FREIRE QUER EXPLICAÇÕES SOBRE INTERDIÇÃO DE CENTRO DE PESQUISA



O senador Roberto Freire (PPS-PE) pediu à Marinha explicações sobre a interdição do Centro Brasileiro de Testes de Turbinas Eólicas, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em Olinda, núcleo de pesquisa avançada na geração de energia pelo vento. A disputa pelo terreno, entre a Marinha e a UFPE, está resultando em deterioração dos equipamentos e perda dos pesquisadores estrangeiros, o que já significa um prejuízo da ordem de US$ 1 milhão em recursos públicos, informou o senador.

- A Marinha não usa argumento técnico capaz de impedir a instalação do Centro, esgrimindo apenas frágeis e inconsistentes questões jurídicas sobre o contrato de cessão do terreno ao Governo de Pernambuco - afirmou. Elelamentou que todo o diálogo entre as partes tenha sido "substituído por autoritarismo e arbitrariedades". Freire declarou que "o que se assiste é a um cerco militar, com a proibição do acesso ao local a técnicos e pesquisadores e, portanto, a paralisia do Centro."

Considerou o senador serem inegáveis a qualidade e a seriedade do projeto, apresentando como comprovação disso o apoio que a instituição tem recebido do governo federal, a exemplo dos Ministérios da Ciência e Tecnologia e do Meio Ambiente, Finep e CNPq, além dos convênios com o governo estadual. Argumentou também que as obras do Centro não interferem na visibilidade do sítio histórico de Olinda, segundo já atestou a Secretaria do Patrimônio Histórico.

Roberto Freire disse temer, entretanto, que se confirme a versão publicada pela imprensa, segundo a qual, o comando da Marinha na região pretende construir uma vila militar no local em que funciona o Centro. Para ele, no entanto, o empreendimento seria ilegal porque a área é declara non aedificandi pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

- Dizer que energia é uma das áreas estratégicas para o desenvolvimento de qualquer país, ainda que seja o óbvio, parece não ser tão óbvio assim aos olhos do governo. O que vem acontecendo no Centro (...) é uma espécie de perseguição impensada, inacreditavelmente empreendida pela Marinha a um Centro de excelência que tem profissionais competentes e apoio institucional e financeiro de diversos órgãos nacionais e internacionais - afirmou Freire.

Defendendo a energia eólica por ser renovável e não poluente, Roberto Freire informou que os ventos podem gerar 63 milhões de MW por hora/ano - "energia suficiente para iluminar várias capitais brasileiras"- proporcionando uma economia de até 50% em relação a outras fontes. Além disso, destacou que os ventos da região Nordeste "são considerados os melhores do mundo para a geração desse tipo de energia, por soprarem a uma velocidade superior ao dobro do mínimo recomendável para a produção comercial de energia eólica".

03/04/1998

Agência Senado


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