Garotinho não admite conversar com o PT









Garotinho não admite conversar com o PT
Candidato do PSB afirma manter independência e revela otimismo com a evolução de sua campanha

O candidato do PSB à Presidência, Anthony Garotinho, disse ontem que a pesquisa Datafolha divulgada no sábado "confirma que o eleitor está em busca de propostas, e não de agressões", numa referência velada aos ataques da campanha do candidato José Serra (PSDB) ao presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no programa eleitoral. Ele também negou que tenha sido procurado pelo presidente nacional do PT, José Dirceu, para eventual apoio no primeiro turno. "Não tenho nada para conversar com o PT nem com ninguém. O PT será nosso adversário no segundo turno", afirmou.

Na pesquisa, Garotinho ganhou um ponto em relação à consulta anterior e tem 15% das intenções de voto. Está tecnicamente empatado com Ciro Gomes (PPS), que oscilou negativamente dois pontos e ficou com 13%.

José Serra também caiu dois pontos e tem 19%. Já Lula cresceu quatro e atingiu 44%. "A pesquisa confirma o que venho afirmando: eu e Lula estaremos no segundo turno. E eu vou ganhar as eleições", declarou Garotinho, pouco antes de embarcar para o Rio Grande do Sul.

Segundo ele, o Datafolha revela que há uma tendência de crescimento de sua candidatura e um enfraquecimento de Ciro e de Serra. "O nosso crescimento está se dando em todas as regiões, em todas as faixas etárias. Ciro, por exemplo, só está na nossa frente no Nordeste. Serra se encontra empatado conosco no Sudeste."

O presidenciável atribuiu o seu desempenho na pesquisa às propostas que vem apresentando no programa eleitoral gratuito. "Quando a campanha começou, o nosso índice de rejeição era maior, pois não tínhamos a oportunidade do contraditório. Com o horário eleitoral, o eleitor pôde conhecer nossas propostas, a rejeição diminuiu e a nossa candidatura cresceu."

Segundo o Datafolha, Garotinho apresenta hoje a menor taxa de rejeição (27%) entre os candidatos, seguido por Lula (29%), Ciro (33%) e Serra (34%). O candidato disse que sua campanha, até agora concentrada no Rio de Janeiro, será intensificada a partir de desse momento.


Lula diz que não fará milagres
O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, disse, em Governador Valadares (MG), que não vai "poder fazer milagre no primeiro ano" de governo, caso seja eleito.

"Até um filho, que é a coisa que a gente mais adora no mundo, demora nove meses para nascer e mais nove meses ou um ano para andar", afirmou.

Na edição de ontem, o jornal americano The Washington Post destacou, em reportagem, a mudança do discurso de Lula durante a campanha eleitoral e a possibilidade de vitória do candidato do PT, ainda no primeiro turno.


Preso o maior fraudador de Pernambuco
A Polícia Federal prendeu ontem, na Praia de Pipa, litoral Sul do Rio Grande do Norte, o empresário Virgílio Umbelino de Barros, um dos 16 acusados de participar de fraudes em licitações, sonegação, tráfico de influência, peculato e furto, entre outros crimes, em Pernambuco. O empresário pernambucano estava foragido desde a última sexta-feira.

Segundo informou o plantão da Polícia Federal em Recife, Vírgílio se entregou aos policiais ao meio-dia. Ele deverá ser encaminhado ao Regimento Dias Cardoso, em San Martin, bairro da Zona Oeste do Recife.

A prisão do empresário Virgílio Umbelino, dono da AV Construtora, encerra a Operação Vassourinha, da PF, deflagrada sexta-feira, quando 110 agentes da polícia federal chegaram sob sigilo ao Recife para prender 16 pessoas acusadas de pertencer a um grupo formado por políticos, empresários e policiais. Foram cumpridos 24 mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal. A Operação Vassourinha foi iniciada há dois anos.

