Heráclito Fortes critica ausência de Lula em debate



O senador Heráclito Fortes (PFL-PI) criticou nesta sexta-feira (29), em Plenário, a ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no debate entre os presidenciáveis promovido pela Rede Globo de Televisão na noite de quinta-feira (28). Heráclito acompanhou a ida de Geraldo Alckmin ao estúdio da emissora, no Rio de Janeiro, na condição de coordenador da campanha do candidato do PSDB à Presidência da República.

- Ir ou não ir ao debate é questão de cada um, mas ele tem que respeitar o espectador, o eleitor e a organização da emissora que promove um debate em nome do aperfeiçoamento da democracia. Além do desrespeito e da desatenção, é acima de tudo uma demonstração autoritária de que a opinião pública não merece do mandatário maior da Nação nenhuma explicação, nenhuma satisfação - afirmou.

O senador pelo Piauí também criticou a carta encaminhada por Lula à direção da Rede Globo, em que o presidente da República procura justificar a ausência no debate sob a alegação de que seria agredido pelos outros candidatos.

- A carta remetida pelo presidente e lida pelo jornalista William Bonner é de uma insensatez e de uma leviandade que me leva a crer que tenha sido redigida pelos mesmos assessores que, na calada da noite nos hotéis de São Paulo, traficavam dólares e dinheiro para finalidades escusas - disse, referindo-se aos envolvidos na tentativa de compra de um dossiê com informações que supostamente envolveriam integrantes do PSDB com a máfia das ambulâncias.

Na avaliação de Heráclito Fortes, o presidente Lula não teria condições morais durante o debate para encarar a candidata do PSOL, senadora Heloísa Helena (AL), e o candidato do PDT,senador Cristovam Buarque (DF). Heloísa Helena foi expulsa do PT em 2003, enquanto Cristovam Buarque foi exonerado do cargo de ministro da Educação pelo presidente Lula, por telefone, quando se encontrava em missão oficial em Portugal.

- A dor na consciência de Lula não ia permitir que ele olhasse de frente Heloísa Helena, que ele expulsou do partido, e Cristovam Buarque, que ele demitiu por telefone para atender a desejo da base aliada que foi o nascedouro do mensalão e dos escândalos que se sucederam no seu governo. A relação de Lula e Cristovam começou a azedar nos primeiros despachos. Lula não gosta de quem lhe leva problema, mas da moçada que o acompanha no futebol, nos carurus e nos vatapás - afirmou.

Meirelles

Em seu discurso, Heráclito Fortes também refutou notícias publicadas pela imprensa, segundo as quais ele e o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) teriam mantido um diálogo ríspido com Henrique Meirelles durante visita feita ao presidente do Banco Central na última quinta-feira. Os parlamentares solicitaram informações sobre a origem do dinheiro que seria utilizado para a compra do dossiê com dados que poderiam prejudicar o desempenho dos candidatos do PSDB nas eleições.

- Os jornais dizem que, após a audiência, Meirelles teria ligado para Lula e dito que mantivemos um diálogo ríspido. Não quero crer nem de longe que essa informação que a imprensa atribui a Henrique Meirelles seja verdadeira. Não posso pensar sequer que Henrique Meirelles seja leviano ou mentiroso. Sob as mãos desse cidadão encontram-se segredos e informações privilegiadas. Sendo verdade a informação, isso me remete à conclusão triste de que temos como guardião da moeda um cidadão sem qualificação moral para ocupar esse cargo - afirmou.

O senador do PFL garantiu que a conversa mantida com o presidente do Banco Central transcorreu em clima de normalidade, mas disse que a instituição pode estar sofrendo pressões de alguns setores do governo, no sentido de adiar a apuração sobre a movimentação do dinheiro que seria utilizado para a compra do dossiê.

- Há pressões vindas de outros setores do governo, que não identifiquei com clareza, como, por exemplo, do Ministério da Justiça. As informações que recebemos nos dão a conclusão clara de um jogo de empurra do governo, com o objetivo de ganhar tempo. Me causou estranheza o fato de o presidente do Banco Central estar alheio à maior parte dos episódios, dissemos isso a ele com a maior franqueza, recebendo de Meirelles sugestões, que não vou revelar aqui porque não sou leviano, mas que as circunstâncias poderão me obrigar a fazê-lo - adiantou.

Heráclito também criticou a postura do presidente Lula que, segundo ele, teria condenado a visita dos dois senadores ao presidente do Banco Central.

- O presidente já foi oposição e ele sabe o que é o dever da oposição. Ele não pode querer calar a voz da oposição, limitando as perguntas às questões de sua conveniência. Aliás, um dos fatos mais graves que o atrapalharam foi o de ele tentar cooptar quem se elegeu pela oposição, dando origem aos escândalos do mensalão. O presidente pode fazer o que quiser, desde que não prejudique o povo brasileiro e os cofres da Nação, mas ele não tem o direito de calar a oposição no Brasil, que vai cumprir o seu papel - concluiu.



29/09/2006

Agência Senado


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