Governistas em busca da paz



 





Governistas em busca da paz
Presidentes dos três maiores partidos da base aliada a FHC (PSDB, PFL e PMDB) se reúnem para estabelecer um pacto de não-agressão nas eleições

SÃO PAULO – Após duas semanas de manobras e mal-estar dentro da base aliada, os presidentes dos três principais partidos de sustentação do Governo fizeram ontem um apelo por civilidade e não-beligerância entre suas legendas. Reunidos em São Paulo, Jorge Bornhausen (PFL), José Aníbal (PSDB) e Michel Temer (PMDB) admitiram o receio de que a animosidade entre seus partidos acabe com a possibilidade de aliança para a sucessão presidencial.

“O importante é preservar esse ambiente de diálogo, de entendimento, não-beligerância. Não temos de disputar entre nós”, disse Aníbal. Apesar do apelo do tucano por uma trégua, foi o PSDB quem mais contribuiu nos últimos dias pelo clima de beligerância na base. Primeiro, com a tentativa de tirar do PFL o marqueteiro Nizan Guanaes. E, nesta semana, o dedo tucano – mais especificamente, do Planalto – foi visto por peemedebistas e pefelistas no lançamento do ministro Raul Jungmann (PMDB) à Presidência.

Além disso, o provável coordenador da campanha de José Serra, Luiz Paulo Vellozo Lucas, tem dito que a polarização não se dará entre Governo e oposição, mas entre PSDB e PFL.
Ontem, Aníbal admitiu que o primeiro pacto de não-agressão firmado entre os três partidos em dezembro não funciona bem. “Muitas vezes, aqui ou ali, você tem falta de sintonia, por ação de um agente político qualquer de um dos partidos”, declarou.

A salvação deste pacto foi justamente o objeto principal da reunião, segundo Temer. “Viemos reforçar que vamos em cada qual dos partidos impedir a eventual agressividade entre candidatos. Acho fundamental não só para uma eventual aliança, mas em nome da civilidade”, declarou.
Para Bornhausen, os partidos buscam uma convivência para atingir a convergência.

Antes e depois da reunião, os líderes também fizeram juras de fidelidade à reedição da coligação que elegeu Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Mas nenhum se dispôs a abrir mão da cabeça de chapa.

“Nós achamos que o PSDB tem uma condição de preferência, pelo fato de encarnar o atual projeto. Mas não quer dizer que vamos desdenhar das outras candidaturas”, declarou Aníbal.


FHC “proíbe” tucanos de criticar Roseana
BRASÍLIA – O presidente Fernando Henrique Cardoso interveio mais uma vez no processo de sua sucessão. Em uma série de conversas ontem com ministros, governadores e dirigentes nacionais do PSDB, deu duas orientações: os ataques ao PFL e à sua candidata à Presidência, governadora Roseana Sarney (MA), estão proibidos; e todos, especialmente o ministro da Saúde, José Serra, têm de trabalhar pela unidade, trazendo o governador do Ceará, Tasso Jereissati, para a campanha presidencial dos tucanos. “Não podemos considerar Tasso um adversário, nem Roseana nosso alvo”, afirmou o presidente.

Fernando Henrique não concorda com a estratégia de polarizar a campanha com Roseana e com as declarações, cada vez mais freqüentes, de tucanos contra ela. “Não gosto disso, e não esperem de mim ações de militante radical, porque eu não vou nessa direção”, afirmou Fernando Henrique a um integrante da cúpula do PSDB.

A ordem é trabalhar duro para descolar o PSDB das críticas a Roseana que, acreditam o presidente e o comando do PSDB, vão se multiplicar de agora em diante. E recompor a unidade do partido – aí incluído o governador do Ceará. “É um erro dizer que Tasso é apenas um dos seis governadores tucanos e sua ausência não pesa”, diz o presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB). “O que está em jogo é a unidade do partido”, insiste Aécio.

Mais do que a preocupação de manter o PFL na condição de aliado, o que pesa, nesse caso, é o fato de que a candidatura de Roseana não é vista como irreversível nem por Fernando Henrique nem pelos presidentes do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), e do PSDB, deputado José Aníbal (SP). Todos acreditam que o quadro eleitoral só estará cristalizado em junho, o que dá espaço até maio para que a aliança seja trabalhada e mantida.


