: "Vai fortalecer a Roseana e acelerar a desintegração do Serra". Ele acha que PSDB e PFL ainda podem se unir, desde que Serra desista de disputar: "Mais do que nunca a candidatura do Serra soçobrou, agora desmoralizada pela manipulação PF-PSDB-"Época", e em maio vai ter que se retirar".

Para o prefeito, a revista foi informada da ação por membros de governo, pois divulgou antes do final da operação. "O que há de estranho é no sábado a "Época" já ter outdoors em São Paulo e na noite de sexta seu site já ter a matéria, antes de a polícia sair do escritório da empresa. Uma revista nacional não faria isso sem o respaldo de uma autoridade política."

A direção da "Época" informou que ficou sabendo da operação na empresa Lunus pouco antes das 20h da última sexta-feira. A partir das informações obtidas pela sucursal de Brasília e pela redação da revista em São Paulo, o assunto virou capa por volta das 22h. Até aquele momento, a capa seria uma matéria que traria Roseana Sarney e Leila Diniz.


Serra nega ligação do PSDB com ação da PF
Para tucano, insinuação é 'maluca'; Bornhausen, do PFL, critica aval do governo para a apreensão

O pré-candidato do PSDB à Presidência, senador José Serra (SP), classificou como "estapafúrdias" e "malucas" as insinuações feitas por pefelistas de que os tucanos estariam por trás da operação da Polícia Federal que apreendeu documentos na sede da empresa Lunus, em São Luís, na sexta-feira. Serra comentou o caso em nota oficial, divulgada no início da noite de ontem.

A Lunus pertence à governadora do Maranhão, Roseana Sarney, e ao seu marido, Jorge Murad, secretário de Estado, e é um dos alvos da investigação sobre desvio de verbas da extinta Sudam.

Ontem, o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), também divulgou nota sobre a operação da PF, em que cita a atuação do ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), no caso.

"Ninguém esperaria do ministro da Justiça um aviso prévio, que ele se vangloria de não ter feito. Esperava-se que, diante da gravidade do fato, ele tivesse examinado a fundamentação legal do mandado de busca e apreensão antes mesmo de ser sumária e arbitrariamente executado", declara o presidente do PFL.

Segundo Bornhausen, se tivesse "lido e estudado" o mandado, o ministro teria constatado, "tal como sentenciou o presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que não havia fundamento legal para a busca e apreensão".

Trata-se de uma referência à decisão do juiz Fernando Tourinho Neto, do TRF da 1ª Região, que no sábado suspendeu, em caráter liminar, o envio dos documentos e equipamentos apreendidos em São Luís para Palmas (TO), o centro das investigações sobre a Sudam.

Nos três últimos dias, pefelistas criticaram Aloysio, queixando-se de que o ministro saberia da operação e não teria avisado a governadora. O ministro disse que só tomou conhecimento da ação policial quando já estava em curso. "Mas mesmo que soubesse não avisaria", declarou.

Ontem à noite, o ministro Aloysio Nunes Ferreira não quis fazer comentário sobre a nota divulgada pelo senador Jorge Bornhausen. De acordo com a assessoria de imprensa do ministro, Aloysio disse que não faria mais nenhum comentário sobre o mandado de busca e apreensão da empresa Lunus ou sobre a relação política do PSDB e do PFL. De acordo com a assessoria do ministro, Aloysio só irá falar sobre o caso depois de reunir-se com o presidente Fernando Henrique Cardoso.

Em sua nota, Serra negou qualquer ligação entre o PSDB e a ação policial no escritório da Lunus em São Luís. "Não conhecemos os procuradores do Tocantins, muito menos suas representações e despachos", afirmou.

Apelo
O pré-candidato tucano à Presidência também fez um apelo para que as "pretensões" dos candidatos fossem colocadas no "terreno do debate sobre o que cada um fez na vida pública e o que pretende fazer caso seja el eito".

Por fim, reafirmou sua disposição de renovar "as alianças políticas que nos permitirão chegar à vitória e dar condições de governabilidade ao país".

Durante o final de semana, a Folha procurou José Serra para ouvi-lo sobre a ação da PF no escritório da Lunus e sobre as insinuações de envolvimento do PSDB no caso. A reportagem entrou em contato com os telefones do senador e de seus assessores, mas não obteve resposta.


