FOGAÇA: PRAZO MORAL PARA O PMDB SE AUTODESCOBRIR COMO OPOSICIONISTA JÁ PASSOU



O senador José Fogaça (PMDB-RS) disse hoje (dia 9) que o grupo de seu partido que pretende lançar candidatura própria à Presidência da República "para combater de forma contundente e feroz" o atual governo não tem como projeto político a construção de um novo país, mas apenas o de ocupar o cargo máximo do poder político. Para ele, essa postura é "esquizofrênica e paradoxal", "um aleijão moral" inadmissível, pois "o prazo moral para se autodescobrir como oposicionista desde criancinha já passou para o PMDB".

Fogaça fez um paralelo do comportamento de seu partido com o da figura arquetípica da tragédia Ricardo III, de Shakespeare. A seu ver, nesse momento o PMDB "é um emaranhado de contradições e idéias disformes, um corpo deformado numa mente horrenda, dominado pela carência de ética".

É incompreensível, na opinião do senador, que um partido permaneça três anos e meio integrando um governo, dele participando e usufruindo, tendo o privilégio de se ver representado em dois ministérios importantes - Justiça e Transportes - e, às vésperas da campanha eleitoral, pretenda descobrir que não gosta nem concorda com o sistema dentro do qual se encontra. Tal situação, segundo Fogaça, é "uma paródia da traição".

O senador disse que, diferentemente do grupo do PMDB que quer lançar candidatura própria, o ex-governador Ciro Gomes, quando resolveu construir o projeto de ser presidente da República, "não quis subordinar a coletividade em que vivia a seu projeto e viu que o caminho era integrar-se a outro corpo coletivo".

Fogaça enfatizou que, "como partido político, como personalidade jurídica orgânica, não podemos fugir do rumo que traçamos", mesmo porque, diante da opinião pública, não há como explicar que o partido se coloque, agora, na oposição.

Certo de que seu pronunciamento poderá ser interpretado como condenação a alguns candidatos, Fogaça assegurou que não: "Todo político tem direito de construir seu projeto pessoal. O que é incompreensível é que um corpo coletivo tenha que se submeter a um projeto pessoal". E completou: "Se o presidente não mudou e se havia divergências em relação a seu governo, então estas já deveriam estar marcadas e promovendo seus efeitos".



09/02/1998

Agência Senado


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