Mendonça de Barros decide colaborar com Raul Jungmann
BRASÍLIA – O ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann, terá, entre seus colaboradores na campanha pela vaga de candidato à Presidência da República do PMDB, o ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros. Ligado ao presidenciável tucano e ministro da Saúde, José Serra, Mendonça de Barros aceitou ser um dos integrantes do conselho de colaboradores do pré-candidato Raul Jungmann.

Ao lançar-se na disputa pela cadeira do Palácio do Planalto, na última terça-feira, Jungmann anunciou que iria montar um grupo de conselheiros para ajudá-lo na sua nova missão política.
Segundo o ministro, Mendonça de Barros vai elaborar o esboço de um programa de Governo na área do desenvolvimento. O material será lançado pelo pré-candidato em 15 dias. “Será um conselho suprapartidário”, garantiu o ministro, sem, no entanto, adiantar os demais nomes do grupo.


Magalhães faz primeiro ataque a João Paulo
O ex-prefeito do Recife Roberto Magalhães (PSDB) quebrou o silêncio que guardava em relação ao Governo do seu sucessor, o prefeito João Paulo (PT). Ontem, durante entrevista à Rádio Princesa Serrana, de Timbaúba, o tucano não economizou na ironia para fazer algumas considerações à gestão petista. “Não quero confronto. Ele (João Paulo) mesmo não diz que é maior em tudo? É um critério subjetivo. As pessoas que o elegeram também devem pensar da mesma forma. Não tem porque ficar discutindo”, disparou Magalhães, ressaltando que apesar do discurso de superioridade “o prefeito não apresentou dados concretos”.

No entanto, depois de garantir que não iria comparar o seu Governo com o de João Paulo, Magalhães citou dois projetos implantados na sua gestão – o Bolsa-Escola e o Banco do Povo – para lançar um desafio à administração petista. “Dizem que o PFL (ex-legenda de Magalhães) é um partido conservador. No entanto, na minha gestão implantei o Bolsa-Escola e o Banco do Povo, além do Peti (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil), do Governo Federal. Quero que ele me dê três projetos que fez”, desafiou o ex-prefeito, acrescentando em seguida, com uma forte dose de ironia: “Mas eu não quero falar dele, até porque está de férias. Por falar nisso, eu não tirei férias nos quatro anos de Governo”.

Magalhães também aproveitou para rebater as declarações de João Paulo de que o valor pago pela sua gestão no Bolsa-Escola é maior. “Ele (João Paulo) disse que eu pagava R$ 15 por pessoa. Mas esse era o valor pago pelo Governo Federal. Desde que criei o Bolsa-Escola, em 1997, que era pago R$ 90 para famílias com um filho e R$ 180 para as que tinham mais de uma criança”, lembrou.

DIPLOMACIA – O prefeito em exercício, Luciano Siqueira (PSDB), preferiu não polemizar com Magalhães. Para o vice de João Paulo, o tucano está no direito de ressaltar o que está errado na atual gestão. “O doutor Roberto Magalhães está exercendo o direito de defender o Governo que fez e criticar o nosso. Li nos jornais que ele não estava à vontade para nos criticar. Se nos encontrássemos hoje eu diria: ‘fique à vontade’. Até porque a opinião do ex-prefeito é importante para nós. O fato de Magalhães pensar de forma oposta à nossa não nos traz incômodos”, sentenciou.

Sobre o desafio de Magalhães, para que a atual gestão mostre o que fez, Siqueira topou e citou o Programa Guarda-Chuva. “Foi uma inovação. Deixamos de lado as ações pontuais e emergenciais e passamos a trabalhar o ano in teiro para evitar acidentes no período das chuvas. Tivemos um inverno sem acidentes (em 2001) e, agora, colocamos em prática o Programa Tempo Seguro.”


Gustavo assume dores do Palácio e bate em Arraes
Palácio quer encerrar polêmica com o ex-governador Miguel Arraes (PSB), mas o secretário de Defesa Social, Gustavo Lima, aproveita inauguração da nova Corregedoria Geral da SDS para rebater socialista

Apesar das afirmações do governador em exercício, Mendonça Filho (PFL), de que os questionamentos feitos pelo ex-governador Miguel Arraes (PSB) ao Governo Jarbas – sobre investimentos na área de segurança – são assuntos “esquecidos” pela administração estadual, o desejo de responder às declarações do socialista parece ter tomado corpo no 1º escalão. Foi com essa disposição que o secretário de Defesa Social, Gustavo Lima, discursou ontem durante solenidade de inauguração da nova sede da Corregedoria Geral da SDS.

“Estamos aqui dando provas da seriedade com que o governador (Jarbas) trata da segurança pública. Investimos onde é necessário, a despeito do que dizem pessoas cuja única intenção é defender o atraso político e administrativo de Pernambuco”, disparou Gustavo Lima, num típico discurso de campanha, endereçado a Arraes.

Presente à solenidade, Mendonça Filho procurou evitar o assunto, mas diante do questionamento dos repórteres sobre o discurso de Gustavo Lima, terminou falando. “Não queremos dar respostas ao ex-governador A ou deputado B. Estamos seguindo o cronograma normal de trabalho do Governo”, disse.

Diante das críticas do deputado federal Eduardo Campos (PSB) – neto de Arraes – à política de segurança, Mendonça Filho foi enfático: “Nossa política não é apenas de compra de equipamentos e viaturas. Mas isso faz parte de um trabalho de valorização da Polícia e dos policiais. O Governo Arraes é que não pode falar sobre esse assunto. Eles deixaram a segurança completamente sucateada”.

Mesmo reafirmando a superioridade da atenção dada pela gestão Jarbas à segurança, Mendonça Filho não apresentou números. Ele citou reportagem da Rede Globo sobre os núcleos de segurança integrados.


PL apóia Eduardo Campos para Governo e Bivar para o Senado
O flerte das executivas nacionais do PL e do PSB, com vistas às eleições de outubro, ganhou contornos concretos no Estado. Admitindo, abertamente, apoio à pré-candidatura do deputado federal Eduardo Campos (PSB) ao Governo do Estado, o presidente regional do PL, deputado Marcos de Jesus, adiantou que a entrada dos liberais no palanque socialista está “praticamente selada”. Dentro desse contexto, as negociações ensaiadas entre o PL e o PT - que coloca o nome do secretário municipal de Saúde, Humberto Costa (PT), na disputa pelo Palácio das Princesas - estariam fadadas ao abandono. “Graças à desatenção de setores petistas”, disse Marcos de Jesus.

“Sempre fomos bem tratados no PSB e por isso estamos com 99,9% de chances de seguir o caminho deles. O PT chegou a ser descortês conosco, não nos deu a atenção que merecíamos”, desabafou o parlamentar.

O afastamento do PL é resultado da resistência de alas do PT. Defendida pelo presidente de honra petista, o presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva, essa união é criticada porque o PL não está no rol das legendas de oposição ao Governo FHC e concentra em seus quadros um grande número de evangélicos. A imposição da candidatura do vereador Cordeiro de Deus (PL) ao Senado, colocada como garantia de apoio, também serviu para esfriar a relação entre as siglas. Marcos de Jesus chegou a ser vaiado no 12º Encontro Nacional do PT, realizado em novembro, no Recife.
Desta vez, o PL pretende investir no nome do deputado federal Luciano Bivar (PSL) para disputar o Senado. “Em nenhum momento impomos nada, mas o PT foi desatencioso, não nos procurou mais para conversar. Agora, vamos reforçar o nome de Bivar para o Senado na chapa de Eduardo.”

Dispostos a firmar a parceria e, conseqüentemente, angariar os preciosos cinco minutos no guia eleitoral, socialistas já comemoram a aliança PL/PSB. “Estamos satisfeitos com essa unidade que está se consolidando em Pernambuco. Isso vai fortalecer a campanha de Anthony Garotinho (governador do Rio de Janeiro/PSB) à Presidência da República”, comentou Eduardo Campos, que anunciou a visita de Garotinho ao Recife, na próxima semana.