O Tribunal Regional Federal, da 5ª Região, negou, até agora, todos os habeas- corpus impetrados pelos advogados dos acusados. Duas pessoas estão sob custódia da Polícia Federal e um policial está no Centro de Reeducação da Polícia Militar em Paratibe, Região Metropolitana do Recife.


A hora e vez do mau pagador
Comércio faz assédio a clientes inadimplentes para sustentar as vendas e garantir lugar no mercado

Num mercado cada vez mais competitivo, as empresas estão se desdobrando para reabilitar o mau pagador e reconquistá-lo como cliente. A palavra de ordem, hoje, é mostrar para os inadimplentes (não os caloteiros) que eles são importantes para a empresa. Neste sentido, até a abordagem aos devedores está mudando.

Nas empresas, uma prática cada vez mais comum é o treinamento de funcionários do setor de cobrança para que eles saibam como abordar o inadimplente. "Estas pessoas precisam ser preparadas para reconquistar o consumidor que está com algum débito na loja", explica Ary Ferreira Júnior, gerente de orientação empresarial do Serviço de Apoio a Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/DF).

Segundo ele, a empresa deve fazer com que o cliente saiba que, mesmo o devedor, é importante para ela. Até a carta de cobrança, que a empresa remete ao inadimplente não deve contribuir para baixar sua auto-estima. "Tem de usar palavras amigáveis, chamando o cliente para negociar. Tem de ser meio psicólogo nesta hora", diz o consultor.

A empresa, de acordo com Ary Ferreira Júnior, deve mostrar ao cliente cadastrado, que tem algum débito na loja, que está sempre disposta negociar. "Dependendo da forma com que o devedor é abordado, deixa de voltar a comprar na loja, e muitas vezes por causa de um débito pequeno", alerta o consultor do Sebrae-DF.

Ele lembra que, com a atual crise econômica, qualquer cliente pode se tornar um devedor. Dependendo da situação, vale a pena, segundo ele, baixar juros ou cobrar somente o valor principal da dívida. "O importante é manter a fidelização entre cliente e a empresa", ressalta.
Mas antes de saber cobrar, as empresas se cercam de cuidados especiais para evitar que o cheque do cliente volte por falta de fundos ou que a compra no cartão de crédito vire mais um caso de inadimplência. Fazer consultas aos bancos e ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) são as práticas mais usadas. "Manter um cadastro sempre atualizado também é muito importante", observa Ary Ferreira Júnior.

Pelo menos uma vez por ano, o setor financeiro da Casa dos Parafusos atualiza seu banco de dados. Há dois anos, a empresa também investiu em treinamento dos funcionários do setor de cobrança e obteve resultados positivos. "A inadimplência baixou para patamares aceitáveis", garante Rogério Vieira, do departamento financeiro da empresa, sem dar maiores detalhes.
O índice de inadimplência mensal no Distrito Federal, medido pela Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), está em torno de 2%. Existem cerca de 400 mil pessoas com o nome no SPC, número que vem se mantendo estável nos últimos meses.

Empresa procura fidelidade
Para Rogério Vieira, da Casa dos Parafusos, manter um banco de dados (atualizado) dos clientes é de fundamental importância para diminuir os índices de inadimplência. "A gente precisa saber para quem estamos vendendo", ressalta.

Com 43 anos de existência no mercado, a empresa cultiva clientes fiéis. Mas, como qualquer outra, não está livre da inadimplência. "Quando isto ocorre, a gente usa uma estratégia para cada caso. O objetivo é sempre encontrar uma solução boa para a empresa e o cliente", assegura Rogério Vieira. O importante, segundo ele, é saber distinguir o oportunista do cliente que realmente está com dificuldades financeiras e não está conseguindo manter o pagamento da sua dívida em dia.
O marceneiro Francisco Neuton de Carvalho Maciel, 37 anos, compra na Casa dos Parafusos há 20 anos. Há quatro, ele teve o seu nome incluído no SPC por causa de um cheq ue mal preenchido que emitiu na loja. "Fiquei indignado com isto, pois afinal eles podiam ter me avisado disto", diz.
Para reconquistar o cliente, a empresa, um ano depois, deixou que ele pagasse só o valor principal da dívida, sem juros. Com o novo conceito de inadimplência, absorvido pela loja há dois anos, mesmo quando atrasa as suas prestações, Francisco é tratado como cliente vip pela empresa. "Não é raro atrasar o pagamento do débito, pois sou desorganizado", confessa o marceneiro.

