FOGAÇA DEFENDE INTEGRAÇÃO DO ATLÂNTICO SUL



O senador José Fogaça (PMDB-RS), falando pelo Senado na sessão solene do Congresso Nacional em homenagem ao presidente Carlos Menen, afirmou hoje (dia 11) que, graças ao sucesso do Mercosul e do Tratado de Assunção, talvez seja possível "pensar de forma mais abrangente e ousada", incluindo aintegração entre o sul da África e o sul da América.

Em outro trecho de seu pronunciamento, o senador considerou que o equilíbrio estratégico e a segurança regional em nada serão alterados com a aceitação da Argentina como observador na Organização para o Tratado do Atlântico Norte.

Na parte relativa ao Atlântico Sul, Fogaça destacou que, do outro lado do oceano, está a Sadec (South African Developpment Comission), constituída por 12 jovens nações africanas, entre elas Angola, Malawi, Zimbabwe, Namíbia, Swazilândia e "a economicamente pujante" África do Sul.

- Há uma complementaridade estratégica que pode encontrar, nesse espaço geoeconômico, novas perguntas e novas respostas. Com o fim do apartheid, o mundo passou a olhar com outros olhos para essa parte do globo. Há novas expectativas e novas percepções do futuro papel estratégico das nações-líderes desses dois blocos regionais, sobretudo África do Sul, Brasil e Argentina - observou.

O senador acrescentou que 75% do ouro produzido no mundo provém do sul da África; na área que pode ser compreendida como Atlântico Sul há 701 plataformas marítimas de petróleo e 40% do petróleo do mundo inteiro circula por essa região, produtora de 17% do carvão e detentora de 23% dos recursos hídricos do planeta. Além disso, lembrou Fogaça, há 150 milhões de habitantes nas jovens nações africanas que compõem o cone sul do continente e 200 milhões no cone sul da América Latina.

- Nos anos 90, com o fim da guerra fria, com a extirpação dos regimes autoritários, com a formação dos blocos econômicos, com a tendência inevitável à globalização dos mercados, criaram-se as condições para que um acordo dessa natureza fosse percebido como um acordo Cone Sul mais Cone Sul - Cone Sul da África e Cone Sul da América - a favor do incremento do comércio, a favor da segurança coletiva, a favor das garantias e da estabilidade democrática no Atlântico Sul.

Fogaça lembrou ainda que o Brasil expressa, em suas relações internacionais, uma visão pacifista, e que a América do Sul é a região menos armada do mundo e a parte do planeta que registra o menor índice de conflitos. O senador considerou, então, ser aceitável uma evolução do arsenal militar na região, o que não deve significar "o aumento da taxa de instabilidade ou do grau de ameaças vigente".

- Tantas são as razões de cooperação, os tratados recentemente assinados e as necessidades comuns que, do nosso ponto de vista, em nada são alterados o equilíbrio estratégico e a segurança regional com a aceitação da Argentina como observador na Organização para o Tratado do Atlântico Norte. Há alguns anos, seria impossível dizer isso, mas hoje o Brasil precisa que a Argentina tenha uma Marinha forte porque sabe que isso ajuda a garantir a segurança do Atlântico Sul - acrescentou.

Para Fogaça, isso é o que diferencia, na forma de ver as coisas, o final deste século de quando ele começou: "É possível falarmos como um Continente"



11/11/1997

Agência Senado


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