Artigos

Radiosa epifania
José Paulo Cavalcanti Filho

A vida não é como uma estrada reta, lógica, sem fim, em que deixamos escritos nossos destinos. Ela parece mais como um cordão sem ponta, por onde andamos sempre em frente. Até que um dia, e meio sem sentir, começamos a percorrer os caminhos da volta, de nossas raízes, de nossa infância. Imitando os elefantes. Que, segundo os entendidos, depois de velhos procuram sempre os lugares onde nasceram.

Nesse caminhar, os tempos são diferentes. Vão mudando. No começo, o gosto pela novidade. Depois um estar sempre em cima da hora. Até que, pouco a pouco, começamos a sentir prazer em voltar ao passado, lendo livros que líamos aos 15 anos, ouvindo velhos discos adormecidos nas prateleiras, gostando de ver filmes de antigamente, com vontade de estar só em alguns lugares, aqueles que mais gostamos, e querendo conversar sempre com as mesmas pessoas, do mesmo jeito, as mesmas conversas, eternamente.

Às vezes digo, meio brincando, que o homem tem na vida cinco idades: 1. não conhece ninguém e ninguém lhe conhece; 2. conhece todo mundo mas ninguém lhe conhece; 3. conhece todo mundo e todo mundo lhe conhece; 4. todo mundo lhe conhece mas ele começa a já não saber quem são os outros; Ai de mim, é onde estou. Já sabendo que, depois, só falta uma, a 5., aquela idade em que o homem novamente não conhece ninguém e ninguém mais lhe conhece.

Se for para classificar, podemos estabelecer outras referências. Por exemplo, em relação à importância do nome - primeiro o homem diz “sou filho de” (pronunciando então, com boca cheia, o nome do pai); depois é a fase do “sabe com quem está falando”; até que, passado os anos, se conforma em perguntar - “você é filho de quem?”. Mestre Moacir Baracho (saudades de Baracho) tinha outro critério. Para ele velho é quem tinha mais de 60 anos. E explicava. Antes disso, a manchete no jornal seria “cidadão de meia idade atropelado”. Depois, já passaria a ser “sexagenário atropelado”. Uma desgraça. A frase de Vovó Zulmira (ah, o pão doce de vovó Zulmira...) era parecida - “Velho é quem é mais velho do que eu”. Pode até ser. Mas penso que a velhice que pesa mesmo é outra. É aquela que nos consome, por dentro.

Wharton, sogro do amigo Bena, em certo sentido tem sorte. Porque passa todas as manhãs conversando alegremente com pais, filhos e amigos da infância. Todos já desaparecidos. E só reclama quando o pessoal da casa lhe chama para o almoço. Resmungando sempre do mesmo jeito: “Quando vocês abrem a porta do quarto eles se assustam, vão embora, e eu fico aqui sozinho, o resto do dia”. Bem visto, triste nem é conversar com seus fantasmas. Triste mesmo é não ter ninguém, nem mesmo fantasmas, para conversar.

Dando-se por finda essa exortação à radiosa epifania da celebração da existência, tão própria aos começos de ano, com versos exemplares de José Bernardino, cantador de São José do Egito: “Já vou sentindo o excesso / do peso na minha carga / trilhando um caminho estreito / vendo tanta estrada larga / sinto uma sede tão grande / que a ponta da língua amarga”.
P.S: Paro agora de escrever. Volto só depois do carnaval - se o destino me conceder, claro. A todos desejando o que estimaria todos me desejassem, boas férias.


Colunistas

PINGA-FOGO - Inaldo Sampaio

Mote de campanha
A segurança pública, ou a falta dela, tem tudo para ser o mote da campanha eleitoral, já em pleno andamento, em Pernambuco. E se depender da troca de acusações entre PSB e PMDB, Miguel Arraes e Jarbas Vasconcelos terão muito o que dizer e acusar. Afinal, estará em jogo um confronto de gestões, inimaginável até agora, entre dois acirrados adversários políticos.
Até o prefeito João Paulo (PT) já entendeu qual será o clima emocional da campanha. Já disse que não tem medo de comparações administrativas porque tudo o que o ex-prefeito Roberto Magalhães (PSDB) fez no primeiro ano de administração, os petistas fizeram em dobro ano passado.

