Ibope aponta Lula com 29 pontos à frente de Serra









Ibope aponta Lula com 29 pontos à frente de Serra
Pesquisa mostra que o petista tem 60% da intenção de voto contra 31% para o seu adversário tucano

A primeira pesquisa do Ibope para o segundo turno das eleições presidenciais aponta que o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está 29 pontos percentuais à frente de seu adversário, José Serra (PSDB).

A pesquisa, divulgada ontem à noite pelo Jornal Nacional, da Rede Globo, indica que Lula tem 60% das intenções de voto, contra 31% para Serra. Os votos nulos e brancos somam 4% e 5% dos entrevistados estão ainda indecisos.

Em termos de votos válidos, quando são desprezados os nulos e brancos, o candidato petista tem 66% contra 34% do tucano. Este é o cálculo utilizado pela Justiça Eleitoral para definir o vencedor das eleições. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no primeiro turno, Lula teve 46,44% dos votos válidos, enquanto Serra ficou com 23,20%.

Em termos regionais, Lula lidera a pesquisa nas cinco regiões. No Norte e no Centro-Oeste, o petista está com 57%, contra 36% para Serra; no Nordeste, o PT amplia a vantagem para 64% contra 30%; no Sudeste, o percentual é de 61% para o petista e 27% para o tucano; enquanto que na Região Sul, Lula aparece com 54% da intenção de voto contra 38% para Serra.

A pesquisa do Ibope foi realizada entre sábado e segunda-feira em 203 municípios, ouvindo três mil eleitores. A margem de erro é de 1,8% para mais ou menos.

Os números divulgados pelo Ibope têm pequenas variações em relação às outras pesquisas publicadas no fim de semana. Pelo Instituto Datafolha, Lula tem 58% contra 32% de Serra. Os indecisos são 6% e votos brancos e nulos somam 4%. Considerando apenas os votos válidos, Lula alcança 64% contra 36% de Serra.

Já o Vox Populi aponta 60% para Lula e 30% para Serra, com 6% de indecisos e 4% de votos nulos e brancos. O petista tem 66,6% dos votos válidos enquanto seu adversário aparece com 33,3%.

O Ibope divulgou também ontem pesquisa para o segundo turno ao governo de São Paulo, mostrando que o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que tenta a reeleição, está com 50% das intenções de votos, contra 41% de José Genoino (PT). Votos brancos e nulos são 4% e os indecisos, 5%.

O levantamento do Ibope foi entre os dias 11 e 13 de outubro, em 94 cidades paulistas. Em termos de votos válidos, Alckmin tem 55% e Genoino, 45%.

Petista vai gastar mais R$ 12 milhões
A Coligação Lula Presidente, que apóia o presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT), entrou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com pedido para que seja alterado de R$ 36 milhões para R$ 48 milhões o limite de seus gastos com a campanha presidencial. Os R$ 12 milhões adicionais estão sendo pedidos em face de gastos complementares de organização e divulgação da campanha do candidato petista.

No pedido, os advogados da coligação alegam que os gastos com a campanha de Lula cresceram com a realização do segundo turno. O pedido, que deverá ser despachado ainda esta semana, terá como relator o ministro Luiz Carlos Madeira.

A expectativa de gastos de cada candidato ou coligação é informada ao TSE no momento do registro da candidatura, no início de julho. O limite dos gastos só pode ser alterado com a autorização da Justiça Eleitoral.

PT e Bovespa tentam acalmar o mercado
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) foi o local escolhido pelo PT para o lançamento, amanhã, às 11h, do documento elaborado pelo partido e pela Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) para acalmar o mercado.

O texto será lançado um dia depois do vencimento de cerca de US$ 3,6 bilhões de títulos da dívida pública com correção cambial, o que leva investidores a pressionar por uma alta no dólar a fim de aumentar o seu ganho.

O documento, elaborado em conjunto com a Associação Brasileira dos Analistas do Mercado (Abamec) e pelo Instituto Brasileiro de Mercados de Capitais (Ibmec ), além de 19 entidades, prevê ações específicas na tentativa de que o mercado de capitais possa desempenhar sua missão "com eficiência".

Segundo o texto, a missão do mercado é ajudar na "retomada e sustentação do crescimento econômico, geração de empregos e democratização de oportunidades e do capital e mobilizar recursos de poupança oferecendo alternativas de investimento seguras e rentáveis".

Os petistas esperam que a divulgação do documento seja capaz de demonstrar ao mercado que Lula teria maturidade para o diálogo e que não seriam justificadas as incertezas relacionadas à sua candidatura. É uma forma de responder às críticas do PSDB, que vem associando Lula à alta do dólar.

Será o segundo documento do partido para tentar acalmar o mercado. Em junho, o PT divulgou carta prometendo honrar dívidas, cumprir acordos internacionais e respeitar o acertado com o FMI.

Serra diz ser mais esquerda do que Lula
O candidato José Serra (PSDB) disse ontem que, se eleito, fará mais mudanças que o PT. "Nós, na Presidência da República, vamos fazer mais mudanças que o PT faria. Nós estamos mais à esquerda", afirmou. "Esquerda não é discurso. É enfrentar os interesses na prática", disse o candidato em discurso no Balneário Cedro Clube, para uma platéia de cerca de 90 prefeitos do interior do Ceará.

Serra pediu o voto de todos e conclamou os presentes a criarem "uma ventania eleitoral" até 27 de outubro, que "cada um saia soprando para fazer essa ventania, que vai conduzir o barco de nossa campanha ao porto da vitória".

Ele fez críticas às administrações petistas, citando o caso da própria cidade de Quixadá, administrada pelo petista Ilário Marques que, segundo Serra, teria reduzido o número de agências do programa Saúde da Família.

CUT acusa atriz Regina Duarte de terrorismo
A Central Única dos Trabalhadores (CUT), que apóia o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, divulgou ontem carta aberta à atriz Regina Duarte em que diz que ela prestou-se "ao papel de terrorista e/ou patrulheira do voto, ao manifestar, no programa do horário eleitoral gratuito do presidenciável José Serra (PSDB) seus temores sobre uma eventual vitória de Lula".

No documento, o presidente da CUT, João Felício Neto, ressalta ser "inalienável" o direito de a atriz defender seus pontos de vista e também inquestionável sua decisão de fazer campanha para Serra.

"Já transcende não só o direito, mas até a dignidade, prestar-se ao papel de terrorista e/ou patrulheira do voto dos que querem mudança, dos milhões de brasileiros prejudicados (o que felizmente não é o seu caso) por um modelo econômico excludente e perverso", afirma o presidente da CUT.

"Você, Regina, é uma figura pública, até então merecedora de todo nosso respeito, mas para que ele continue, você também deve dar-se a ele", diz a nota, exigindo respeito da atriz pelo candidato petista.

No programa eleitoral de TV do tucano, levado ao ar segunda-feira à noite e ontem à tarde, Regina declara seu medo de uma eventual vitória de Lula nas urnas. "Eu tenho medo de perder toda a estabilidade conquistada. Um dos candidatos eu conheço, o Serra. Ele é o homem dos genéricos, do combate à Aids. Já o outro, o Lula, eu achava que conhecia, mas tudo que ele dizia, agora ele mudou. Isso dá medo. Por isso, eu voto 45, voto no Serra e voto sem medo", disse a atriz.

A assessoria de imprensa da atriz Regina Duarte informou que ela está viajando e ainda não conhece a carta enviada pela CUT. Segundo a sua assessoria, a atriz não foi informada sobre a correspondência pois está numa fazenda no interior de São Paulo, num local sem comunicação. A atriz só se pronunciará sobre as críticas feitas pela CUT após o seu retorno para São Paulo, previsto para hoje.

Serra disse que não uso u a atriz Regina Duarte para fazer "terrorismo" em torno da candidatura de Lula. "Foi um testemunho da Regina e do que ela está sentindo. Muita gente deve estar sentindo a mesma coisa. O País tem dois caminhos. Queremos que os dois caminhos se delineiem com clareza", disse o candidato tucano.


