Fogaça pede cautela na avaliação da crise argentina
Ao fazer uma análise sobre as questões essenciais que motivaram a crise Argentina, o senador José Fogaça (PPS-RS) cobrou dos candidatos à Presidência da República mais cautela nos diagnósticos sobre a situação sócio-econômica do país vizinho.
- No momento em que vivemos um processo sucessório, nos preocupam avaliações erradas feitas por alguns candidatos em torno da Argentina - declarou.
Segundo Fogaça, alguns presidenciáveis costumam atribuir à crise aspectos importantes, mas de caráter secundário. É nesse ponto que cometeriam o equívoco de associar o caos econômico, por exemplo, aos programas de privatização e reformas do Estado.
José Fogaça até admite que tenha havido erros na condução desses processos, mas observa que esse é apenas um aspecto localizado de um problema maior. Na sua opinião, duas questões fundamentam as base da crise argentina: o "engessamento" do regime cambial, com a paridade do peso argentino ao dólar, e o descontrole do déficit público.
De acordo com o senador gaúcho, a adoção do regime cambial fechado poderia até não levar a Argentina à derrocada econômica se houvesse a preocupação de controle do déficit público. Entre as razões fundamentais do descontrole econômico, Fogaça cita a autonomia das 14 províncias argentinas para emitir moeda como se fossem países.
"O desequilíbrio financeiro e o endividamento em função de déficits sucessivos levaram a essa derrocada", atestou. Fogaça se diz "profundamente entristecido" em testemunhar o abatimento no ânimo, a falta de perspectiva e a decadência econômica dos argentinos que residem na fronteira com o Rio Grande do Sul. "Isso toca mais o gaúcho, que sempre cresceu admirando a pujança da Argentina, um dos países com maior renda per capita do mundo por volta de 1910", destacou.
05/04/2002
Agência Senado
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