Heloísa Helena repudia versão de que votou por Luiz Estevão



A senadora Heloísa Helena (PT-AL) exigiu nesta quarta-feira (dia 7) que o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) apresente a lista da votação que decidiu pela cassação do senador Luiz Estevão, caso tenha havido a quebra de sigilo da sessão, como teria dito o senador baiano em conversa com procuradores da República divulgada pela revista IstoÉ. Em discurso proferido no plenário, a senadora explicou ser essa a forma de se provar que ela votou pela cassação.

- Essa lista tem que aparecer, senador, e com o meu voto "sim" - disse Heloísa Helena, dirigindo-se ao ex-presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, a quem ela credita a acusação.

De dedo em riste e contendo as lágrimas a custo, Heloísa Helena atacou Antonio Carlos não só como o provável autor da calúnia, mas também como integrante de uma classe de poderosos e opressores à qual ela não sente submetida. Em contrapartida, agradeceu a todos os que não acreditaram na versão do voto contra a cassação, que acabou sendo disseminada por milhares de meios de comunicação. Citou a história de Pan Cong, conselheiro de uma antiga corte chinesa, que, ao se afastar do reino em missão oficial, foi intensamente difamado, a ponto de perder a confiança do rei.

- Quando o chamei de canalha e pusilânime, quero lhe dizer que as minhas palavras foram insignificantes diante do que sou capaz de fazer para defender a minha honra e minha família - disse Heloísa, mais uma vez apontando para Antonio Carlos.

Segundo ela, os adjetivos utilizados para descrever o caráter do senador baiano foram a maneira encontrada por Heloísa Helena para fazê-lo "entender" o que se passava. Na opinião da senadora, Antonio Carlos ficou "mal acostumado" devido ao medo que lhe devotam, por ter se portado muitas vezes como um "capitão-do-mato", profissional dedicado à caça e punição de escravos fugidos ou rebeldes.

- Vossa Excelência não me dobra, não me cala. Nasci negrinha para derrubar a porta da senzala - afirmou a senadora, lembrando o que chamou de uma vida de luta pelos direitos dos mais pobres e oprimidos e também de renúncia em prol de um comportamento ético e honrado.

Deixando bem clara a distância entre o mundo em que foi criada e vive e o universo de Antonio Carlos e da elite brasileira, a senadora disse que foi "educada para se portar com dignidade e não domesticada para servir aos ricos". Por isso, repudiava as três hipóteses que justificariam o suposto voto a favor de Estevão: teria recebido dinheiro do senador pelo Distrito Federal; teria tido uma relação amorosa com ele; ou teria feito um acordo com o senador alagoano Renan Calheiros (PMDB) para atender a interesses regionais.

- Fui educada até para lamber as escaras dos pobres, se preciso, para lhes salvar a vida, mas não para atender aos poderosos. Em homenzinhos riquinhos e ordinários eu não cuspo, eu vomito - afirmou a senadora, que pediu a apuração de todas as denúncias de corrupção e roubo do dinheiro público.

07/03/2001

Agência Senado


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