Humberto investiga parcerias da PCR









Humberto investiga parcerias da PCR
Petista contradiz João Paulo e suspeita que Paulista recebeu mais recursos do Estado

O PT está dividido. Uma semana depois de o prefeito João Paulo (PT) ter enaltecido as parcerias feitas com a administração Jarbas Vasconcelos, o vereador e candidato do PT ao Governo do Estado, Humberto Costa, tentará provar que as parcerias podem ter uma dimensão bem menor que as divulgadas. Ontem, o petista disse ter indícios de que outros municípios menores, a exemplo de Jaboatão dos Guararapes e Paulista, receberam mais recursos do Governo estadual. "Recebi informações que dão conta disso. Vou fazer um levantamento para tentar comprovar ", afirmou.

Na última terça-feira, o prefeito declarou que, ao contrário do que se previa na eleição de 2000, a Prefeitura tem, hoje, muitas parcerias com o Governo do Estado. O petista, apesar de não ter um levantamento em termos de reais, acredita que o montante repassado para a administração petista seria maior do que na gestão de Magalhães, aliado do governador Jarbas Vasconcelos (PMDB).

Indagado se a sua proposta de investigar o número de parcerias das prefeiturasnão iria contradizer as afirmações de João Paulo, Humberto Costa garantiu que não. "Vou contradizer o Governo do Estado. Eles é que vivem dizendo que estão fazendo tudo de bom pelo Recife". Segundo o vereador, fazer parcerias com a Prefeitura do Recife é uma obrigação do Governo do Estado. "Se eu for eleito governador vou fazer dez vezes mais parcerias com a PCR do que ele (Jarbas)", previu o petista.

Humberto Costa falou sobre o trabalho que pretende fazer para mostrar que Recife não é o município que tem mais parcerias com a administração jarbista durante uma entrevista, na manhã de ontem, no Programa Paulo Marques, na Rádio Estação Sat. Ele esclareceu, no entanto, que a investigação está apenas no início. "Recebi essas informações e resolvi fazer a pesquisa", justificou.

Apesar das evidentes divergências entre Humberto e João Paulo, que a cúpula do PT nega existir, a agenda do candidato petista continua acelerada rumo ao Interior do Estado. No próximo sábado, Humberto tem viagem marcada para Limoeiroe Surubim. Já no domingo, o petista participa, em Goiana, do Encontro Regional do PT na Mata Norte.

No dia 23, estão agendadas visitas para os municípios de Santa Cruz do Capibaribe e Taquaritinga. De acordo com o vereador, as visitas têm o objetivo reunir os representantes os diretórios do partido e as lideranças locais do PT. Nas últimas viagens feitas por Humberto para o Agreste e Sertão do Estado, a comitiva petista não contou com a presença do prefeito.


Jarbas cobra escolha do vice de Serra
Governador critica direção do PMDB e diz que é preciso agilizar indicação do nome

PALMARES - O governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) posicionou-se ontem contra a direção nacional do seu partido e enfatizou que é preciso agilizar a escolha do vice a ser indicado para a chapa presidencial do senador tucano José Serra (SP). O PMDB adiou a escolha do vice até quando as denúncias envolvendo Serra sejam esclarecidas. O que foi interpretado como o sinal de que o partido está na prática esperando para ver se o tucano, estagnado nas pesquisas eleitorais, decola.

"Tem que agilizar essa coisa do vice. Se já há um entendimento entre o PSDB e o PMDB, tem que agilizar mesmo, até porque essas denúncias (contra Serra) são requentadas desde 1998", declarou o governador, após lançar um programa social que vai gerar 3,3 mil empregos na Zona da Mata Sul e assinar uma ordem de serviço do projeto Alvorada para obras de saneamento e abastecimento d'água. José Serra enfrenta problemas para fechar a sua chapa desde a desistência do governador de Pernambuco em aceitar o seu convite.

Na opinião de Jarbas, as denúncias de que o ex-caixa de campanha de Serra, empresário Ricardo Sérgio, cobrou propina de Benjamim Steinbruch na época da privatização da Vale do Rio Doce não irão prejudicar o candidato tucano. "Não acho que prejudica não", opinou o governador. Jarbas destacou que, agora, o que importa é esclarecê-las e esse papel cabe ao Ministério Público. Ao comentar a repercussão que as principais revistas do País trouxeram no último fim de semana, ele salientou: "Não interessa se ele (Ricardo Sérgio) recebeu R$ 15 milhões ou R$ 6 milhões e sim esclarecer de vez esse assunto".

