Gilberto Goellner acusa governo de 'cruzar os braços' frente aumento da violência no campo



O senador Gilberto Goellner (DEM-MT) acusou o governo federal de "cruzar os braços" ante o aumento da violência dos grupos de sem-terra em suas invasões de fazendas. Para ele, já existe no interior do país uma "onda de luta armada", com invasões cada vez mais violentas.

Goellner lamentou que o ministro da Justiça, Tarso Genro, ao ser questionado sobre a violência nas invasões, tenha afirmado que se trata de uma "questão de ordem pública", de responsabilidade dos governos estaduais e da Justiça estadual. Agindo assim, disse o senador, o governo federal "tenta transferir a responsabilidade da solução" do problema.

- O governo não quer resolver o problema ou nem sabe como resolvê-lo - disse.

Gilberto Goellner citou dados da Confederação Nacional da Agricultura, que registram seis invasões de terras por semana no país. Ele sustentou ainda que não se pode chamar os movimentos dos invasores de terras de "movimentos sociais", pois só são "sociais" as atividades de interesse da sociedade como um todo, e não de grupos.

- Ao se intitularem de 'movimentos sociais', eles passam a ser destinatários de verbas públicas - disse.

Na opinião do senador pelo Mato Grosso, o governo federal insiste em um modelo de reforma agrária "que já se mostrou equivocado", que "assenta, mas não fixa o homem no campo". A falta de estrutura acaba levando as famílias a venderem suas glebas "a preço vil", sendo obrigadas depois a participar de novas invasões, pois não conseguem empregos nas cidades.

- Esse modelo está criando uma horda de miseráveis rurais - alertou.

Gilberto Goellner apelou aos procuradores do Ministério Público da União e dos estados a irem aos acampamentos para verificar o estado em que vivem as crianças dos sem-terra, obrigadas a ficar em barracas cobertas com plástico preto, dentro das quais a temperatura se torna insuportável.

- Como admitir a presença dessas crianças em local de potencial conflito? - indagou.

Goellner foi apoiado, em apartes, pelos senadores Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), Romeu Tuma (PTB-SP), Flexa Ribeiro (PSDB-PA) e Jayme Campos (DEM-MT).



05/03/2009

Agência Senado


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