GERALDO CÂNDIDO CONDENA PRIVATIZAÇÃO DE TUCURUÍ
Conforme o relato de Geraldo Cândido, três inquietações afetam os moradores da região ante a possibilidade dessa privatização: o risco de não serem pagas as indenizações até hoje devidas pela perda de suas propriedades; a possibilidade de perderem a reserva extrativista de que hoje dispõem; e o temor de que se acabe a área de proteção ambiental ali formada.
Em resumo, disse o parlamentar, a grande preocupação é que se encerrará a articulação entre a população, o governo do estado e a Eletronorte, que tem permitido àquele povo continuar sobrevivendo. O senador testemunhou o sofrimento de diversas famílias prejudicadas quando da inundação que resultou na formação do lago de Tucuruí.
- Na expansão do lago, de 3 mil quilômetros quadrados, o povo já sofreu enormes perdas, jamais efetivamente indenizadas pelo governo. A população está preocupada. Quem ficou com sua casa imersa e perdeu plantações e animais, sem nunca ter recebido uma indenização justa, está agora vivendo na inquietação - disse ele.
Segundo Geraldo Cândido, até hoje as famílias da região lutam para ter seus prejuízos reparados na justiça e, com a iminente privatização, as perspectivas são assustadoras, porque existe a possibilidade de que uma multinacional compre a hidrelétrica. "Ninguém acredita que uma empresa privada, principalmente estrangeira, vai-se interessar em reparar os prejuízos sofridos pelos moradores da região", afirmou ele.
No entender do senador, a relação que vai ser mantida com uma empresa privada é muito diferente da articulação que hoje subsiste com o poder público. "Lá, a população vive do extrativismo e da pesca propiciada pelo lago. Se aquilo for privatizado, aquele povo corre o risco de ser expulso", alertou Geraldo Cândido.
O que aflige também o senador é o fato de que o governo pretende cindir Tucuruí antes de vendê-la, deixando com o poder público a parte concernente a investimentos para expansão e, com a iniciativa privada, a operacionalização, incluindo a distribuição de energia e a cobrança de tarifas. "O governo pretende ficar com a parte mais difícil e entregar o filé mignon à iniciativa privada", lastimou ele.
Lembrando que, na privatização do setor elétrico, restam sair das mãos do Estado apenas Furnas, Chesf e Eletronorte, Geraldo Cândido disse que toda essa ansiedade do governo em vender hidrelétricas resulta das pressões do Fundo Monetário Internacional. "Quando começaram a privatizar, a sociedade acreditou que a empresa estatal era onerosa e pagava salários de marajá a funcionários que nada faziam. Depois de várias privatizações, a sociedade viu que a realidade é outra", afirmou o parlamentar.
Ele citou as empresas de telefonia para exemplificar como serviços ruins podem ser oferecidos à população também por empresas privadas. Para ele,o governo sabe perfeitamente que a desestatização não é mais uma tese tão simpática à população como era no início, daí por que ele considera inexplicável vender-se Tucuruí.
01/09/2000
Agência Senado
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