CDL prevê quitações
Com uma economia instável, a inadimplência é automática, lembra Pedro Américo, presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas. Mas ele acrescenta que, onde existe critério mais rigoroso nas vendas a prazo e uma tática mais habilidosa na cobrança, a inadimplência pode ser menor.

"Este tipo de tática funciona mesmo. Há casos de empresa que conseguiu baixar de 3% para 0,2% o índice de inadimplência depois que mudaram o seu conceito de inadimplência", afirma Ary Ferreira Júnior, do Sebrae/DF.

Reabilitar o cliente inadimplente é tão importante para o comércio que, no final do ano, quando as vendas de Natal incrementam o setor, as lojas se unem com as financeiras, bancos, entre outras instituições, e oferecem vantagens para que os devedores quitem seus débitos e voltem a comprar.

As vantagens vão de redução de juros à dilatação do prazo de pagamento da dívida. "O lojista não tem interesse que o cliente fique inadimplente", destaca Pedro Américo. Ele ressalta, porém, que o envio do nome do devedor para o SPC não é uma prática incomum. "O que difere, porém, é a tolerância das empresas".

Cliente ruim deixa rastro
Numa mesma carteira de clientes, existem três tipos de devedores: os maus pagadores, o devedor crônico e o caloteiro. Cada um tem um perfil diferente. O caloteiro, neste caso, é o único que deve ser descartado pela empresa.

"O caloteiro é caso de polícia, pois compra com cheque roubado, falsifica CNPJ, CPF e comete outros tipos de crimes", ressalta Ary Ferreira Júnior, do Sebrae/DF. O devedor crônico, segundo ele, é aquele cliente que tem endereço e emprego fixos, referências comerciais, mas sempre atrasa as prestações porque não consegue controlar, de forma organizada, as suas contas.

O mau pagador é aquele que mantém suas contas em dia por um período, mas depois atrasa um tempo. "Ele gosta de obter benefícios, como descontos e redução dos juros, quando vai acertar o seu débito atrasado", diz Ary Ferreira Júnior.

Em geral, diz ele, os caloteiros costumam atacar no final do mês. "Depois do dia 25, começam a chegar as duplicatas e tem comerciante que começa a entrar em desespero para vender. Muitas vezes, a inadimplência está relacionada com a situação da empresa", observa.

Os caloteiros escolhem também horários estratégicos para comprar (depois das 16h, quando já é mais difícil fazer consultas a bancos, SPC, entre outras). Em geral, não negociam descontos e outras vantagens na hora da compra e costumam levar a mercadoria na hora. Não esperam a loja entregar.

"O caloteiro nunca aplica o golpe num lugar só. Então, se a empresa tem uma rede deve fazer uma consulta informal às filiais para se precaver", orienta Ary Ferreira Júnior. O caminho também para se evitar a inadimplência, segundo ele, é ter uma rede de contatos com outras empresas.
Observar pequenos detalhes nas compras a prazo, feita por clientes novos, como a data de abertura da conta bancária que vem no cheque, também pode ajudar, garante Ary Ferreira Júnior. "Clientes com contas mais antigas, em geral, são mais confiáveis".


Economize mais de R$ 600 com as tarifas bancárias
Refaça as suas contas e verifique qual banco está te dando a maior vantagem financeira

O que você precisa do seu banco? Essa deve ser a primeira pergunta a ser feita ao escolher a instituição financeira e o tipo de conta que você vai manter. Isso porque a diferença entre as tarifas cobradas é grande, passa dos 240%. Se você fizer a escolha certa, pode economizar muito, já que o valor das tarifas supera R$ 600 por ano – quantia suficiente para comprar um pacote para Porto Seguro, na Bahia, e descansar do estresse causado pela situação econômica, sua, do País e do mundo.

Os dados são resultado de uma pesquisa realizada pela Pro Teste – Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, em 15 dos maiores bancos que operam no País.

Para fazer a comparação entre os bancos, o teste considerou cinco cestas de serviços para ver o que contém cada uma. Além disso, levou em conta os pacotes de tarifas (em que o cliente paga um valor fixo por mês e tem direito a alguns serviços) e a soma das taxas que corresponderiam ao pacote (o que chamou de conta básica). Em cada um dos pacotes, apontou qual seria a escolha certa, a mais econômica da categoria.

Faça a melhor escolha Pacotes de tarifas
  • Na cesta 1, a mais simples do teste, a escolha certa foi a conta Classe A, do Banco do Brasil, com custo anual de R$ 132,90.

  • A mais cara foi a Conta Premium, do Citibank, na cesta 2, com custo de R$ 454,80. A diferença é de R$ 321,90, ou 242%.

  • Na cesta 3, a mais completa da pesquisa, que inclui produtos como cartão de crédito internacional e cheque especial, o percentual de diferença foi menor, de 179%. O valor líquido economizado com a escolha certa, foi maior – a mais cara custou R$ 981 por ano (pacote do BBVA), contra R$ 352 (Conta Exclusivo do Banco do Brasil). A economia foi de R$ 629.

    Como escolher
  • Diante das diferenças encontradas nas tarifas, uma boa pesquisa entre as instituições financeiras é fundamental antes da contratação – ou até para trocar de banco.

  • O consumidor deve escolher uma agência perto da residência ou do local de trabalho, conferir, pessoalmente ou por telefone, todos os documentos e requisitos necessários para abrir a conta, e prestar muita atenção em tudo o que tiver de assinar – pergunte, e se as dúvidas persistirem, não assine.

  • Outro cuidado fundamental é exigir o contrato e a tabela de tarifas antes de contratar.

  • O valor muito elevado das tarifas acaba impossibilitando para muitos a abertura de uma conta corrente.

  • Quem sofrer cobrança indevida de uma tarifa – que não tenha sido comunicada previamente e que não tenha o consentimento do consumidor – deve reclamar por escrito à instituição financeira.

  • Se não tiver êxito na reclamação, ainda é possível recorrer a um órgão de defesa do consumidor, ao Juizado Especial Cível ou à Justiça Comum.

    Problemas nos contratos
  • O teste identificou nos contratos três problemas principais, a que o consumidor deve estar atento:

  • Juros e tarifas – os contratos não informam os juros etarifas, e o consumidor acaba sabendo deles só quandoconsulta o extrato;

  • Prejuízo devido à falta de segurança no caixa eletrônico – Pela lei, a responsabilidade é do banco, mas o contratodiz que é o consumidor que tem de tomar as providências em caso de roubo, além de não ressarcir os prejuízos e nem indenizar;

  • Prejuízo pelo extravio de cheques ou cartões – O banco não se responsabiliza. Mesmo que o furto ocorra na agência ou na remessa pelo correio, é o consumidor que tem de tomar providências para não sofrer saques indevidos, o que é absurdo. A lei determina que o banco deve arcar com os prejuízos e indenizar por danos morais.


    BC deverá gastar US$ 2,8 bilhões para segurar o câmbio neste ano
    Se o governo seguir a previsão que o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, apresentou a banqueiros europeus neste mês, serão gastos até o final do ano aproximadamente US$ 2,8 bilhões com intervenções diretas no câmbio e leilões de linhas para financiar as exportações.