A escalada da violência, no entanto, ganhará reforço especial porque o flagelo é nacional, mas o que estará em jogo será a criatividade e a decisão política de cada governante na redução dos índices de assaltos, homicídios e seqüestros. As boas intenções não serão levadas a sério: apenas os resultados serão contados. Por isso, o PSB se fixa no Balanço Geral do Estado para demonstrar quem investiu mais recursos na segurança pública. Mesmo sabendo que não adianta oferecer tecnologia de ponta se ela não for usada adequadamente e com sabedoria.

O baile da discórdia 2
Isaltino Nascimento (PT) rebate Jorge Chacrinha (PMDB). Isaltino garante que a Legião Assistencial do Recife (LAR) não terá de pagar ISS no valor de 3% da bilheteria à Prefeitura de Olinda pela realização do Baile Municipal no Classic Hall. Por ser uma ONG, a LAR está isenta de pagar impostos. Ele explica ainda que a saída do baile do Clube Português se dá também em função do Ministério Público ter determinado até oito mil foliões no clube da Rosa e Silva.

Nas ondas do rádio
Roberto Magalhães leu o livro de Duda Mendonça, marqueteiro de Lula, sobre a importância do marketing político. Foi nele que o ex-prefeito ficou sabendo que os marqueteiros valorizam tanto o rádio que o consideram o melhor veículo da pré-campanha eleitoral. “E é isso que estou fazendo: dando entrevistas nas rádios”, diz ele.

Frevo petista
João Paulo topou a idéia na hora quando ouviu a proposta de João Roberto Peixe (Cultura). O carnaval terá este ano uma novidade que irá mexer com os brios dos mais conservadores. Na Rua da Moeda, os DJs irão colocar ‘base eletrônica’ em frevos de Nelson Ferreira e Capiba no que está sendo chamado de Tenda Eletrônica.

Deputado quer político longe de suas bases
O deputado Antonio Moraes (PSDB) adverte contra os políticos “copa do mundo”, que só aparecem de quatro em quatro anos para pedir votos. Ele já detectou alguns espertinhos na sua base eleitoral na Zona da Mata Norte.

Magalhães diz que Roseana não é conservadora
O ex-prefeito Roberto Magalhães (PSDB) lembrou, ontem, à Rádio Princesa Serrana, que a governadora do Maranhão foi a coordenadora nacional da área feminina do movimento pró-cassação de Fernando Collor.

Nova liderança
A base de apoio a João Paulo na Câmara dos Vereadores do Recife tem missão a ser cumprida antes do dia 15 de fevereiro, fim do recesso. Encontrar um líder que não seja candidato nas eleições. Dois nomes são lembrados: Luiz Helvécio, petista recente; e Paulo Dantas, do PC do B. Deve dar o 2º, por antiguidade.

Base de Lula
Tânia Bacelar, secretária de Planejamento do Recife, está em São Paulo para participar hoje da primeira reunião de elaboração do programa de governo de Lula. Estará ao lado de Marta Suplicy, Aloízio Mercadante e Maria Conceição Tavares. A coordenação tem somente mais um nordestino: Marcelo Deda.

O ministro Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário), que se lançou pré-candidato às prévias presidenciais do PMDB e dividiu o partido, já pode contratar até cinco pessoas em cada cidade brasileira para estruturar o Banco da Terra. A resolução está no Diário Oficial da União.

Ricardo Paiva, presidente do Sindicato dos Médicos, diz esperar que o senador Roberto Freire (PPS) apresente projeto determinando vínculo único na área médica, com salário de juiz ou promotor, 40hs e dedicação exclusiva. Mas continua contra a interiorização da medicina via estudantes.

A comissão especial que analisa as indenizações a ex-presos políticos discutirá na terça-feira questão fundamental para aprovar o pagamento à família do padre Henrique Pereira. Descobrir se, de fato, o sacerdote foi conduzido num carro da Polícia Civil até o local onde foi assassinado. A lei diz que veículo oficial faz parte do aparelho policial.

O vereador Isaltino Nascimento (PT) já está visitando as bases petistas e sindicais ligadas à CUT no Interior do Estado. Ele é candidato a deputado estadual nas eleições deste ano. Hoje, estará em Ouricuri e em Exu falando com trabalhadores rurais assentados e sindicalistas. Retorna ao Recife amanhã.