Juros tornam mais difícil comprar
Geladeira que custa R$ 800 à vista, passará para R$ 1.197 se for paga em doze prestações

O consumidor pode se preparar. Em pouco tempo, estará sentindo no bolso o reflexo da alta da taxa básica de juros, de 18% para 21%, promovida pelo Banco Central. A taxa mais cara, dos empréstimos em financeiras, deverá passar de 307,93% ao ano para 317,17%. A do cartão de crédito de 230,2% para 237,93% e a do cheque especial de 210,10% para 217,28%.

Seja qual for a operação, estão previstos aumentos nos juros mensais (veja simulações). Na compra em 12 vezes de uma geladeira no valor de R$ 800, por exemplo, os juros mensais devem passar de 6,62% para 6,83%. Com isso, a prestação pulará de R$ 98,69 para R$ 99,61. No total, a geladeira ficará R$ 13,44 mais cara, somando, ao final, R$ 1.197,72.

Os cálculos são de Miguel Ribeiro, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Segundo ele, entretanto, existe a possibilidade de, em um primeiro momento, os bancos não alterarem suas taxas de juros, principalmente nas linhas de crédito com taxas muito elevadas, como o cheque especial e o cartão de crédito.

De acordo com Ribeiro, existe muita gordura nos juros. Ele lembra que entre março de 1999 e junho de 2000, a Selic caiu de 45% ao ano para 18% – queda de 60%. Mas para o consumidor a redução ficou em 36,91%.

Até noivo pensa em adiar planos
O marceneiro Orlando Batista da Silva, 24 anos, tem planos de casar ano que vem. Mas já tem dúvidas se poderá fazê-lo. Pelo menos, os planos de compra de alguns móveis, como um sofá, para a nova casa, terão que ser adiados. "Minha noiva e eu pretendíamos fazer um crediário, mas agora vamos ver se temos condições de comprar à vista", lamentou.

Orlando admite que poucas vezes questionou os juros de uma compra a credito. "Geralmente, decido pelo número de parcelas e pelo valor das prestações", afirma. Seu medo é a situação do País. "Enquanto não assume o novo governo, é melhor adiar alguns planos", resume.

Miguel Ribeiro, vice-presidente da Anefac, no entanto, lembra que os consumidores não serão os únicos a sentir a alta dos juros. As empresas brasileiras verão reduzida sua competitividade no exterior. Haverá aumento dos custos de produção e diminuição dos investimentos produtivos, necessários para o crescimento econômico.

Sem crescimento econômico, deverão ocorrer redução de empregos, queda da massa salarial e da arrecadação de impostos. Existe, ainda, a possibilidade de diminuição dos prazos de financiamento e, conseqüentemente, redução nas vendas. Além de uma piora nos índices de inadimplência. "De quebra, vamos continuar com a maior taxa de juros do mundo", destaca Ribeiro.


Quem tem mais de 70 já pode receber o PIS
A Caixa Econômica Federal começou a pagar o saldo de quotas do PIS a quem tem idade igual ou superior a 70 anos. A nova medida foi autorizada pelo Conselho Diretor do Fundo de Participação PIS-Pasep e deve atender cerca de 1,8 milhão de participantes do PIS.

Outra mudança autorizada foi a possibilidade de saque quando o titular tiver um dependente portador do vírus HIV. Antes era possível sacar somente quando o próprio titular era portador de HIV. "Essas mudanças são fruto de um esforço conjunto para flexibilizar a lei que determina as regras de saque do PIS e beneficiar, com isso, mais famílias brasileiras", explica Jose Renato Correa de Lima, vice-Presidente da Caixa.

As quotas são o saldo da conta do PIS na conta do trabalhador. Equivalem às quotas de participação em fundos de investimento, cuja quantidade varia de acordo com o valor aplicado ou, no caso do PIS, com o valor que o trabalhador tem na conta. A rentabilidade das quotas é paga em forma de Rendimentos do PIS – incorporados, a cada ano, ao saldo das quotas.
O saque de quotas, nesses casos, pode ser feito a qualquer momento, independente do calendário anual de pagamentos.