Jarbas reiterou seu apoio ao presidenciável tucano e afirmou ter conversado com ele há aproximadamente dez dias. Destacou que o senador não está tão preocupado quanto se imagina e anunciou que, nesses próximos dias, estará fazendo campanha em Pernambuco.

Embora sua campanha pela reeleição seja explícita, sobretudo quando vem inaugurar obras no interior, Jarbas continua fazendo mistério sobre o seu futuro político. Questionado a respeito do assunto, ele desconversou. Reiterou estar fazendo reuniões com o seu pessoal, como sempre fez em ano de eleição. Aliados e adversários não têm dúvidas de que ele é candidato e só adiou o anúncio oficial para o dia 20 de junho, perto do prazo final para a realização das convenções partidárias, para encurtar a campanha no Estado.


Lula critica "terrorismo" externo
Petista garante que irá honrar compromissos assumidos pelo Governo brasileiro

RIO - O pré-candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, classificou de criminoso e de terrorismo barato a relação entre a sua subida nas pesquisas de intenção de voto e o aumento do risco-país e a saída de investimentos. Para Lula, a atual situação econômica do País não está boa. Ele citou como exemplo o fato da balança comercial estar positiva porque as importações caíram e não as exportações aumentaram. "Qualquer cidadão ou cidadã que tentar envolver uma queda de bolsa, uma retirada de fundos por conta de uma pesquisa, é um absurdo", afirmou.

Para Lula, está havendo um movimento especulativo e que há pessoas tentando criar um clima de terrorismo no país. "Acho que é politicamente errado, economicamente irresponsável e acho que é (criminoso) fazer terrorismo barato a seis meses das eleições", insistiu. Lula cobrou a identificação dos que afirmam que há essa relação entre sua candidatura e a saída de investimentos e o aumento do risco-país.

Lula reiterou que vai honrar os compromissos já negociados e o que tiver que ser negociado no futuro será feito de forma a beneficiar o País. Ele afirmou que tem compromisso com a estabilidade da economia e com o controle da inflação, embora não tenha dito se irá manter o sistema de metas de inflação.

Ele criticou a verticalização das alianças determinada pelo TSE e mantida pelo STF. Ele disse que esse tipo de decisão é um exemplo de como a democracia em época de eleição fica mais fragilizada. "Está aí o resultado: a verticalização que parecia ser uma coisa boa a gente já percebeu que tem um endereço certo de garantir uma certa hegemonia a uma determinada força política", afirmou.

Lula criticou a verticalização quando defendia uma reforma política no País. "Não é possível que depois de alguns anos de conquistada a liberdade política no Brasil a gente ainda tenha a mesma formação política oriunda da época do regime militar, uma formação política capenga, partidos fragilizados, legendas de aluguel, uma coisa totalmente absurda", disse ele. Parao pré-candidato, o processo democrático pode ficar prejudicado, caso não haja uma mudança nos partidos. Lula, no entanto, afirma que todos os políticos defendem a reforma, mas que falta consenso dentro dos partidos para se aprovar mudanças.

Lula ainda tem a expectativa de formar alianças com o PL, setores do PMDB, PPS e do PSB. Lula disse que a idéia inicial do PT é ter um candi dato a vice que não seja do PT e que essa escolha ocorrerá em junho. Ele ressaltou, no entanto, que se isso não acontecer, o PT tem gente qualificada para ocupar o posto. Suas declarações foram feitas a correspondentes estrangeiros.


Ministro vai depor acerca de propina
SÃO PAULO - O ministro da Educação, Paulo Renato Souza, informou ontem que irá aceitar o convite para depor no Senado, mas ainda não definiu uma data. Paulo Renato é um dos personagens envolvidos no suposto pedido de propina durante a privatização da companhia Vale do Rio Doce. À reportagem da revista Veja, o ministro afirmou ter conhecimento de que o empresário Benajmin Steinbruch teria relatado que o ex-diretor do Banco do Brasil, Ricardo Sérgio Oliveira pediu R$ 15 milhões para montar um consórcio para disputar o leilão da Vale.

Ricardo Sérgio, caixa da campanha de Serra ao Senado, em 1994, e de FHC em 1994 e 1998, teria se oferecido para reunir fundos de pensão em torno da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), de Steinbruch, vencedora do leilão. Ele geria, na ocasião, o Previ (Fundo de Pensão dos Funcionários do Banco do Brasil). O ministro afirmou que também estuda uma data para fazer seu depoimento no Senado sobre as declarações que deu à Veja sobre o caso. Ele foi convidado pela Comissão de Fiscalização e Controle (CFC) do Senado para prestar esclarecimentos sobre a privatização da companhia. Hoje, Paulo Renato se encontra com o presidente FHC.

