FOGAÇA DEFENDE ADESÃO DO BRASIL A TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL
Fogaça disse que o Brasil pode ratificar o tribunal internacional ou ficar em uma posição de expectativa e observação até que se delineie melhor o seu desenho e o seu conteúdo. No entanto, como representante do Senado brasileiro nos trabalhos da comissão preparatória do estatuto que dá base jurídica ao tribunal, manifestou-se favorável à adesão do Brasil desde já.
O senador afirmou que a constituição do Tribunal Penal Internacional é um grande avanço na defesa dos direitos humanos no mundo inteiro, destacando que pela primeira vez na história da humanidade o mundo terá uma corte de caráter permanente para examinar crimes de alta gravidade e transcendência internacional. Conforme explicou, os crimes sobre os quais essa corte exercerá jurisdição - crimes de guerra, contra a humanidade, genocídio e o chamado crime de agressão de um estado contra outro - não estão previstos na legislação brasileira.
Fogaça também esclareceu que, se o Brasil não aderir à constituição do tribunal, este não terá nenhuma ingerência sobre o país, mas observou que tal decisão teria custos para sua imagem internacional. Ele frisou que "é alto o custo político de negar-se a ratificar o estatuto de uma corte como essa". O senador explicou que o tribunal não pretenderá ferir a soberania dos países-membros, devendo sua jurisdição ser fixada em estatuto aprovado por todos os participantes.
Referindo-se às peculiaridades do Brasil, Fogaça afirmou que a relação do país com o direito internacional é precária e difícil. Ele lembrou que o Supremo Tribunal Federal dá prevalência ao direito interno, não reconhecendo a supremacia das regras internacionais. Diante disso, reconheceu que não será fácil o debate em torno da adesão do Brasil ao tribunal. "Trago o assunto a análise porque sei que, mais cedo ou mais tarde, uma vez que o Brasil subscreva o tratado, será uma questão a ser decidida pelo Senado", avisou ele.
31/01/2000
Agência Senado
Artigos Relacionados
Brasil ratifica criação de Tribunal Penal Internacional
Paulo Paim defende adaptação legislativa brasileira ao Tribunal Penal Internacional
Fogaça considera julgamento de Milosevic por tribunal internacional um "fato histórico"
PATROCÍNIO DESTACA TRABALHO DO TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL
Aprovado Acordo de Imunidades e Privilégios do Tribunal Penal Internacional
PATROCÍNIO QUER MAIS RAPIDEZ NA RATIFICAÇÃO DO TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL