Fortunati concorre à Câmara









Fortunati concorre à Câmara
O vereador José Fortunati decidiu ontem, durante reunião com o presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, concorrer à Câmara dos Deputados. Ao entender que o partido não estava disposto a apoiar a sua candidatura ao governo, aceitou proposta de assumir campanha a um cargo proporcional. Na segunda-feira, o partido encaminhará ao Tribunal Regional Eleitoral a documentação com sua renúncia e pedido da inclusão de seu nome na nominata de deputado federal. O vereador ressaltou que faltam apenas dois meses para as eleições e que está em desvantagem em relação aos demais candidatos. Analisou que é mais fácil disputar vaga à Câmara do que ao Palácio Piratini, ressaltando que irá concentrar a sua campanha em Porto Alegre e na região Metropolitana. Segundo Fortunati, o PDT não tem estrutura nem dinheiro para bancar viagens ao Interior. Ele foi eleito deputado federal em 1990 e 1994. Em ambos os mandatos, estava filiado ao PT.

O deputado federal Pompeo de Mattos defendeu que o partido não deverá ter candidato ao governo do Estado e irá priorizar a campanha do presidenciável Ciro Gomes, do PPS. Argumentou que o deputado federal Alceu Collares demonstrou, durante toda a reunião de ontem, contrariedade e irritação com a indicação para concorrer ao Palácio Piratini. Disse que será extremamente difícil convencer Collares, mas que lideranças do partido irão fazer última tentativa neste final de semana. Salientou que na semana que vem o partido precisará tomar a decisão.


Candidatos mostram planos ao setor
Comissão de Agricultura da Assembléia lamenta ausência dos líderes das pesquisas na audiência

O setor produtivo do Estado pôde conferir ontem, em audiência pública promovida pela Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo da Assembléia Legislativa, diferentes propostas apresentadas por candidatos ao governo estadual. Dos 13 postulantes à sucessão de Olívio Dutra, marcaram presença somente Aroldo Medina (PL), Celso Bernardi (PPB), Germano Rigotto (PMDB) e Júlio Flores (PSTU). 'Lamentamos muito as ausências. Os candidatos que vieram mostraram interesse pelo setor primário, pulmão do Estado', observou o presidente da comissão, Frederico Antunes (PPB).

A assessoria de Tarso Genro (PT) informou que o candidato não compareceu à audiência por não concordar com as regras, que, diz, não foram definidas previamente. Luiz Carlos Prates (PTN) havia confirmado presença, mas alegou problemas de saúde. José Fortunati (PDT) está reavaliando sua candidatura e os demais informaram por escrito à comissão o seu não-comparecimento.

A reforma agrária e a segurança na zona rural foram os pontos em destaque da audiência. Medina afirma que o atual modelo de reforma agrária resulta em insegurança no campo e promete o patrulhamento rural mecanizado. 'Queremos paz, mas também o combate à milícia do MST.' Bernardi voltou a destacar sua política de 'tolerância zero' com invasões de propriedades, manifestando-se contrário às vistorias do Incra. 'Vamos aperfeiçoar e municipalizar o Banco da Terra para dar terra a quem tem vocação para trabalhar na agricultura.' Rigotto, disse que o modelo de reforma agrária apresentado por Incra e governo do Estado 'larga o produtor no campo sem recursos e sem condições de produzir'. O PSTU, revela Flores, é favorável à expropriação de terras improdutivas. 'Temos que mudar a estrutura fundiária.'


Collares: “A decisão está tomada”
O deputado federal Alceu Collares garantiu ontem que não há a mínima possibilidade de concorrer ao governo do Estado na eleição de outubro. 'A decisão está tomada e eu não voltarei atrás, nem que seja expulso do partido', enfatizou. Durante reunião tensa, na qual ouviu o apelo de todos os deputados e dirigentes, Collares argumentou que em 1982 poderia ter sido eleito deputado, mas se sacrificou pelo partido, concorrendo ao governo para fortalecer a legenda e as bancadas do PDT na Assembléia Legislativa e na Câmara dos Deputados. Agora, disse, nada o fará desistir da reeleição a deputado federal.

Cobrado pelo fato de estar decidido a não aceitar o apelo, chegou a bater boca com o presidente regional do PDT, deputado Vieira da Cunha. 'Não vou aceitar imposições de quem foi candidato laranja do PT na eleição à Prefeitura de Porto Alegre em 1996', disse o ex-governador. Vieira apelou que não fizesse insinuações, mas Collares seguiu: 'Não estou insinuando, estou acusando'. O presidente nacional do partido, Leonel Brizola, teve de intervir na discussão e pedir calma.

Sobre manifestações dos companheiros de partido, Collares foi irônico: 'Embora tenha sido unânime, ouvi o apelo de alguns que jamais imaginei que fossem me pedir algo por não gostarem de mim'. Ele acha muito difícil que o PDT consiga apresentar ainda candidato próprio ao governo do Estado, avaliando que seria o melhor para o partido.


Ligação com PC derruba Martinez
Coordenador da campanha de Ciro tomou empréstimo há 11 anos pago em parte por pessoas fictícias

O presidente do PTB, deputado federal e empresário José Carlos Martinez, não resistiu ontem à pressão e foi levado a renunciar à coordenação de campanha do candidato da Frente Trabalhista à Presidência da República, Ciro Gomes. Sua posição estava ameaçada desde a divulgação de empréstimo que obteve em maio de 1991 de Paulo César Farias, ex-tesoureiro da campanha de Fernando Collor de Mello ao Palácio do Planalto. Na época, Martinez era filiado ao mesmo partido de Collor, o PRN. As informações sobre o pagamento da dívida são contraditórias. Em nota divulgada na segunda-feira, Martinez defendeu a lisura da operação realizada entre ele e PC Farias, assassinado há seis anos.

O objetivo do empréstimo foi a compra da TV Corcovado, que pertencia ao Sistema Brasileiro de Televisão. Martinez queria incorporá-la à rede que pretendia montar a partir do Paraná, onde já tinha quatro emissoras. Em 1992, essas negociações foram alvo de Comissão Parlamentar de Inquérito. Uma das cláusulas do contrato de compra da Corcovado pela rede OM, que mais tarde mudou o nome para CNT, previa a amortização do empréstimo em dólares do SBT junto à Caixa Econômica Federal. Em parte, o valor foi pago utilizando cheque de pessoas fictícias com as quais o empresário PC Farias movimentava contas. Martinez disse que 'na condição de beneficiário do financiamento, desconhecia a origem dos cheques e a existência de fantasmas'.

O procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, encaminhou ontem parecer ao Supremo Tribunal Federal defendendo que devem prosseguir as investigações sobre a suposta prática de crimes que teriam sido cometidos por Martinez. Segundo Brindeiro, o presidente do PTB deverá responder à acusação pelos crimes de falsidade ideológica e contra a ordem tributária, falso testemunho e evasão de divisas.


Tarso recebe o apoio de 177 dissidentes do PPS
Tarso Genro, do PT, recebeu ontem a delegação representativa dos 177 dissidentes do PPS de Gravataí que apóiam a sua candidatura ao governo do Estado. A ex-presidente do PPS do município Isabel Diefenbach disse que o partido foi estruturado no socialismo e agora está pendendo para o neoliberalismo. Segundo ela, na única vez em que foi chamada pela executiva regional 'bateram o martelo e disseram que iriam intervir em Gravataí'.


Jarbas Lima fala sobre a ética do MP
O promotor público e ex-deputado federal Jarbas Lima enfatizou, ontem à noite, durante o painel 'Ministério Público, Ética e Mídia', no 7º Congresso do Ministério Público, que a ética do MP está diretamente relacionada à defesa dos interesses da sociedade. 'Ser ético significa ter consciência do dever de representar a sociedade em quaisquer circunstância s.' Para ele, o promotor ético deve defender a ordem jurídica, o regime democrático e as garantias da sociedade e individuais do cidadão. Também fizeram explanações o promotor Paulo Camargo e o jornalista Luís Garcia. O presidente da mesa foi o procurador-geral da Justiça do Estado, Cláudio Barros Silva.


Agenda dos candidatos

HOJE
11 Celso Bernardi (PPB)
10h: Tupandi. 11h15min: inauguração de comitê em Harmonia. 12h: São José do Sul. 14h: Brochier. 15h30min: Maratá. 17h: Pareci Novo. 18h30min: Capela de Santana. 20h: Portão. 21h30min: Comício em São José do Hortêncio. 22h30min: Baile da Juventude em Nova Santa Rita.
13 Tarso Genro (PT-PCB-PC do B-PMN)
12h30min: Sapiranga. 13h50min: Parobé. 17h30min: caminhada O Povo Negro na Frente Popular, com saída do Colégio Parobé, em Porto Alegre.
15 Germano Rigotto (PMDB-PSDB-PHS)
10h: gravação de programa de TV. 15h: reunião da coordenação de campanha. 19h30min: São Vendelino.
22 Aroldo Medina (PL-PGT-PSD)
20h: Teutônia.
43 José Vilhena (PV)
19h: Encontro com ativistas do PV.


Líderes do Interior pedem candidato próprio
Enquanto a cúpula do PDT estava reunida à tarde, na sede regional do partido, prefeitos e lideranças do Interior do Estado enviaram cartas à direção rejeitando possíveis decisões que viessem a ser tomadas. Grupo de Sarandi, encabeçado pelo prefeito Reinaldo Nicola, argumentou que o PDT não poderá enfrentar eleição sem candidato próprio, lembrando que a direção estaria desfazendo decisões tomadas durante convenção. 'O PDT é grande demais para ser comandado por um conselho político e, sobretudo, para ser um departamento submisso a partido que surgiu ontem e cujo líder maior combatemos até poucas horas', afirmou o grupo de Sarandi na nota, referindo-se ao PPS.

Os prefeitos de Ijuí, Valdir Heck; de Arambaré, José Carlos Rassier; e de Carlos Barbosa, Fernando Xavier, enviaram documento pedindo a manutenção da candidatura de José Fortunati ao governo ou, ao menos, a garantia de que o partido terá representante ao Palácio Piratini. O grupo também considerou no texto que substituir Fortunati por qualquer outro nome do partido representaria desrespeito à sua dignidade e à vontade majoritária da base em todo o Estado.


Aécio quer mudar data da posse do presidente
O presidente da Câmara dos Deputados, Aécio Neves, do PSDB, apresentará proposta de emenda constitucional mudando para 6 de janeiro a posse do presidente da República. Aécio defende que a atual data, 1º de janeiro, impede que chefes de Estado e autoridades compareçam à cerimônia. O presidente do Senado, Ramez Tebet, do PMDB, concorda com a idéia, dizendo que seria uma alteração racional.


Ciro entra como novo negociador
Se Collares não for convencido a concorrer, PDT vai elaborar programa para encaminhar ao PPS

O presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, afirmou ontem que o candidato da Frente Trabalhista à Presidência, Ciro Gomes, será o avalista do programa do partido no Estado. Após quase cinco horas de reunião, na sede estadual do PDT, a cúpula do partido resolveu aceitar a renúncia de José Fortunati ao Piratini, insistir para que o deputado Alceu Collares assuma a candidatura e, na hipótese de ele não aceitar o apelo, elaborar programa de governo com cinco ou seis pontos básicos a ser encaminhado a Ciro para debater com o PPS. Brizola desconversou quanto à possível adesão à candidatura do PPS ao governo do Estado, dizendo se tratar de hipótese 'praticamente inexistente'. Em seguida, porém, salientou que o PDT não trabalha com a idéia de apoiar pessoas. 'Não vou falar em fulano ou beltrano, mas num programa com garantias de ser viabilizado. Ciro também deseja isso. Agora, se surgir gente à direita ou à esquerda disposto a empurrar esse caminhão, tudo bem', insinuou.