A senadora Heloísa Helena (PT-AL), afirmou que a decisão do ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros de não comparecer na CFC mostra "uma confiança na impunidade". Barros tem dito a parlamentares que deve recusar o convite dos senadores, mas ainda não enviou uma justificativa oficial para a ausência. Além do ex-ministro, os senadores convidaram para prestar esclarecimentos Ricardo Sérgio de Oliveira, Benjamin Steinbruch e Paulo Renato Souza. Os depoimentos teriam como objetivo esclarecer a denúncia de que Ricardo Sérgio cobrou propina de Steinbruch após a privatização da Companhia Vale do Rio Doce. Os convidados têm até amanhã, quando será realizada uma sessão da Comissão de Fiscalização, para confirmar a presença ou explicar a ausência.

Heloísa Helena reiterou os partidos de oposição deverão apresentar nesta semana um outro requerimento convidando todos os quatro, desta vez para investigar a denúncia publicada na Folha de S. Paulo de que Ricardo Sérgio de Oliveira teria beneficiado o empresário Gregório Marin, sócio do candidato do PSDB à Presidência, José Serra, num financiamento concedido pelo Banco do Brasil.


FHC defende união civil entre homossexuais
Presidente lançou segunda fase do Programa de Direitos Humanos com o objetivo atender às minorias

BRASÍLIA - Um dos pontos defendidos pelo Programa Nacional de Direitos Humanos, lançado ontem pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, é a união de pessoas do mesmo sexo. O projeto, que tramita no Congresso Nacional, foi um dos temas do discurso de FHC, em Brasília. "Ressalto a recomendação para que o Congresso aprove o projeto permitindo a união civil entre pessoas do mesmo sexo", disse presidente que, ao final da cerimônia, posou para fotos segurando uma bandeira do movimento gay.

O projeto que oficializa a união entre homossexuais é de autoria da prefeita Marta Suplicy (quando era deputada). Segundo Luiz Mott, presidente do Grupo Gay da Bahia, houve um avanço na redução do preconceito contra os homossexuais no País. "Isto é um bom começo, mas não o suficiente. Queremos mais. Queremos que FHC seja o primeiro presidente da República a pronunciar em público a palavra homossexual", disse Mott.

Ele também cobrou a legalização do direito de mudança do registro civil para homossexuais e a retirada do CódigoPenal Militar da palavra "pederastia". A solenidade teve a presença de representantes de minorias descriminadas como deficiente físicos, visuais, negros e homossexuais.

O 2º Programa Nacional de Direitos Humanos anunciado ontem pelo presidente contempla um conjunto de medidas cujo objetivo é atender às minorias e impedir que, por discriminação, brasileiros sejam prejudicados na hora de arrumar emprego, comprar um bem imóvel ou mesmo freqüentar um local público. Ao todo, 518 metas fazem parte do programa. As medidas foram sugeridas por membros dos Poderes. Em seu discurso, FHC deixou claro que o verdadeiro responsável pela implantação do PNDH será seu sucessor. "As ações aqui anunciadas não podem se esgotar em um único mandato", disse FHC.

Durante a solenidade, FHC foi presenteado com um quadro do artista plástico carioca Marcelo Cunha, que é deficiente físico e usa a boca para pintar. Cunha aparece em uma das inserções comerciais da campanha educativa do Governo, em favor dos direitos humanos, que começoua ser veiculada ontem pela televisão. O primeiro PNDH foi lançado há seis anos pelo Governo federal. Ele prevê o investimento de mais de R$ 26 bilhões nos programas já em andamento e nos que serão lançados futuramente.

O líder do PT na Câmara, deputado João Paulo Cunha (SP), elogiou a iniciativa do presidente FHC de apoiar o projeto de lei que permite a união civil entre pessoas do mesmo sexo. A matéria tramita na casa desde 1985. Atualmente, o projeto está pronto para votação, mas se encontra parado na Mesa Diretora. Há muita resistência à proposta, principalmente entre os deputados evangélicos e os mais conservadores, mesmo de outras religiões. Por conta da polêmica em torno da questão, o projeto, que está pronto para ser votado pelo plenário desde 10 de dezembro de 1996, vem sofrendo constantes adiamentos na votação.