Ciro diz temer fraude em urnas eletrônicas nas eleições deste ano
O pré-candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PPS) disse ontem temer a possibilidade de fraude em urnas eletrônicas nas eleições deste ano.

"Setores da imprensa anestesiados, institutos de pesquisa com métodos duvidosos e agendas convenientes ao calendário das forças oficiais, mudança de regra eleitoral no meio do caminho, a Polícia Federal invadindo o escritório de uma candidata sem que se saiba a acusação. Começamos a temer a fraude", afirmou Ciro ontem, antes de reunião em São Paulo com bases de seu partido.

Sobre possível influência do governo na deliberação do Tribunal Superior Eleitoral sobre a verticalização das coalizões, Ciro disse suspeitar de uma "confraternização algo esquisita entre o Executivo e o Judiciário".
"Além disso, os jornais publicaram uma declaração do presidente da República exultante com a decisão", afirmou, ressaltando que o Brasil possui uma Justiça Eleitoral exemplar, sem precedente de "mancha".
"Sempre foi fundamental para a base da democracia a confiança do eleitor de que o voto não vá ser fraudado. Esse temor é um retrocesso enorme", declarou Ciro.

O pré-candidato do PPS voltou a criticar a ação da Polícia Federal contra o marido da pré-candidata do PFL, Roseana Sarney. "Sempre que a polícia sai da delegacia na metade do processo eleitoral para agir contra um candidato é preciso colocar as barbas de molho."

Hoje Ciro tem marcada uma reunião no Rio de Janeiro com os presidentes do PDT e do PTB, partidos integrantes da coalização liderada pelo seu partido. O pré-candidato acha que a norma de verticalização não lhe prejudica.

"Somos a única candidatura que, por deliberação política própria, já verticalizou sua aliança política. Mas a norma torpedeou violentamente várias candidaturas. Preferia enfrentá-las diretamente, não dessa forma."
Ciro disse duvidar que a norma verticalizante vingue. "É uma violência que, na prática, vai ser desobedecida pela criatividade dos partidos, com alianças brancas e candidaturas laranjas. Não ajuda na construção política."


PMDB de Itamar altera regras de prévia
Oposicionistas aprovam candidato próprio e redução de 50% para 20% no quórum para a escolha

Liderados pelo ex-presidente e governador de Minas, Itamar Franco, os oposicionistas do PMDB aprovaram ontem o lançamento de uma candidatura própria à Presidência e reduziram de 50% para 20% o quórum necessário para a prévia do dia 17 de março, quando querem ver definido o candidato nacional do partido.
A reunião foi uma "afronta", na opinião do presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), que tentou, sem sucesso, impedir o encontro na Justiça. "A convenção oficial será no dia 8", disse (leia texto ao lado).

Os oposicionistas prometeram boicotar a convenção da cúpula do PMDB e afirmaram que irão recorrer à Justiça para garantir legalidade da reunião de ontem.

"Ninguém irá à próxima convenção. Posso até imaginar o esforço que eles devem ter feito nessa madrugada (na de anteontem) para derrubar o quórum, mas não conseguiram", disse o ex-governador Orestes Quércia.
Com a convenção de ontem, realizada na Câmara Municipal de São Paulo, os descontentes conseguiram alterar as regras para a prévia do partido, para a qual estão inscritos, além de Itamar Franco, o senador Pedro Simon e o ministro Raul Jungmann.

Além de ratificar a escolha do candidato nacional e de reduzir o quórum mínimo para a prévia, os opositores garantiram plenos poderes ao vencedor, que poderá escolher o vice, administrar o horário eleitoral na TV e modificar o atual programa de governo.

"O atual programa do PMDB parece ter sido feito por um tucano, por um liberal", disse Simon.

"Fariseus e percevejos"
Os oposicionistas, críticos do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, disseram que a convenção foi uma vitória dos "pequenos" contra a direção nacional do PMDB, que defende a manutenção da aliança governista (PSDB-PMDB-PFL) e o apoio à pré-candidatura de José Serra.

Os peemedebistas aceitariam discutir o apoio à candidatura do petista Luiz Inácio Lula da Silva, mas não admitem fazer uma aliança com os tucanos.

