HELOÍSA HELENA DIZ QUE OPOSIÇÃO NÃO DISPÕE DE MEIOS JUDICIAIS PARA INTERROGAR



Insurgindo-se contra os que acusam a oposição de pouca eficácia no interrogatório dos que vêm depondo na Subcomissão do Judiciário que investiga o desvio de recursos do Fórum Trabalhista de São Paulo, a senadora Heloísa Helena (PT-AL) disse que, sem os poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, é impossível para a oposição provar se os interrogados estão mentindo ou falando a verdade.
Ela entende que o Senado só chegará a termo nessa investigação se quebrar o sigilo bancário de Eduardo Jorge, ex-secretário-geral da presidência da República, e de seus familiares. "Imagino que uma personalidade que passa 18 anos como pessoa da grande confiança de um presidente da República não seria tão ingênua a ponto de deixar rastros nas suas contas pessoais", afirmou a senadora, para justificar um possível envolvimento de parentes nisso.
Na opinião de Heloísa Helena, alguns dos familiares do ex-secretário "estão envolvidos no processo de intermediação de interesses privados no setor público, com dirigentes de algumas empresas que acabaram se beneficiando desse intermediação de uma forma que desafia a lógica".
Referindo-se a requerimento por ela enviado à Mesa do Senado para a quebra do sigilo bancário de Eduardo Jorge, Heloísa Helena disse ter certeza de que, a partir daí, a Casa terá acesso a informações essenciais para desvendar os fatos. "Estamos convictos de que, como obriga a Constituição e o Regimento Interno do Senado, nosso requerimento será encaminhado às autoridades competentes para que possamos ter acesso a essas informações".
A senadora não considera produtivo a Subcomissão utilizar seu tempo apenas escutando o depoimento de funcionários de tribunais, entre os quais se encontram pessoas que já depuseram na CPI do Judiciário, e que deram depoimentos considerados irrelevantes. "O que conta de fato é o acesso a documentos, para que possamos ter um parecer concreto a respeito de tudo o que vem acontecendo".
Sobre os procuradores da República, que também têm sofrido críticas em suas investigações, a senadora disse que todo o povo brasileiro fica confiante na democracia quando assiste a instituições sérias agirem de forma independente, propondo-se tanto a cumprir suas obrigações constitucionais quanto a combater a corrupção, zelando pela boa administração dos recursos públicos.

15/08/2000

Agência Senado


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