Editorial

ARRUMANDO A CASA

As pesquisas de opinião pública que acabam de ser divulgadas colocam o prefeito do Recife em um lugar pouco confortável em relação a prefeitos de outras capitais. Não está entre os piores em seu sétimo lugar, o que, se cotejado rigorosamente com o percentual de votos que o elegeu, seria um resultado plenamente compreensível.

Entretanto, esses indicadores de rejeição devem significar bem mais que a opção por sigla A ou sigla B. Na verdade, é cada vez mais visível que as populações dos grandes centros urbanos esperam mais de seus governantes que manifestações de boa intenção. Do administrador de uma grande cidade a expectativa é de que dispense ao espaço público o mesmo cuidado, a mesma atenção que se costuma dispensar ao espaço privado onde se busca qualidade de vida.

Talvez por isso não seja preciso recorrer a levantamentos de órgãos de opinião pública para chegar a conclusão semelhante, a partir de pequeno esforço de lógica ou mesmo, de uma olhada mais rigorosa nas ruas centrais da cidade. Não chega a ser nenhuma marca específica deste prefeito, mas as peculiaridades de sua ascensão fazem com que sua avaliação deva ser mais rigorosa.

Bastaria lembrar que o prefeito do Recife foi eleito por um terço do eleitorado para se ter um dado lógico que poderia explicar a situação delicada em que se encontra nos números das pesquisas. Nessa perspectiva, contudo, seria razoável supor que passado um ano de administração tivesse aumentado sua popularidade. Mas para isso se exige um outro componente, mais que lógico, testemunhal: a cidade que vemos em nosso cotidiano. Aí as coisas se complicam.

Ninguém pode dizer que a administração é um fracasso. Seria irracional cobrar-se transformações estruturais em um ano num espaço urbano agredido há séculos. Ainda é muito cedo para qualquer juízo de valor mais rigoroso. Entretanto, alguns elementos são preocupantes não apenas para quem apostava e aposta na administração petista, mas para toda a população: a cidade, como estrutura urbana, não melhorou em nada.

Vejam-se, por exemplo, o lixo, os buracos no asfalto, a poluição do Capibaribe. Evidente, não são problemas de hoje, mas de qualquer governante se espera medidas rigorosas desde o primeiro dia de administração. A cidade deve ser vista como a extensão do lar. Nela está o espaço de circulação, a área de lazer, o trabalho, o estudo, a manifestação religiosa.

Provavelmente nos indicadores negativos esteja a raiz da alardeada pouca popularidade do prefeito. Até porque ele chegou ao poder envolto em grandes expectativas, dele se esperava que trouxesse um perfil diferente de governante, talvez mais ousado, certamente mais ágil, para expor uma maneira nova de administrar. Até agora quase nada se viu e isso não é bom para a imagem do prefeito e muito menos para os propósitos de seu partido, que tem projetos estadual e federal.

Dele se diga que avançou em alguns ponto s, em particular nas áreas de saúde e educação. O problema é que não são avanços visíveis, não mexem com o cotidiano da população que precisa circular, de automóvel ou de ônibus, e sente os buracos nas ruas. Da parcela do povo agredida visualmente pelo lixo, violentada pelo mau cheiro nas ruas centrais da cidade. De todos, ao verem seu precioso rio tornar-se uma cloaca.

Neste último caso, ninguém pode imaginar que fosse possível ao prefeito do Recife superar em um ano um problema que se agrava há décadas, em especial com as ligações de esgotos que despejam sujeira no leito do Capibaribe, e uma população mal-educada que joga seus detritos no rio imaginando que dessa forma se livra de um problema, quando está criando um mais grave ainda.

Apesar de não ser razoável se exigir solução para um problema crônico em apenas um ano, seria desejável se esperar que pelo menos se desenhasse no horizonte algum encaminhamento, alguma campanha educativa, algum controle dos despejos, ou, mesmo, medida mais radical em defesa do Capibaribe. Não havendo nada disso, ele espelha o conjunto de frustrações.


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01/11/2002


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