"O resultado é a vitória contra os fariseus, contra os percevejos e contra os que vendem a sua alma ao governo. A direção do PMDB não pode ir contra a decisão da maioria do partido", afirmou Itamar, que ignorou, em seu discurso, a presença de Jungmann. "Foi uma amnésia", explicou-se depois à imprensa.
O governador mineiro associa a pré-candidatura do ministro do Desenvolvimento Agrário à uma tentativa do PSDB de boicotar as prévias do partido.

Simon atacou os líderes da legenda na Câmara, Geddel Vieira Lima, e no Senado, Renan Calheiros, por apoiarem os pré-candidatos do PSDB e do PFL. "Foi uma vitória do MDB [PMDB" histórico contra os líderes que discutem, negociam e fazem troca-troca com o PSDB e PFL."

Pelo estatuto da sigla, para que uma convenção seja legal, é necessária a presença da maioria simples (metade mais um). Segundo o deputado Cézar Schirmer, segundo-vice-presidente da Comissão Executiva Nacional, isso representa 247 delegados (de um total de 492). Às 12h20 de ontem, a reunião foi aberta com 254.
O resultado da convenção será transcrito em uma nova ata -a oficial está com a executiva nacional-, que será enviada à direção do PMDB nesta semana. Participaram da convenção o ex-ministro Almino Affonso e os senadores Maguito Vilela, Roberto Requião e Iris Rezende.


Temer afirma que irá "ignorar" o encontro
O presidente nacional do PMDB, Michel Temer, afirmou ontem que irá "ignorar totalmente" as deliberações aprovadas ontem pelos oposicionistas, e descartou propor alterações: "Nada do que ficou decidido pode ser mudado, porque essa reunião não tem nenhuma validade."

Para Temer, a convenção oficial do partido será feita no próximo dia 8. "Eles desrespeitaram duas regras do estatuto do PMDB: uma convenção nacional só pode ocorrer na sede nacional, ou seja, em Brasília, e depende ainda da deliberação da executiva nacional, o que não ocorreu."

Temer tentou impedir judicialmente a realização da convenção dos opositores. Na última quinta-feira, impetrou uma medida cautelar com pedido de liminar no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para tentar sustar o edital de convocação da extraordinária, declarando sem efeito qualquer deliberação. A liminar não foi aceita.

Anteontem, em uma segunda tentativa, Temer entrou com uma ação cautelar (recurso jurídico) no plantão do Juizado Especial de Brasília, que também não foi acatado pela Justiça.

"Vamos nos reunir no próximo dia 8 para marcar a prévia. Sei que teremos quórum suficiente para a convenção nacional. Hoje (ontem), o que eles fizeram em São Paulo foi uma afronta ao partido. Não tem validade jurídica", afirmou Temer. A cúpula do PMDB defende a recomposição da base governista (PSDB-PMDB-PFL). A preferência é pelo pré-candidato tucano José Serra.


Itamar ironiza Jungmann em SP
Na convenção extraordinária realizada ontem na Câmara Municipal de São Paulo, Itamar Franco não poupou ironias contra outro pré-candidato do partido, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann.
Quando Itamar foi à tribuna, afirmou estar feliz pelo partido ter vários nomes para a disputa nacional. "Eu sou candidato. O grande senador Pedro Simon também é candidato. E tem ainda um outro", disse o ex-presidente, sem citar o nome do ministro.

Jungmann, ao contrário dos demais componentes da mesa, não aplaudiu o discurso de Itamar. Ele aproveitou o encerramento do evento para sair pelo elevador privativo da Câmara Municipal, sem conversar com a imprensa.

Perguntado sobre o tratamento dispensado ao ministro, Itamar afirmou que teve "amnésia". "Não sei, na hora me deu um branco. Acho que foi uma amnésia que eu tive na hora", respondeu sorrindo o governador.
Jungmann, que é afinado ao governo, desagradou aos caciques peemedebistas por participar da convocação extraordinária dos oposicionistas. Reservadamente, dirigentes do PMDB consideraram a atitude do ministro uma traição ao presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Nos bastidores, os peemedebistas de Minas, de São Paulo, do Rio Grande do Sul, do Paraná, de Santa Catarina e de parte do Ceará são mais simpáticos a apoiar a pré-candidatura do petista Luiz Inácio Lula da Silva. Em oposição a FHC, eles rejeitam uma aliança com o pré-candidato tucano, o ministro José Serra.