    Seriam, em média, US$ 930 milhões mensais até dezembro. Ou cerca de US$ 42 milhões por dia útil. Esse valor é menor do que a média diária de dólar vendido à vista que o BC tem mantido nas últimas semanas, de aproximadamente US$ 90 milhões.

    O BC estimou que, de agosto a dezembro, seriam gastos US$ 5,134 bilhões com essa finalidade. Nos cinco primeiros dias úteis de agosto, enquanto ainda prevalecia a "ração diária" de venda de dólares, foram vendidos ao mercado US$ 250 milhões no mercado à vista.

    De 8 de agosto a 8 de setembro foram outros US$ 2 bilhões, aproximadamente. Do dia 9 deste mês até a quinta-feira passada, mantia estimativa média de US$ 50 milhões ao dia, seriam mais US$ 500 milhões. Fora as intervenções diretas, foram leiloados, desde o mês passado, US$ 806,75 milhões em linhas de financiamento às exportações.

    Ao todo, foram gastos, de agosto até agora, cerca de US$ 3,556 bilhões. Descontados os US$ 5,134 bilhões previstos pelo BC, sobram US$ 1,578 bilhão.

    O Banco Central ainda tem a receber cerca de US$ 1,2 bilhão desse dinheiro. Somado ao US$ 1,578 bilhão, chega-se aos US$ 2,8 bilhões, em números arredondados.

    O dinheiro que o BC pode usar para intervir no câmbio sai das reservas internacionais líquidas, que são os recursos em moeda forte de que dispõem o BC, descontados os empréstimos do FMI.


    Artigos

    Mergulho na cegueira
    José Luiz oliveira

    Se numa dessas raras oportunidades em que a vida nos brinda com boas surpresas o leitor der de cara com um político que não esteja com os caninos pingando sangue, pode comemorar porque está diante de uma grande descoberta. É que a campanha eleitoral baixou a um nível tal que não existe um só corpo sem marca de pedradas nem mãos que não as tenham atirado. De repente, todos são ladrões, assassinos, grileiros, falsificadores, mentirosos, enganadores, corruptos... Tantas as acusações que não seria nenhum exagero afirmar que todos os artigos do Código Penal já foram contemplados nesta eleição.

    Nem sempre as acusações vêm acompanhadas de provas. Acusa-se com base no "ouvi falar", no "estão dizendo", no "tudo indica". E a imprensa repercute tudo com estardalhaço. Se a vítima é o candidato que não lhe cai nas feições, aí então não há limites. Repete-se o assunto dias a fio na esperança de que a acusação se torne uma verdade cristalina, mesmo carente de provas.

    Recentemente, em entrevista à TV Globo, Lula foi desafiado a explicar o esquema de propina montado na prefeitura petista de Santo André, onde empresários do setor de transporte tinham de comparecer mensalmente com uma pasta. O dinheiro, diziam os políticos e emissários do PT, era destinado à caixinha de campanha do partido. Lula saiu-se bem. Disse que mesmo numa família os pais não poderiam evitar que um dos filhos se desviasse do caminho correto. Certamente o professor Cristovam Buarque, ex-governador do Distrito Federal, utilizaria a mesma retórica – talvez com um pouco mais de sofisticação – se fosse confrontado algum dia com as acusações de que um de seus mais próximos colaboradores, o ex-administrador de Ceilândia José Eudes, fez campanha, em 1998, com dinheiro desviado da Associação de Assistência aos Servidores da Fundação Educacional (Asefe). Ou que esse mesmo dinheiro serviu para reeleger dois de seus maiores defensores na Câmara Legislativa.

    Nesta campanha, como na de 1998, assistimos a um verdadeiro massacre do governador Roriz pela imprensa. Jornalistas que tentaram, sem sucesso, derrotá-lo naquela eleição, voltam agora anabolizados por uma fita com denúncias de que integrantes do governo teriam recebido lotes para regularizar condomínios. Se receberam ou não, cabem à polícia, à Câmara Legislativa e ao Ministério Público apurar. Agora, partir daí para tentar envolver Roriz com a grilagem de terra é ir além do racional.

