Fundo internacional de combate à fome proposto por Lula recebe apoio de senadores



A criação de um fundo internacional para o combate à fome e à miséria nos países do Terceiro Mundo, proposta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no 33º Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, recebeu o apoio de vários senadores, inclusive do vice-líder do governo Fernando Henrique Cardoso, senador Romero Jucá (PSDB-RR).

O pronunciamento feito por Lula, no último domingo (26), propõe que o fundo seja formado por recursos do grupo integrado pelos países mais ricos do mundo, o G-7, contando ainda com o apoio de investidores internacionais. O discurso do presidente, na visão do senador Tião Viana (PT-AC), serviu de alerta sobre as desigualdades sociais no mundo.

- Todos os dias morrem cerca de 35 mil crianças neste planeta em função da fome. É preciso uma iniciativa da comunidade internacional no sentido da solidariedade, da ética na política, da ética como gestão de Estado - declarou Tião Viana. O senador elogiou também a participação do presidente brasileiro em Davos, onde foi recebido como uma grande liderança, segundo afirmou.

O senador Roberto Saturnino (PT-RJ), que participou do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, considerou coerente a posição de Lula de tentar, com a sua participação, construir uma ponte entre os dois eventos, que pela terceira vez acontecem simultaneamente.- Isso foi feito para alcançar essa finalidade. Esse objetivo foi atingido plenamente. Davos recebeu Lula como sendo um emissário de Porto Alegre - afirmou Saturnino.

Entretanto, na opinião de Jucá, a iniciativa de Lula no Fórum Econômico Mundial esbarrou no discurso do ministro da Fazenda, Antônio Palocci, que defendeu o aumento do superávit primário (receita menos despesa, excluindo o pagamento com os juros da dívida pública brasileira) para um patamar superior aos 3,75% do Produto Interno Bruto (PIB), acertado com o Fundo Monetário Internacional.

O senador acha que existe uma contradição entre os dois pronunciamentos.-O discurso do ministro da Fazenda foi diferente do de Lula, porque disse algo de concreto que não é bom para o Brasil: o aumento do superávit primário para mais de 4%-, comparou. Isso, na visão de Jucá, implica em reduzir ainda mais os investimentos sociais em áreas produtivas como a agricultura e mais arrocho para o povo brasileiro. -É algo que não podemos aprovar e nem gostar de ter ouvido-, completou.

O presidente Lula encontra-se nesta terça-feira (28), em Paris, depois de ter visitado a Alemanha. Na capital francesa, deverá manter reuniões com o primeiro ministro, Jean-Pierre Raffarin e com o presidente Jaques Chirac, além do dirigente do FMI, Horst Köhler. Seu retorno ao Brasil está previsto para as 18h. As entrevistas dos senadores foram dadas à Voz do Brasil.



28/01/2003

Agência Senado


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