Brizola reafirmou que a campanha de Ciro é prioritária e garantiu nunca ter vetado a candidatura do PPS no Rio Grande do Sul. Segundo ele, foi o candidato à Presidência quem escolheu seu palanque aqui, optando pelo do PDT 'espontaneamente'. Ele voltará a Porto Alegre segunda-feira para tentar resolver a situação do partido. Até lá, manterá a campanha suspensa. Brizola pediu que os partidários reflitam e não se deixem levar por 'oportunistas que aparecerão para tentar nos envolver'. Apesar de lideranças do PDT não aceitarem a idéia, provavelmente o partido ficará sem candidato ao governo, pois não foram apresentadas alternativas ao nome de Collares. Além da hipótese de apoio ao PPS, há ainda a possibilidade de o PDT disputar somente as eleições proporcionais. Os pedetistas terão de resolver também até segunda-feira de que forma será viabilizado o programa desejado por Brizola.


Rigotto promete atender a todos os municípios
Germano Rigotto, candidato da União pelo Rio Grande (PMDB-PSDB-PHS) ao governo, defendeu ontem projeto de desenvolvimento baseado no apoio a todos os municípios. 'Vamos tratar as microrregiões com suas necessidades específicas, evitando que municípios maiores acabem mais beneficiados', afirmou. Rigotto foi o palestrante da reunião-almoço promovida pela Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresa, na Igreja Pompéia.


Serra aposta na criação de vagas
José Serra, que concorre à Presidência da República pela aliança PSDB-PMDB, garantiu ontem, na sede da Embrapa, em Brasília, que numa estimativa conservadora é possível criar nos próximos quatro anos cerca de 8 milhões de empregos no Brasil. Na avaliação do tucano, a agricultura tem um papel fundamental nesse processo. 'Em termos de comparação, R$ 1 milhão em investimentos na agropecuária gera 202 mil empregos. O mesmo valor injetado no comércio gera 149 mil; na construção civil, 101 mil; e na indústria automobilística, 85 mil'', afirmou.

O candidato pretende aumentar para 2% o Produto Interno Bruto da agricultura em investimentos para os próximos anos, o que significa injeção de recursos de R$ 2,5 bilhões. Segundo ele, a geração de emprego na agricultura, além de melhorar a balança comercial brasileira, tem papel social fundamental. Serra também defendeu a ida do governo ao FMI. O candidato considera a negociação importante para trazer tranqüilidade ao país, evitando que a crise econômica se reflita em desemprego. O tucano não quis comentar as declarações do FMI, condicionando o fechamento de acordo com o Brasil ao comprometimento de todos os candidatos à Presidência com a manutenção da política econômica do país. 'Eu não ouvi essa declaração, mas posso falar por mim. Eu não defendo acordo por uma questão eleitoral, mas como brasileiro, cidadão e senador', ressaltou.


Rosinha lidera disputa ao governo do Rio com 32%
Pesquisa Ibope divulgada ontem ao governo do Rio aponta Rosinha Matheus, do PSB, com 32% das intenções de voto, seguida por Jorge Roberto Silveira, do PDT, com 16%. Em terceiro está Benedita da Silva, do PT, com 14%. Votarão em branco ou anularão 10% dos eleitores e 16% ainda não sabem em quem votar. As entrevistas foram feitas em todo o Estado com 1,2 mil eleitores entre 28 e 31 de julho. A margem de erro é de 2,8 pontos percentuais.


Receita divulga cadastro para comitê abrir conta
A Receita Federal iniciou a divulgação dos números de inscrição do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) dos candidatos e dos comitês de campanha. Com isso, eles terão cinco dias úteis para abrir conta bancária específica, que centralizará as doações financeiras. Recursos da campanha em outras contas deverão ser transferidos para essa. O site www.receita.fazenda.gov.br fornece o número da inscrição no CNPJ aos candidatos.


Maluf tem 32% e Alckmin, 22%, segundo o Ibope
Paulo Maluf, do PPB, tem 32% das intenções de voto ao governo de São Paulo segundo pesquisa do Ibope divulgada ontem. O governador Geraldo Alckmin, do PSDB, fez 22% e José Genoíno, do PT, 11%. Na simulação de 2O turno, Maluf venceria Alckmin por 44% a 40% e Genoíno por 51% a 31%. O Ibope ouviu 1,2 mil eleitores em 66 municípios entre 28 e 31 de julho. A margem de erro é de 2,8 pontos percentuais.


Lula prega mudança imediata
O candidato da aliança PT-PL-PC do B-PCB-PMN, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu ontem, em São Bernardo do Campo, São Paulo, mudança imediata da política econômica do governo. Segundo ele, o acordo com o FMI será paliativo caso não haja a recuperação de crédito do Programa de Financiamento às Exportações e a aprovação da minirreforma tributária no Congresso para desonerar a produção e acabar com o efeito cascata de alguns impostos.

Lula cumpriu agenda social na cidade, onde visitou centro de recuperação de crianças carentes mantido por funcionários da Volkswagen. 'Gostaria que procurássemos outro remédio que não fosse o FMI porque, se pegarmos 10 bilhões, 15 bilhões de dólares agora, esse dinheiro poderá durar somente quatro ou cinco meses se o governo não fizer o que precisa', argumentou.

De acordo com Lula, o governo federal precisa admitir que a única saída para este momento de crise é mudar o modelo econômico. 'Se você está na linha do trem e vê que ele surge, deve ser esperto e sair do trilho', comparou. O candidato do PT afirmou que tem visto integrantes da equipe econômica 'já sem a prepotência que demonstravam há um ano, quase melancolicamente percebendo que fracassaram'. O deputado federal Aloizio Mercadante voltou a afirmar que o PT está aberto ao diálogo com o governo para tratar da atual crise econômica.


Garotinho: FHC vai dividir fracasso
O candidato do PSB ao Palácio do Planalto, Anthony Garotinho, afirmou ontem que o presidente Fernando Henrique Cardoso busca repartir o seu fracasso com os concorrentes, ao comentar a proposta de acordo de transição com o FMI. 'O governo quer que o próximo presidente mantenha a mamata de Fernando Henrique aos banqueiros. Eu não vou fazer isso', salientou. Garotinho disse que não quer assumir nenhum compromisso antes de conhecer os termos do eventual acordo. 'Falam que o FMI não abriria mão da manutenção das elevadas taxas de juros. Ora, isso é da competência da equipe econômica do governo', afirmou o candidato.


Freire acha vazias acusações ao vice
O presidente nacional do PPS, senador Roberto Freire, afirmou ontem que o partido defenderá Paulo Pereira da Silva, candidato a vice na chapa presidencial de Ciro Gomes. Freire se reuniu com Paulinho em São Paulo. Para ele, as acusações são vazias. Acrescentou que as denúncias sobre negociações de Paulinho com empresários em relação ao pagamento de abono aos trabalhadores e isentando os patrões de INSS e FGTS não devem ser analisadas do ponto de vista político. Em relação à suposta compra superfaturada de fazenda, quando presidente da Força Sindical, com dinheiro do Banco da Terra, Freire lembrou que o governo federal não denunciou Paulinho.


Artigos

Concurso para funcionários
Lucia Camini

O governo do Estado realiza, neste domingo, um concurso histórico no Rio Grande do Sul, para seleção de funcionários de escola. Não é somente pelo elevado número de participantes, mais de 160 mil inscritos, mas como o marco referencial do processo de valorização destes trabalhadores em educação. O grande movimento de inscrições tem como uma de suas razões a confiança na nomeação. Em três anos, na área da educação, foram nomeados mais de 23 mil professores para atender às necessidades da rede estadual. No concurso anterior, que incluiu funções para funcionários de escola (1993), somente 117 aprovados foram chamados.

O concurso deste final de semana é a culminância de um processo que se iniciou com a criação do Quadro dos Servidores de Escola em 2000 (lei nO 11.407) e, em 2001, com a aprovação do Plano de Carreira dos Funcionários de Escola (lei nO 11.672). A organização da carreira levou a publicação das promoções atrasadas desde 1989, que contemplam 21.364 funcionários com um acréscimo de 6% no seu vencimento básico. Outras ações, como a incorporação da parcela autônoma e o enquadramento no novo plano, que permite a mudança de nível, resgatam antigos direitos e permitem o acesso a novos.