PF indicia fraudadores de escrituras
Grupo chegou a criar fazenda maior do que Sergipé e Alagoas

BELÉM - A Polícia Federal do Pará indiciou sete pessoas por crimes de estelionato, falsidade ideológica e sonegação de impostos na compra, venda e registro em cartório de 4,7 milhões de hectares de terra em Altamira, no sudoeste do Estado.

Entre os indiciados, que começam a ser processados esta semana pela procuradora federal Solange Braga, de Santarém, está o empresário Cecílio do Rego Almeida, dono do grupo CR.Almeida, e seu filho, Roberto Beltrão de Almeida.

Segundo o delegado da PF, Anderson Rui Fontel de Oliveira, documentos do Incra e do Instituto de Terras do Pará revelam que a Fazenda Curuá, supostamente de propriedade do grupo de Cecílio Almeida e tida como a maior fazenda do mundo, tem cerca de 72% de sua área sobre três reservas indígenas, uma floresta nacional e dois assentamentos de trabalhadores.

Somadas, as áreas são maiores que os estados de Alagoas e Sergipe juntos ou superiores a vários países europeus.

O comerciante Umbelino José de Oliveira Filho e seus filhos Carlos Alberto Melo de Oliveira e Humberto Esteves Melo de Oliveira, venderam as terras por R$ 6 milhões para o grupo de Cecílio, que até hoje só teria pago R$ 700 mil.

Cada hectare saiu por pouco mais de R$ 1,00, numa região rica em mogno, ouro e biodiversidade ainda não pesquisada pela ciência.

O problema foram as fraudes que ocorreram no registro dessas terras no Cartório Moreira, de Altamira. Os títulos de posse jamais poderiam ter sido transformados em títulos de propriedade, como foram considerados pela cartorária Eugênia Freitas, uma das indiciadas.

O agrimensor Nilson Lameira de Souza, contratado por Umbelino para fazer o mapa das terras, chegou a mudar de posição uma rodovia federal, a Santarém-Cuiabá.

Esse trabalho, realizado no dia 28 de março de 1993, foi escriturado no cartório de Eugênia com a data de 28 de março de 1983, dez anos antes. A intenção era fazer crer que o memorial era anterior à matrícula da área no mesmo cartório.


Artigos

Nossa democracia é bibe lô, sim
Edson Mororó Moura

Democracia é Governo do povo. Explicitando um pouco mais, segundo o dicionário Houaiss: "sistema político comprometido com a igualdade ou com a distribuição eqüitativa de poder entre todos os cidadãos." Um país que tem a mais obscena concentração de renda do planeta, o que significa uma das maiores concentrações de poder, não tem democracia. Somos há 50 anos modestos empresários e temos a consciência de que estamos muito longe dos figurões da intelectualidade em que a província é tão rica. Mas me ocorre uma conversa pessoal que tive certa vez com Brizola quando ele, se referindo a FHC, disse que o Presidente era um autêntico decoreba, sem nenhum sentido prático. Acho que aqui também pululam esses luzeiros, principalmente aqueles que podem se quedar em confortáveis aposentadorias públicas, às vezes múltiplas. Para esses a nossa democracia é refastelante.

Lembrem-se que há pouco dias, um dos candidatos à Presidência da República por pouco não se locupletou de uma aposentadoriaR$ 10 mil por mês, pelo exercício da função de governador por período um pouco maior de 3 anos. A imensa maioria do empresariado de capital nacional, atinge os 72 anos como nós, sendo obrigados a trabalhar ainda muito duramente, para ver se mantém o seu negócio à tona pois suas aposentadorias normalmente beiram os R$ 1 mil mensais e se seu negócios não se sustentarem estarão jogados na sarjeta. A nossa democracia bibelô tem sido uma busca incessante da elite política poderosa, para sacar nacos cada vez maiores daquilo que pertence ao povo.

Examinemos alguns movimentos políticos desde a nossa independência. Não conheço qualquer livro de história que não faça referência às crenças liberais de Pedro I que instalou uma Assembléia Constituinte após a independência, para votar a Constituição do Reino. O Brasil naquela época tinha cerca de 3 milhões de habitantes espalhados numa área muito grande, mais de 7 milhões de km2 e o Rio de Janeiro, capital do reino não tinha mais de 100 mil pessoas. Era necessário um esforço enorme do imperador para manter o País unido e a lucidez de José Bonifácio entendia isso muito bem, principalmente quando algumas províncias como a Bahia e o Pará estavam em franca rebelião, insufladas pelas Cortes portuguesas para as quais nossa independência não lhes convinha.

