Governo não cede no salário mínimo e votação da LDO continua obstruída



Depois de duas horas de reuniões na tarde desta terça-feira (25), governo e oposições não chegaram a um acordo sobre o aumento do salário mínimo para 2003 e, com isso, PT, PDT e PC do B continuaram obstruindo os trabalhos da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização, impedindo a votação do projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o próximo ano.

Nova tentativa de acordo será feita por líderes partidários nesta quarta-feira (26), após o jogo da Seleção Brasileira de Futebol. Enquanto a LDO não for votada, deputados e senadores não podem entrar em recesso no mês de julho.

Na reunião, o governo aceitou uma das quatro principais exigências das oposições para votar a LDO, permitindo que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aumente de 20% para 30% as aplicações de dinheiro oriundo do Fundo de Amparo dos Trabalhadores (FAT) em pequenas e médias empresas. O governo, entretanto, recusou-se a incluir na LDO um artigo prevendo que o salário mínimo terá aumento de 20% em abril de 2003 - passando dos atuais R$ 200,00 para R$ 240,00. Só o PSDB e a liderança do governo não aceitam incluir os 20% na LDO, segundo o líder do PT na Comissão de Orçamento, deputado Jorge Bittar (PT-RJ).

O líder do governo na comissão, deputado Ricardo Barros (PPB-PR), repetiu a argumentação dos últimos dias da equipe econômica: não há como retirar R$ 8,6 bilhões do orçamento para bancar as despesas da Previdência com o novo mínimo. "É melhor definir o novo mínimo após as eleições de outubro, durante a votação do projeto orçamentário propriamente dito", insistiu Ricardo Barros. As oposições sustentaram que o governo sempre recomendou ao Congresso que decida o mais cedo possível sobre o salário mínimo, evitando negociações de última hora em novembro e dezembro, na votação do orçamento.

Uma terceira exigência das oposições, não aceita pelo governo, daria à saúde pelo menos R$ 1 bilhão a mais no ano que vem - o setor está recebendo neste ano cerca de R$ 21 bilhões. Uma emenda constitucional define que as verbas para a saúde terão o mesmo crescimento da economia, mas há uma divergência de interpretação sobre como deve ser feito o cálculo. O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão segue a interpretação da Advocacia Geral da União, mas as oposições ponderam que o Tribunal de Contas da União diverge da orientação.

Também não foi aceita uma quarta exigência das oposições, para garantir que o funcionalismo federal terá reajuste salarial no mesmo percentual do crescimento da receita do ano anterior. O PDT estabelece ainda, como condição para desobstruir a votação da LDO, que a Câmara vote uma medida provisória que altera o plano de carreira dos técnicos e auditores da Receita Federal. Um projeto de conversão do Congresso altera o plano e ainda inclui outras áreas do governo, o que não é aceito pelo Executivo.

Durante a reunião, o relator do projeto da LDO, senador João Alberto Souza (PMDB-MA), aceitou incluir uma errata em seu parecer elevando o superávit primário do setor público (União, estatais, estados e municípios) de 2003 de 3,5% para 3,75% do Produto Interno Bruto (PIB). O ministro da Fazenda, Pedro Malan, havia anunciado o aumento do superávit há poucos dias para mostrar ao mercado que o governo está disposto a manter sua política fiscal e, com isso, reduzir as incertezas dos investidores em títulos públicos.



25/06/2002

Agência Senado


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