Além da organização funcional, o Plano de Carreira dos Funcionários de Escola, construído com a participação da categoria, estabelece uma nova concepção de trabalho, respeitando os funcionários como sujeitos promotores da educação: agente educacional I (manutenção de infra-estrutura e alimentação) e agente educacional II (administração escolar e interação com o educando). Mais do que uma nova nomenclatura, as ações desencadeadas estão fundamentadas na concepção de que o funcionário é um educador, exercendo papel fundamental no processo político-pedagógico da escola.

Neste domingo, o concurso público para seleção de funcionários de escola referenda uma relação de respeito e valorização dos trabalhadores, integrados no fortalecimento da educação. Juntos construímos uma escola pública de qualidade social, com professores e funcionários nomeados, qualificação dos espaços pedagógicos, participação da comunidade e permanente processo de formação. Somos todos sujeitos no processo de aprender e ensinar.


Colunistas

PANORAMA POLÍTICO - A. Burd

UM DESVIO PARA CHEGAR AONDE QUER
Diante da retirada de José Fortunati de cartaz, Leonel Brizola sobe ao palco para um exercício que não lhe é estranho: o contorcionismo. Como de costume, arrasta o espetáculo. Um dirigente do partido ressaltou: 'O chefe levou ontem cinco horas na reunião da cúpula do PDT para desenhar o nosso futuro na sucessão estadual. Quarta-feira, pelo telefone, me disse a mesma coisa em apenas dez minutos'. O contorcionismo se dá por uma triangulação. Em vez de falar diretamente com as lideranças do PPS gaúcho, a quem criticou em ocasiões anteriores, inclui Ciro Gomes como intermediário. Por enquanto, põe o deputado federal Alceu Collares como biombo para não revelar a vacância de candidatura. A sua platéia aplaudiu freneticamente.

LANCE FUTURO
Por conta do otimismo, Brizola acena com ministérios. Garantiu a Collares que, se aceitar concorrer ao governo e não for bem sucedido, terá recompensa. Desgosta ao ex-governador tratar sobre hipóteses.

REI DA FRASE
Brizola só não se decidiu ontem pelo apoio à candidatura do PPS porque, no entendimento do deputado federal Pompeu de Mattos, 'não dá para anunciar o casamento da viúva no velório do marido'.

BOMBEIRO
1) Brizola chegou anunciando que agosto é mês das queimadas no Estado. 'Por isso, o PDT pegou fogo e vim apagar o incêndio, porque as coisas estavam passando do limite', justificou. A afirmação teria também sentido duplo, alcançando Fortunati; 2) quem acompanhou a reunião de apoio a Fortunati, quarta-feira à noite, na Câmara, imaginava que ontem Brizola seria submetido a tiroteio verbal. Bateu medo e se calaram.

EM CHOQUE
O ex-presidente regional do PDT, deputado federal Airton Dipp, rompeu a mudez e, na reunião de ontem, levantou a voz. Defendeu candidato próprio ao governo do Estado e entrou em choque com Brizola.

BARREIRA
Batalhão dos heróis da resistência por candidato próprio, além de Dipp, são Vieira da Cunha, Lícia Peres, Miguelina Vecchio e Pedro Ruas. Brizola vai matá-los no cansaço.

É PROVISÓRIO
A irreverência do deputado Vieira da Cunha poderá ter um preço: em conversas informais, Brizola alerta que o seu cargo de presidente regional do PDT é provisório. Vale lembrar: às vésperas da eleição da executiva, em março deste ano , ele preferiu evitar disputa entre Alceu Collares e Pedro Ruas, indicando Vieira para comandar o mandato-tampão.

CONJETURA
O vereador João Bosco lançou nota, ontem, garantindo que sua candidatura ao Senado se mantém. Nos bastidores do PDT, cresce a tendência de que é hora de se vingar, juntamente com o PTB, da senadora Emília Fernandes. Bastaria jogar os votos na reeleição de José Fogaça.