Postos do INSS ameaçam reduzir o atendimento
Falta de servidores e veto a proposta de contratação podem levar a um corte no horário a partir de abril

Se o Ministério da Previdência e Assistência Social não conseguir autorização para realizar concurso de nível intermediário, o atendimento ao público nas agências poderá ser reduzido a partir de abril de 2003. A avaliação é de Johaness Eck, secretário-executivo da Previdência, referindo-se à crise em que se encontra a instituição.

Ele lembra que há mais de 20 anos a Previdência não tem autorização para realizar processo seletivo e, assim, conseguir repor as perdas de pessoal de nível intermediário. "É o contingente de servidores responsável pelo atendimento à população que procura as Agências da Previdência Social para pedir os benefícios a que tem direito", explica.

Quando foi instituído, em 1990, o INSS tinha 52 mil servidores em seu quadro de pessoal. Hoje, são apenas 39 mil. A situação se agrava com a inauguração de novas agências – nos últimos anos, mais de 400 foram abertas.

Em sua maioria, esses servidores são pessoas acima de 40 anos, com família e que moram em capitais, situação que, segundo o secretário, torna inviável a transferência para cidades do interior, onde o INSS está investindo com mais intensidade.

E, de acordo com estimativa do ministério, este ano e em 2003 cerca de três mil servidores serão afastados por aposentadoria. A alternativa tem sido a contratação de prestadores de serviço contratados por empresas terceirizadas.

Mas a saída é controversa. O próprio Tribunal de Contas da União (TCU) determinou o remanejamento de uma parcela dos 4,2 mil prestadores de serviço que está realizando a análise e concessão de benefícios – atividade privativa de servidores de carreira.

E basta lembrar que, em muitas das fraudes no INSS referentes à concessão de benefícios descobertas recentemente, estão envolvidos funcionários terceirizados.

O TCU deu 180 dias para que essa mão-de-obra deixe de ser utilizada nessa atividade e a contratação dos 4,2 mil, firmada no País inteiro por meio da empresa CTIS, de Brasília (que recebe do Ministério da Previdência R$ 8,8 milhões mensais) deverá ser suspensa, sendo realizados contratos diretos.

Para complicar a situação, o Ministério do Planejamento foi contrário ao pedido do ministro da Previdência, José Cechin, de autorização para realizar concurso que viria a preencher 11.052 vagas em cargos dos níveis médio e superior.

A intenção era abrir 10.076 vagas para o INSS e 346 para a administração direta do próprio ministério. Mas foi criado um impasse porque o ministério pediu a admissão pelo Regime Jurídico Único (RJU) e o governo quer fazer a contratação pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Apesar da negativa, a assessoria de Imprensa da instituição garante que o ministro continuará insistindo.

Projeto tenta criar 5 mil vagas
Uma saída viável para o impasse seria a aprovação do Projeto de Lei 5.906/2001, que está na Câmara dos Deputados. Ele prevê a realização de concursos para o preenchimento de cinco mil vagas: três mil para a carreira de especialista previdenciário (nível superior) e duas mil para assistente previdenciário (nível médio), com jornada de trabalho de 40 horas semanais.

Os cargos de nível superior terão salários de R$ 1,1 mil a R$ 2,7 mil. Para nível médio, de R$ 765 a R$ 1,4 mil. O valor poderá aumentar com a proposta de criação de um bônus seme stral de desempenho de atividade de até 15% incidentes sobre o salário.

Apesar de tramitar em regime de urgência desde dezembro, o PL empacou na Câmara. Os deputados estariam evitando apreciar o projeto porque partidos de esquerda entraram com uma ação na Justiça, alegando inconstitucionalidade.

A causa, segundo João Torquato, diretor do Sindicato dos Servidores da Previdência Social (Sindprev), é que o governo quer realizar o concurso com base nas regras da CLT, apesar de os atuais servidores do ministério e do INSS serem regidos pelo RJU.

Apesar de tudo, no INSS, há confiança em um final feliz para a novela na qual se transformou o caso. "Temos a expectativa de que autoridades do Executivo e Legislativo se sensibilizem para a grave situação que deverá ocorrer no início do próximo ano e definam mecanismos que possam suprir o INSS de pessoal de forma adequada e sustentável", diz Johaness Eck, o secretário-executivo.