Artigos

O futuro às pesquisas pertence
Fernando Rodrigues

BRASÍLIA - As novas regras eleitorais impostas pelo TSE e os ataques sem dó a Roseana Sarney podem, em tese, favorecer José Serra. Mas é preciso aguardar para saber qual será o desempenho do tucano nas pesquisas. Por enquanto, há um fato irretorquível: no cenário mais provável Serra tem 12%, contra 24% de Roseana Sarney. O tucano é apenas uma aposta no mercado futuro. Vendido como o candidato mais bem preparado, precisa ainda confirmar essa qualificação na preferência dos eleitores. É possível que tenha êxito? Claro que é. Mas há muita nuança no cenário daqui para a frente. É consenso entre os governistas que Serra aglutinará todas as grandes siglas a seu lado se tiver uma diferença pequena em relação a Roseana no final de abril. Por exemplo, a pefelista com algo na faixa dos 22% e o tucano no patamar dos 18%. Digamos, no entanto, que ele fique próximo dos 14% e a governadora do Maranhão se mantenha na casa dos 24%. A reação dos partidos seria, então, imprevisível. O mais provável é que todos tentassem deixar para a última hora, 30 de junho, a decisão a respeito de coligações. Ocorre que o Brasil está dividido em 26 Estados e um Distrito Federal. A vida política e partidária nessas localidades muitas vezes exige mais rapidez na formação de alianças. É improvável que o jogo das coligações possa ser postergado ao máximo. Até porque seria o equivalente a exigir dos partidos que fechassem as 27 coligações locais, além da nacional, em um único dia. É inviável. O prazo real de Serra para mostrar músculos eleitorais é, portanto, nas imediações da última semana de abril até o fim da primeira quinzena de maio. Depois, o prazo ficaria muito escasso. E terá sido inútil essa manobra gigantesca para emplacar o candidato oficial do Planalto.

Roseana se acha atacada. Está certa. Mas há evidências de que gente graúda no PFL pouco se importa.


Colunistas

PAINEL

Arapongas de plantão
José Sarney e Edison Lobão reuniram-se com FHC há 15 dias para reclamar da presença de agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) no Maranhão a fim de levantar denúncias contra Roseana Sarney e sua família. O presidente, ao lado do general Alberto Cardoso, negou a informação.

Presença incômoda
A resposta de FHC não convenceu os Sarney, que atribuem a ação da PF na empresa da família às informações obtidas pela Abin. Segundo Roseana, os agentes continuam no Estado.

Mistério do caixa
O PFL quer saber de Roseana sobre o dinheiro encontrado em sua firma. Para o partido, não é normal alguém ter R$ 1,5 milhão em espécie fora do banco. "Se não houver uma explicação ela dará munição aos adversários", avalia um dirigente.

Torcida petista
A cúpula do PT acha que foi beneficiada com a briga entre PFL e PSDB. Para os petistas, ficou improvável uma aliança governista no primeiro turno.

Pela culatra
"O governo errou a dose ao atacar a Roseana. O Serra deu uma tacada forte, achando que encaçaparia a Roseana, mas acabou dando um tiro no pé", analisa um dos formuladores do plano de governo da candidatura do PT à Presidência.

Férias preventivas
O governo do Ceará ordenou que a Universidade de Fortaleza suspenda todas as aulas entre os dias 6 e 13, quando ocorre a reunião do BID. O campus fica ao lado da sede do encontro e a polícia teme que ocorra algum atentado contra FHC.

Sem clima
Roseana e Serra haviam confirmado presença na reunião do BID. Mas após a ação da PF na empresa em São Luís, os organizadores têm certeza de que pelo menos um deles desistirá.

Assombração dos números
Um governador tucano avalia que a verticalização das coligações trouxe de volta o velho fantasma para Serra: o prazo para crescer nas pesquisas. "Se ele não deslanchar até maio e a Roseana não cair, o PSDB ficará sozinho. Nesse cenário, PMDB e PPB não apoiarão ninguém para a Presidência", analisa.

Consenso do estrago
Walter Pinheiro (PT-BA) defende a aproximação entre todos os candidatos oposicionistas, segundo ele, prejudicados pela decisão do TSE de verticalizar as coligações: "É preciso juntar os cacos dos atingidos para ver se formamos uma xícara".