    Se vamos dar crédito a essa montanha de acusações sem provas, então não vai sobrar ninguém. Olha só quem entra na lista: Cristovam Buarque (show superfaturado da Asefe), Geraldo Magela (emenda do condomínio Alto da Boa Vista), Chico Vigilante, Wasny de Roure, Lúcia Carvalho, José Eudes e Agnelo Queiroz (campanha com dinheiro desviado da Asefe).


    Colunistas

    CLÁUDIO HUMBERTO

    Governo abre o cofre: R$ 3,8 bi
    O governo federal pode promover um verdadeiro "derrame" de recursos, a partir do próximo dia 27, de olho na eleição, liberando o pagamento de R$ 3 bilhões e 842 milhões de "restos a pagar" do Orçamento de 2001. Os ministros da área econômica, sobretudo Pedro Malan (Fazenda), resistem à idéia, mas é forte a pressão do comando da campanha de José Serra. A legislação eleitoral proíbe a realização de convênios novos, mas não veda o pagamento de valores contratados e empenhados no ano passado.

    Milagre eleitoral
    A conta de investimentos do governo apresenta um dado curioso: dos R$ 18,8 bilhões previstos no Orçamento de 2002 para investimentos, até agora o governo só aplicou 8,7%, ou R$ 1,6 bilhão. Quantia três vezes menor que os R$ 3,8 bilhões que agora pode liberar, como "restos a pagar" de 2001.

    Lula e Serra empatam e...
    Uma numeróloga com mais de 15 anos de experiência examinou nomes e datas de nascimento dos presidenciáveis e concluiu: Lula e Serra têm as melhores chances. Até estão "tecnicamente empatados" à luz dos números. Muito séria, ela não quer ser identificada, e avisa: as consoantes do petista, reveladoras do seu destino, são "sofríveis". Bem ao contrário de Serra.

    ...Ciro cai, na numerologia
    Segundo a numeróloga, Anthony Garotinho está em terceiro lugar, na pesquisa numérica. De ruim, como Lula, ele tem o "destino", e seu "número poderoso" é o 4, "sofrível": próprio de "muito trabalho e pouco resultado". Ciro tem bom destino, mas é prejudicado pelo egocentrismo e teimosia. Lula e Serra somam 23 pontos, Garotinho 22 e Ciro 20.

    Reino do Sucatão
    Desabafo colhido em uma roda de brigadeiros de oposição (terá sobrado algum oficial-general "governista", além do general Alberto Cardoso?):
    - Há muito tempo, a FAB não é mais força; sob FhC, deixou de ser aérea; com Serra, cessará de ser brasileira.

    O sorriso do vampiro
    Como a intenção é assustar, com aqueles monstros na TV, o PT cogita usar máscaras com a cara do Serra, só pra irritar o tucano.

    Entre Patrícias
    Patrícia Pillar ajuda o marido Ciro Gomes a conquistar votos Brasil afora, mas no Ceará sua ex-mulher é quem puxa votos para ele. Analistas já consideram a hipótese, bastante forte, de a ex-Patrícia de Ciro ser mais bem votada que o aliado Tasso Jereissati, para o Senado.

    Tititi na PF
    Sinal vermelho na cúpula da Polícia Federal. No apagar das luzes do governo FhC, o diretor-geral Armando Possa pode afastar os peritos responsáveis pelas áreas de planejamento e telemática do DPF, e pelos estratégicos Promotec e Proamazônia, convênios com a França no valor de US$ 400 milhões. Isso pode retardar o processo de modernização da PF.

    Manda quem pode
    Depois de decretar feriado até em escolas públicas, quando um traficante morre, só falta a bandidagem decidir se haverá horário de Verão no Rio.

