Gurgacz diz que FPE deve cumprir função constitucional de diminuir desigualdades regionais



Mesmo tendo o preceito constitucional de reduzir as desigualdades sociais e econômicas entre as regiões e estados brasileiros, o Fundo de Participação dos Estados (FPE) nunca conseguiu tal efeito de maneira efetiva. Foi o que afirmou o senador Acir Gurgacz (PDT-RO) ao discursar em Plenário nesta terça-feira (2) e ressaltar que as alterações que serão promovidas pelo Congresso sirvam para que o fundo possa passar a cumprir sua função determinada pela Carta Magna.

- Em que pese a nobre finalidade do FPE, o estudo elaborado pela empresa Tendências Consultoria indica que o efeito dos repasses para reduzir as desigualdades econômicas entre os estados é praticamente nulo, isso porque não há estímulos federais para que esses recursos sejam usados para financiar infraestrutura, saneamento ou educação – disse.

Para o senador, é justo que estados mais pobres ou em desenvolvimento recebam repasses maiores do FPE, o que, em regra, não acontece. De acordo com a Secretaria do Tesouro Nacional, comentou Gurgacz, os estados que mais receberam recursos em 2012 foram Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco e Pará. Enquanto isso, os estados que mais dependem dos repasses do FPE são Acre, Amapá, Rondônia e Roraima, cujos recursos recebidos do fundo representam entre 60% e 70% de seus orçamentos anuais.

Justamente por não funcionar de maneira eficaz na redução das desigualdades e no equilíbrio socioeconômico entre os estados, o FPE foi considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF), lembrou o senador.

Como o Congresso está prestes a definir novas regras para o fundo, Gurgacz sugere aos colegas parlamentares a criação de mecanismos que “promovam de fato o desenvolvimento sustentável dos estados mais pobres das Regiões Norte e Nordeste”.

Nos próximos dias, o Senado vai analisar o substitutivo do senador Walter Pinheiro (PT-BA) a oito projetos de lei sobre as novas regras de repartição do FPE. Com validade até 2017, os novos critérios de repartição, pela proposta de Walter Pinheiro, devem assegurar a cada unidade federativa um piso igual aos valores atualmente distribuídos. Se houver sobra, depois de feita a distribuição com base no piso, os recursos poderão ser repartidos de acordo com dois critérios: população e inverso da renda per capita.

Para Gurgacz, a proposta de Pinheiro “provocará redução significativa na participação dos estados do Norte” nos repasses.

- A proposta do senador Walter Pinheiro pretende estabelecer um ponto de equilíbrio entre as necessidades das 27 unidades federativas. Porém, pelo que avaliamos até o momento, as desigualdades são mantidas e até aprofundadas, em alguns casos – disse.

Mesmo assim, Gurgacz reconhece que a melhor saída agora é aprovar a proposta de Pinheiro e aproveitar os cinco anos de validade para discutir com profundidade regras definitivas que realmente levem em conta as realidades de cada estado.

- As regras e índices de repasse devem levar em conta indicadores sociais, como educação, saneamento básico, habitação, saúde e pobreza, além da compensação ambiental para os estados que possuem reservas florestais e os critérios já adotados de população e o fator inverso da renda per capita nominal domiciliar. Poderíamos, também, incluir o Índice de Desenvolvimento Humano neste cálculo – afirmou.



02/04/2013

Agência Senado


Artigos Relacionados


MOZARILDO QUER DIMINUIR DESIGUALDADES REGIONAIS

Mário Couto cobra ação do governo para diminuir desigualdades regionais

Senado discute nova emenda constitucional para reduzir desigualdades regionais

César Borges aplaude recriação da Sudene e pede investimentos para diminuir desigualdades regionais

Novo líder do PMDB, Eunício Oliveira promete atuar para diminuir desigualdades regionais

Para Mão Santa, os 'royalties' devem ser usados para diminuir desigualdades regionais