Remendos estaduais
Governadores do PSDB orientaram suas bancadas no Congresso a reagir à decisão do TSE. Acham que a medida favoreceu Serra, mas os prejudicou nos Estados. Querem que ela seja, de algum modo, revogada.

Geografia do prejuízo
Dante de Oliveira (MT) perdeu o apoio do PDT, do PL, do PSB e do PTB. Tasso Jereissati (CE), do PPS. Marconi Perillo (GO), do PFL e do PPB. Almir Gabriel (PA), do PFL, do PTB e do PL. Albano Franco (SE) pode ficar sem o PMDB. E Alckmin (SP), sem o PTB, o PFL e o PPS.

Suspeita no jogo
Pelo terceira eleição seguida, as regras são mudadas para, segundo a oposição, favorecer o candidato governista. Em 94, quando Lula correu o Brasil na Caravana da Cidadania, o TSE proibiu o uso de imagens externas na campanha. Em 98, foi aprovada a reeleição. E agora o TSE uniformiza as coligações.

Guerra santa
No Paraná, um padre e um pastor comemoram o virtual fim da coligação PT-PL. Padre Roque, deputado petista, e o Pastor Oliveira, deputado liberal, sonham com o governo do Estado. Não querem aliança nacional, nem estadual. Nem no céu e muito menos no inferno.

TIROTEIO

De Márcio Freitas (PSB), prefeito de São Vicente e um dos coordenadores da campanha de Garotinho à Presidência, sobre a decisão do TSE de verticalizar as coligações, o que teria prejudicado o presidenciável:
- O TSE quer eleger José Serra de maneira indireta.

CONTRAPONTO

Estranhos no ninho
O presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva foi a Brasília na quarta-feira para apresentar o programa de segurança pública.
O evento reuniu dirigentes petistas, como a prefeita Marta Suplicy (SP) e o governador Zeca do PT (MS), além de dezenas de deputados e senadores da sigla.
Mas não eram só petistas que ocupavam o auditório da Câmara. Os tucanos Aloysio Nunes, ministro da Justiça, e Aécio Neves, presidente da Câmara, também apareceram.
No meio do evento, chegou o deputado Milton Temer (RJ), da ala esquerda do PT. Surpreso com os "intrusos", perguntou:
- Isso aqui é festa do governo ou da oposição?
- É da oposição, não está vendo o Lula?- questionou um deputado.
- Mas, se é da oposição, o que o Aloysio e o Aécio estão fazendo aqui? Eu vou é embora -disse Temer. E foi.


Editorial

ÂNIMO NA AMÉRICA

A divulgação de uma série de indicadores positivos para a economia norte-americana levou os mercados acionários a uma forte alta. O índice Dow Jones chegou no final da semana passada ao seu nível mais alto em seis meses.

Há sinais de que os setores industriais já se aproximam do fim de um ciclo de estoques. Novos pedidos já afetam mais diretamente as linhas de produção. O consumidor tem feito mais gastos. Em fevereiro, depois de 19 meses seguidos de contração, a indústria norte-americana voltou a dar sinais de crescimento.

Há mais. Com taxas de juros historicamente baixas, o setor de construção civil também traz algum ânimo aos mercados dos EUA. O setor cresceu acima do esperado em janeiro.

A renda pessoal dos norte-americanos teve, ainda que discreto, o maior acréscimo dos últimos seis meses (0,4% em janeiro).

O ciclo otimista surge depois de praticamente um mês de mercados em compasso de espera ou mesmo pessimistas em vários momentos.

A pergunta que se faz agora é também sobre a sustentabilidade da alta e, principalmente, se há uma tendência de recuperação mais duradoura da maior economia do mundo.

Para que a resposta a essa questão seja também positiva, falta ainda um componente decisivo. Trata-se da ocorrência ou não de mudança mais nítida entre uma fase de redução de estoques e retomada da produção para outra, em que o efeito principal é a recuperação da lucratividade com retomada de investimentos.
Essa mudança de fase ainda não ocorreu, apesar do longo período de redução de taxas de juros pelo Fed. As chances de virada aumentam com a subida nas vendas e a redução nos estoques. Mas ninguém pode dizer com certeza por quanto tempo é necessário ocorrer esse reaquecimento conjuntural até que os níveis de lucratividade justifiquem um renascimento vigoroso do espírito empreendedor de investidores e empresas norte-americanos.


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03/04/2002


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