A maioria dos constituintes então queria mitigar o poder de Pedro I sob o argumento de que uma democracia autêntica assim o exigia. O que eles queriam eram maiores poderes pessoais, mais poder de vida e morte sobre os escravos, glebas sempre maiores sem pagar qualquer imposto, pois então, como hoje, a cupidez da elite brasileira é ilimitada e malandramente justifica isso falando em democracia. Pedro I teve que dissolver a Assembléia Constituinte e ainda hoje historiadores como Nelson Werneck Sodré agridem a decisão do imperador que findou sendo expulso em 1831, para que a nossa democracia se tornasse cada vez mais, um bibelozinho.

Veio a República e nunca mais o Brasil teve tranqüilidade. As revoltas foram constantes e não fora a mão de ferro de Floriano o País teria se esfacelado, no comecinho da República. Floriano é um dos meus heróis. Otavio Mangabeira é herói de outros. Quando da Revolta da Armada, com o caos instalado na capital do País, que se debatia sem o governo ter as condições financeiras à altura para enfrentar os revoltosos, o representante de uma potência estrangeira, com navios de guerra na baía de Guanabara veio até Floriano dizer a ele da preocupação do seu governo com o estado de guerra vigente na cidade e, como ele Floriano, veria o desembarque de marujos seus para ajudar o restabelecimento da ordem. Floriano, com a coragem, mas principalmente com o patriotismo que lhe enchia toda a alma, respondeu que os receberia à bala.

Otávio Mangabeira que também é tido como um grande intelectual e paradigma da democracia bibelô, foi nosso embaixador em Washington e ao cumprimentar o presidente Eisenhower beijou-lhe as mãos, causando grande constrangimento ao mandatário americano. Para mim, Mangabeira agiu como um canalha e foram atitudes como essas dele que encorajaram recentemente o subsecretário de comércio dos EUA a nos afrontar dentro do nosso território e incentivaram, agora, agências financeiras americanas a rebaixarem nossa cotação creditícia, em virtude de pesquisas eleitorais favorecerem um dos candidatos, na preferência do povo.

Não nos enganemos: aqui no Brasil serão os democratas tipo Otávio Mangabeira que irão através da mídia para forjar as acusações mais cavilosas para que nenhum candidato capaz de pôr em risco a imoralidade dos ganhos dos bancos e de negociatas injuriosas como a da Vale do Rio Doce, possa prosperar.


Colunistas

DIÁRIO POLÍTICO – Divane Carvalho

Com direito a band-aid
A questão da segurança pública continua sendo o calo da administração Jarbas Vasconcelos. Aquele que incomoda muito, dói o dia inteiro, mesmo quando recebe um tratamento cuidadoso, com direito a band-aid na hora de calçar o sapato para não machucar ainda mais. No último final de semana, a preocupação do governador com os índices da violência ficou bem visível, com os informes publicitários publicados nas primeiras páginas dos jornais, que falam do esforço desenvolvido pelo Governo do Estado para reduzir assaltos e seqüestros. Além de relacionar os investimentos feitos até agora, para diminuir a insegurança nas ruas. Afora a preocupação normal de um governante em combater a violência, Jarbas Vasconcelos tem motivos eleitorais para se preocupar com o trabalho desenvolvido pela Secretaria de Defesa Social. Porque ele sabe que a segurança será uma forte bandeira de campanha dos seus adversários, que já estão armados até os dentes para cobrar o que não foi feito nessa área e mostrar aos eleitores os números absurdos que fazem de Pernambuco um lugar perigoso para se viver. Certamente também tem consciência que essa história de dizer que a violência é uma questão nacional pode até funcionar na hora do discurso, nos palanques do Interior quando está inaugurando obras. Mas, numa campanha, a tese pode ser desmontada com facilidade porque ninguém quer saber de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília ou Goiás. Os eleitores pernambucanos vivem aqui e querem segurança onde vivem.

Paulo Rubem (PT) tem audiência hoje, às 10h, com o procurador geral de Justiça, Romero Andrade. Para solicitar informações sobre representações que encaminhou ao Ministério Público, entre elas a que trata de irregularidades do antigo Bandepe

Clima 1 Clima de Inquisição na direção estadual do PT, todo mundo querendo identificar o petista que criticou João Paulo por conta dos elogios que o prefeito fez a Jarbas Vasconcelos, semana passada.