AGRADA
O senador mineiro José Alencar, vice de Lula, foi recebido com reservas quarta-feira pela Federação das Indústrias de Santa Catarina. Virou o jogo, agradando à maioria dos empresários. Bem que a Fiergs poderia convidá-lo para fazer o mesmo teste.

SOBE
Resultado do aumento do dólar e da inflação na Argentina: o litro de gasolina que os brasileiros pagavam o equivalente a R$ 0,90 ao passar a fronteira chega agora a R$ R$ 1,35. Mesmo assim, ainda compensa.

APARTES
PT Amplo, Pólo e Rede se reúnem hoje para avaliar a participação da Democracia Socialista, que acham fraca, na campanha do PT ao Piratini.

Tarso Genro a empresários na 4a-feira: 'Programa do PT para o governo do Estado não tem dogmas'.

Brizola não admite hipótese de ser vice de Ciro, se Paulinho da Força Sindical vier a desistir. Alega que teve uma péssima experiência com Lula.

Resultado do sorteio: Garotinho será o primeiro a aparecer, no dia 20, quando começarem os programas de propaganda em rádio e TV.

Comitê de Serra em Porto Alegre tem endereço: rua Edu Chaves, 330.

PMDB ocupa hoje Esquina Democrática, que já foi sua fortaleza.

Comer o mingau quente pelas bordas é a tática da qual os políticos mais experientes jamais vão abrir mão.

Deu no jornal: 'Serra faz de Ciro o alvo'. Inaugura o Ciro ao alvo.

Miragem é efeito ótico que acomete um certo coordenador de campanha.


Editorial

INTOLERÁVEL AGRAVO

Pedro Luís Corrêa de Castro foi ministro da Fazenda no governo do general Dutra entre 22 de outubro de 1946 e 10 de junho de 1949. Saiu quase dois anos antes de findar o mandato do presidente. Tudo por uma razão singular: em carta ao secretário do Tesouro norte-americano, pediu empréstimo para o Brasil 'não sucumbir ao longo do caminho'. Divulgada, tal carta provocou reação fulminante na opinião pública, na qual se envolveram políticos, estudantes, sindicalistas, profissionais liberais, enfim, todas as representações da sociedade brasileira. O homem durou apenas poucos dias no ministério depois do movimento da opinião pública. Era um tempo em que, recém-vitoriosa a democracia na Segunda Grande Guerra, o sentimento cívico estava à flor da pele do povo. Uma afronta aos seus padrões de honradez e dignidade, vinda de onde viesse, era intolerável. Foi o sucedido então.

Agora, pouco mais de meio século depois, é um estrangeiro que ousa a afronta, o senhor Paul O'Neill, secretário do Tesouro americano. Diz ele à imprensa de seu país que 'o Fundo Monetário Internacional deve analisar com muito cuidado qualquer pedido de financiamento feito por Brasil, Argentina ou Uruguai porque sempre haverá o risco de o dinheiro ir parar em contas individuais na Suíça'. Em suma, acusação formal aos políticos dos três países a quem cabe a aplicação de recursos financeiros captados nas fontes de créditos internacionais. O presidente Fernando Henrique, dê-se-lhe o mérito, tomou a única decisão que o agravo impunha: chamou a embaixadora dos Estados Unidos em nosso país para exigir de seus superiores, em Washington, medidas diplomáticas adequadas de reparação do insulto. A embaixadora Donna Hrinak recebeu do ministro Celso Lafer o protocolo e prometeu remetê-lo a seu governo com a nota especial de que FHC não receberia o detrator em nosso território até segunda ordem. Com a apresentação formal de desculpas por parte do governo da Casa Branca, abriu-se o caminho do entendimento, com a superação do impasse.

Comparando os dois episódios citados acima, pelo menos neste último não foi necessário haver nenhum movimento da opinião pública, como em 49 dias da impassibilidade do presidente Dutra na tardia punição a seu imprudente ministro da Fazenda. A diferença é que então o agravo vinha de brasileiro.


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08/02/2002


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