    Justiça? Sou contra
    FhC pediu a opinião do Tribunal Superior do Trabalho sobre se editava a medida provisória da tal "transcendência". Os ministros do TST sugeriram uma discussão mais profunda, porque o mecanismo lembra a "argüição de relevância" dos tempos do regime militar. Até parecia que FhC queria saber a opinião do TST só para fazer exatamente o contrário. E editou a MP.

    Em causa própria
    Um candidato da coligação Todos Pelo Rio entregou o jogo do seu desespero financeiro no horário eleitoral: "Ferreirinha desempregado, Ferreirinha deputado!" é o slogan.

    Vai entender
    Falta união e s obra trapalhada no combate ao crime no Rio. Além da falta de verbas, o setor de inteligência da Polícia Civil (Cinpol) enfrenta também a fogueira das vaidades da PM, que comanda o Disque-Denúncia. Os PMs matam traficantes que poderiam ajudar nas investigações da polícia judiciária. Para um governo que anunciava inteligência em vez de tiroteio...

    Haja prece
    Tá feia a coisa. A recém-criada Associação de Empregados, Prestadores de Serviços e Credores das Empresas do Grupo Gazeta Mercantil é mesmo um agrupamento de desesperados. Tanto assim que não conseguiu encontrar uma sigla mais criativa para a entidade: Asfunprece. Afe!

    Cabos-de-guerra
    Candidato a deputado estadual no Rio, Marquinhos Portela (PMDB) apanhou na principal praça de Magé do candidato a federal Daniel Vivas (PRTB). Vivas cobrou aos tapas e bofetões o dinheiro para pagar os cabos eleitorais do apadrinhado. Eles não viram a cor do salário, só o estado lamentável do patrão caloteiro após a pancadaria.

    Pensando bem...
    ...o mercado financeiro está com TPL, Tensão Pré-Lula.

    Cuidando das contas
    A prefeita de Magé (RJ) Narriman Zito (PSDB) reuniu em um sítio na cidade cerca de mil servidores em cargos de confiança, exigindo votos em Carlos Nader para deputado federal, e em José Nader, para estadual. O primeiro é sobrinho, e o segundo, filho de José Nader, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. Não é nada, não é nada, é coisa à beça.

    Poder sem pudor

    Brinde ao incerto
    O vice-presidente João Goulart visitava a China quando o presidente Jânio Quadros renunciou ao cargo. O senador Barros de Carvalho, que o acompanhava, providenciou um champanhe e propôs:
    - Um brinde ao novo presidente do Brasil!
    Jango se sentou e murmurou, quase pensando em voz alta:
    - Barros, você abriu o champanhe, vamos bebê-lo. Mas acho melhor fazer um brinde ao imprevisível...
    Parecia adivinhar o que o aguardaria, em 1964.


    Editorial

    MEDO ENRIQUECE ESPECULADORES

    Mais uma semana começa, e com ela a apreensão de quem depende do dólar para viver. Empresas que precisam comprar insumos no exterior passam por períodos de pânico, pois perdem todo seu referencial de planejamento. Diretores de compras batem cabeça, sem saber se realizam os negócios hoje, ou amanhã, ou ainda se esperam o fim da semana.

    O custo da especulação cambial é grande para o Brasil. Não apenas pelas decisões precipitadas que depois precisam ser consertadas, mas também pelo preço de se prevenir contra a alta ou baixa da moeda americana. Os números estruturais da economia brasileira vão bem, e um país com o 11º mercado do planeta não pode ficar refém de temores eleitorais. Se o Brasil quebrar, leva muita gente graúda junto, e especialistas em economia teimam em dizer que isso não vai ocorrer.
    Os brasileiros devem confiar na capacidade do País, na solidez das instituições e na responsabilidade da sociedade. Qualquer um dos candidatos que vença as eleições presidenciais terá a fiscalização direta do Congresso Nacional e, acima de tudo, do povo. Não há besteiras bastante para levar o País ao caos. Portanto, a cada susto ou movimento no mercado, por medos ou boatos, enche de dinheiro o bolso dos especuladores. É hora de ter calma.


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    09/23/2002


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