Clima 2 Do jeito que está, ninguém se espante se Paulo Santana colocar uma fogueira lá no Marco Zero, pronta para queimar o bruxo que ousou criticar o prefeito, caso ele seja identificado. No melhor estilo Idade Média.

Contra Roberto Freire (PPS-PE) anunciou que é contra a aliança do seu partido com Fernando Collor, em Alagoas, assim como com o PFL, no Rio Grande do Sul: "Sou contra mas não posso intervir nos estados por isso. Não sou um ditador do PPS, sou presidente, não imponho nada". Ah, sim.

Tendência Sílvio Costa (PSD) disse ontem, na Câmara do Recife, que o PT não se entende porque João Paulo não gosta de Humberto Costa: "Até porque Humberto pertence a tendência Unidade na Luta e o prefeito ao FAZ, o Faz de Conta".

Marqueteiro Byron Sarinho (foto) diz que o maior marqueteiro do Brasil não é Nizan Guanaes nem Duda Mendonça e sim Fernando Lyra: "Que conseguiu uma repercussão descomunal para um simples factóide, o afastamento dele de um cargo que nem exercia, a coordenação da candidatura Ciro Gomes (PPS). É um gênio".

Rio To ny Gel (foto) comemora a posse do Comitê da Bahia Hidrográfica do Ipojuca, com representantes de 24 municípios. O prefeito de Caruaru foi quem iniciou o trabalho em defesa da recuperação do rio, bastante poluído, junto à Agência Nacional de Águas.

Discurso Parecia reunião do PT. Foram tantos os oradores que precederam Jarbas Vasconcelos, ontem, em Palmares, que ele só falou duas horas depois que chegou. Falaram de deputados a representantes de associação de moradores, com o locutor desesperado, pedindo, em vão, que eles fossem breves.

Visita Luiz Sales, Apolônio Sales Filho e Lourenço Cunha visitaram, ontem, o DIARIO para informar que a LMS, consultoria paulista na área de marketing, abriu escritório no Recife. Foram recebidos pelo diretor superintendente, Luiz Otávio Cavalcanti.


Editorial

CÍRCULO VICIOSO

O mundo globalizado não conhece fronteiras. A competição torna-se cada dia mais acirrada. No comércio internacional, exige-se qualidade e preço. Ambos os fatores estão relacionados à mão-de-obra. O trabalhador deve ter condições de responder às exigências do mercado. Nenhuma empresa admitirá nos seus quadros profissional incapaz de entender um manual de instruções ou de manejar máquinas sofisticadas.

Mais: a qualificação constitui item importante na atração de empreendimentos. O trabalhador brasileiro tem entre 4 e 7 anos de escolaridade. Não raro abandona os livros sem ter adquirido a aptidão da leitura e da escrita. Como concorrer com o coreano, por exemplo, que soma, no mínimo, doze anos de estudos? A deficiência se traduz em duplo prejuízo. De um lado, implica perda de produtividade para a economia. De outro, baixos salários para os empregados. Mais da metade dos brasileiros recebe até dois salários mínimos por mês. O fato aprofunda as desigualdades regionais e alimenta a atividade produtiva marginal.Constitui, sem dúvida, uma das grandes dívidas sociais do País.

Hoje não basta freqüentar por mais tempo as salas de aula. É importante ir além. O ensino deve aliar qualidade a quantidade. A tarefa não é fácil. Nem rápida. Exigirá o esforço de, pelo menos, uma geração. O primeiro passo é investir no professor. Só mestres preparados, com a auto-estima em alta, podem formar brasileiros capazes de enfrentar os desafios crescentes de uma sociedade em rápido processo de transformação.

As últimas estatísticas comprovam que os cursos preparatórios de docentes têm a nota de corte mais baixa entre os demais. Isso significa que procuram o magistério os candidatos menos competitivos. São, em grande parte, estudantes que não conseguiram boa base nos ensinos fundamental e médio. Assim, criou-se um círculo vicioso. Professores despreparados formam alunos despreparados, que, por sua vez, serão profissionais despreparados. O mal não se restringe à escola pública. A particular recruta a mão-de-obra no mercado. A sociedade fica sem alternativa.

A universalização do ensino impõe novo e gigantesco desafio para todos os brasileiros. É inadiável encarar com firmeza o problema da excelência. Sem um salto qualitativo, o Brasil corre o risco de perder definitivamente o trem da história.


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05/14/2002


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