Flexa Ribeiro culpa Lula e Temporão por epidemia de dengue
O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) criticou nesta quinta-feira (27) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro da Saúde, José Gomes Temporão (PMDB), por não terem adotado providências que impedissem a epidemia de dengue no Rio de Janeiro. No entender do parlamentar, os dois tentam encobrir a incompetência do governo ao atribuir ao prefeito do Rio, César Maia (DEM), a responsabilidade pelo aumento vertiginoso no número de casos da doença.
- O Lula é o presidente da dengue e o Temporão é o ministro da dengue, mas assim como em 2002 culparam o ministro José Serra pela doença, agora querem transferir a sua própria culpa a um adversário partidário - afirmou Flexa Ribeiro.
O senador leu artigo publicado no blog do jornalista Josias de Souza, em que este reprova Lula por politizar um tema eminentemente técnico. Segundo dados citados pelo jornalista, os casos de dengue nos seis primeiros anos do governo Lula já superam os registrados nos oitos anos do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). O aedes aegipty teria provocado sob a gestão petista 116 mortes a mais do que durante a administração tucana.
De 2003 a 2007, morreram 325 pessoas vitimadas pela dengue, 55,5% a mais do que as 209 mortes registradas de 1995 a 2002. Aos números da administração petista, o jornalista sugere que sejam adicionados as 48 mortes oficiais em razão da epidemia que vem assolando o Rio em 2008.
"Os números demonstram, com frieza tumular, que, em vez de brincar de esconde-esconde, as autoridades deveriam estar discutindo o que fazer para vencer o mosquito", recomenda Josias de Souza, conforme citação do senador. O jornalista critica especialmente o ministro da Saúde por tentar culpar César Maia, esquecendo-se de que em 2007, primeiro ano de sua gestão, a dengue matou 158 pessoas, oito a mais do que o mosquito vitimara em 2002, quando Serra disputou o cargo de presidente com Lula.
Para Josias de Souza, Temporão não agiu de forma tempestiva. Tomou posse em março de 2007, mas só em outubro teria feito o alerta de que o país vivia uma epidemia. O resultado foi o recorde de 158 mortes em um ano. Ainda assim, vem afirmando que os índices da doença em 2008 vêm baixando em função desse alerta, o que só não ocorreu no Rio.
Os números da execução orçamentária (aplicação efetiva das verbas do orçamento da União) desmentem o esforço que Temporão afirma ter feito, na opinião do jornalista: em 2007, a pasta da Saúde aplicouapenas 55% dos R$ 68,1 milhões previstos para ações de vigilância, prevenção e controle da malária e da dengue.
"Só na última segunda-feira [17], depois de ter sido fustigado por Lula, Temporão realizou a primeira reunião do que denominou de 'gabinete da crise'". Outra providência tardia seria a inauguração de tendas para hidratar os doentes, já próximo a abril, quando a dengue costuma retroceder.
Ironizando o bordão que caracteriza os pronunciamentos de Lula, o senador encerrou seu discurso afirmando que "nunca antes neste país tantas pessoas morreram de dengue".
27/03/2008
Agência Senado
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