HARTUNG DENUNCIA ABUSOS DO SETOR DE MEDICAMENTOS



Utilizando-se de "caminhos sombrios", o mercado de remédios no Brasil tem elevado cada vez mais seus lucros sem que o poder público aja em defesa dos consumidores, principalmente dos mais pobres, afirmou nesta quinta-feira (dia 20) o senador Paulo Hartung (PPS-ES).O senador elogiou o trabalho da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Medicamentos criada pela Câmara dos Deputados para esclarecer fundamentos e efeitos da política de preços para os remédios. Ressaltou, entretanto, que independentemente do levantamento feito pela comissão, o Congresso Nacional, o governo e os órgãos de defesa do consumidor têm a obrigação de revelar por que nos últimos anos os preços dos remédios foram majorados muito acima dos índices inflacionários.- É inaceitável que os laboratórios tenham decidido aumentar os preços dos remédios 21% só neste mês de janeiro, enquanto a inflação, medida nas primeiras semanas deste ano não atingiu 1% - disse Hartung. Em todo o ano passado, observou o senador, os índices de preços ficaram abaixo de 9%.Segundo o parlamentar, informação publicada pelo jornal O Globo dá conta de que alguns remédios tiveram aumento de 300% em 1999, números que a área econômica do governos se recusa a reconhecer. Levantamento feito pelo Conselho Regional de Farmácia do Distrito Federal indica que, no período do Plano Real, os cem medicamentos mais vendidos no Brasil tiveram aumento de 145,14% contra inflação de 85,30% no mesmo período.Outro fato grave, no entender de Hartung, é que as maiores indústrias do setor têm enviado vultosas somas ao exterior - relatório do Banco Central divulgado pela revista IstoÉ fala em US$ 400 milhões - por meio das contas CC5, "canal onde o fluxo de divisas estrangeiras é bastante fácil, em comparação com o mercado de câmbio comercial".Esse dinheiro é resultado, além da venda exagerada de medicamentos - em associação com as farmácias - , das margens de lucro excepcionalmente altas, segundo o senador: 30%, quando a dos supermercados seria de 2%. Em aparte, a senadora Heloísa Helena (PT-AL) mostrou preocupação semelhante, e alertou para o fato de que no Brasil são vendidos sem controle remédios proibidos na Europa e nos Estados Unidos.A ausência de livre-concorrência no setor foi mencionada por Hartung, que cobrou a intervenção do governo para evitar a continuidade da prática de cartel (preços semelhantes ou iguais definidos por um grupo de empresas). Nesse sentido, o senador Roberto Saturnino (PSB-RJ) aparteou Hartung para citar as declarações do presidente do Conselho Administratrivo de Defesa Econômica (Cade), Gesner de Oliveira. Conforme o dirigente, o órgão não tem recursos para bem fiscalizar o setor de remédios.- Ao não corrigir o regime de concorrência imperfeita, o governo está escolhendo o lado da espoliação - afirmou Hartung.

20/01/2000

Agência Senado


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