General nega que Brasil participe de corrida armamentista



Dois dias depois do anúncio pelo governo brasileiro da compra de quatro submarinos e do início das negociações para a aquisição de 36 caças franceses Rafale, o chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército, general Augusto Heleno, negou que o país esteja envolvido em uma suposta corrida armamentista na América do Sul.

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- Não participamos de nenhuma corrida armamentista. O que se busca é uma expressão de poder militar compatível com a expressão estratégica do país - disse Heleno durante audiência pública promovida nesta quarta-feira (9) pela Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT).

Em sua exposição aos senadores, o general disse que o Brasil tem se tornado cada vez mais relevante no cenário internacional. Ele observou que apenas quatro países - Rússia, Estados Unidos, China e o próprio Brasil - contam, ao mesmo tempo, com área superior a quatro milhões de quilômetros quadrados, população superior a 100 milhões de habitantes e Produto Interno Bruto (PIB) maior que US$ 400 bilhões.

A expressão do poder militar do país, recordou Heleno, está ligada a seu poder tecnológico. A partir da II Guerra Mundial, observou, a capacidade científica e tecnológica de um país passou a ser determinante para seu poder político, econômico e militar. E nos países mais desenvolvidos, acrescentou, o Estado "joga seu poder" na construção de um grande parque científico e tecnológico.

Segundo o general, o Exército brasileiro ainda conta com recursos relativamente modestos para o desenvolvimento científico e tecnológico. Neste ano, exemplificou, serão liberados para o setor cerca de R$ 80,2 milhões - ou, como comparou em tom de brincadeira, o equivalente a metade do passe do jogador de futebol Kaká. Mesmo assim, afirmou, os resultados já começam a aparecer.

Assim como a Marinha priorizou o investimento na área nuclear e a Aeronáutica aposta na pesquisa espacial, comparou o general, o Exército tem dado prioridade à chamada guerra cibernética. Ele apresentou aos senadores vídeos sobre a utilização de sabotagem de redes de computadores como um instrumento de guerra, como na Geórgia, e informou que já ocorreram milhares de tentativas de ingresso no sistema de pagamentos do Exército.

- Ninguém é capaz de se tornar invulnerável, mas temos que criar uma estratégia de proteção contra a guerra cibernética - afirmou Heleno, citando entre possíveis alvos a serem protegidos bancos, usinas elétricas e empresas de telefonia.

O general citou pesquisas em andamento que poderão beneficiar tanto a aplicação militar como o uso civil. Entre elas, as destinadas à produção de biodiesel na Amazônia e de fibra de carbono, necessária inclusive à exploração de petróleo. Mencionou ainda um grande esforço que vem sendo feito pelo Exército para mapear a Amazônia, com base em novos equipamentos que conseguem "ver" a floresta por baixo das árvores.

Os primeiros resultados da pesquisa, relatou, indicam que a Amazônia é muito menos plana do que se supunha. Até 2011, anunciou, o novo mapeamento alcançará toda a região. Heleno anunciou ainda o projeto de construção, em Campinas (SP), do Centro Tecnológico do Exército, que deverá contar com uma parceria com a Universidade de Campinas (Unicamp).

Marcos Magalhães / Agência Senado 



09/09/2009

Agência Senado


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