Caixa lança cartão de débito em conta
Até o fim de 2003, os 22 milhões de correntistas terão recebido o novo Maestro, para compras à vista

A Caixa Econômica Federal vai se transformar na maior emissora do mundo de cartões de débito em conta. Até o final do próximo ano, os cerca de 22 milhões de correntistas do banco terão recebido o novo cartão Maestro Mastercard da instituição, que permite a operação de compras à vista, com débito direto em conta corrente, em qualquer terminal eletrônico habilitado do País.
Todos os correntistas da Caixa, comuns ou especiais, receberão em casa os cartões. Até o início deste mês, só dispunham de cartões de saque e de crédito. Desde o dia 1º de outubro, quando o novo Maestro foi lançado, mais de 350 mil clientes já tiveram o antigo cartão substituído.

A diferença entre um cartão de crédito e um de débito é simples. O primeiro permite que o usuário tenha prazo de um mês para pagar uma compra ou parcele o pagamento, mesmo que não tenha dinheiro em conta no momento da operação. No segundo caso, o cliente paga à vista, o que pode representar um controle maior das despesas.

Para o diretor da Área de Cartões do banco, Milton Krüger, as operações de débito em conta representam comodidade e rapidez para os clientes. "A maior vantagem para o correntista é a segurança de não ter que andar com dinheiro em espécie na carteira", afirma.

Para o banco, a adoção do sistema também é um bom negócio. "Com o cartão, o cliente utilizará menos cheques, o que reduzirá os gastos da Caixa com os talões", explica.


Diminui seis graus a inclinação da P-34
Até ontem, ia bem a operação de salvamento da plataforma, segundo avaliação da Petrobras

Após a injeção de 1.800 metros cúbicos de água do mar, a Petrobras informou que a inclinação da P-34, que era de 32 graus na segunda-feira, passou para 26 graus, ontem.

A previsão é de que sejam bombeados 4 milhões de litros de água do lado direito da embarcação, onde estão localizados dois tanques vazios, com o objetivo de estabilizar o navio-plataforma e evitar que ele afunde.

A inclinação ocorreu depois de uma falha no sistema elétrico durante o fim de semana. A empresa acredita que a recuperação da plataforma deverá levar duas semanas, a contar de segunda-feira, quando iniciou a operação de resgate.

Pelo menos até ontem, não havia registro de vazamento de óleo para o mar. O fracasso na operação de salvamento da P-34 poderá causar o derramamento, no oceano, de 11 milhões de litros de óleo, que estão armazenados em seus tanques. O volume é cerca de nove vezes superior ao derramado na Baía de Guanabara em janeiro de 2000, quando uma tubulação da Petrobras se rompeu. "O problema só não é maior porque a plataforma fica longe da costa", afirma o biólogo Mário Moscatelli.

Para os trabalhos de bombeamento de água nos tanques do lado esquerdo foram escalados sete mergulhadores que fecharam manualmente as válvulas entre os 17 tanques e instalaram mangueiras para a condução da água. Para auxiliar o processo de recuperação do navio, sete técnicos holandeses, especialistas em salvamento de plataformas, vieram para o Brasil.

Os técnicos brasileiros conseguiram resgatar a caixa-preta da P-34, que registra em fita magnética o funcionamento das plataformas. Mas, até ontem, o material, que poderá esclarecer a origem do acidente, ainda não tinha sido analisado porque estava molhado. A Agência Nacional do Petróleo e a Diretoria de Portos e Costas da Marinha vão investigar juntas as causas do acidente.


Artigos

Soberba, gula e Romanée-Conti
Lauro aires

Um leitor atento sugere que Lula deixou de ganhar a Presidência no 1º turno na resposta atravessada a José Serra no debate da Rede Globo. Confesso que concordo com ele. Foi uma das poucas vezes que vi Serra sem graça, completamente desarmado. O sisudo tucano foi objeto de compaixão – e isso é raro para alguém com a personalidade de um trator. Ele pedira ao petista que explicasse suas propostas sobre habitação. Lula, com um sorriso irônico, bateu de volta: "Achei que você tivesse lido meu programa, Serra".

O tucano saiu-se bem na resposta. Afinal, estavam em um debate, o espaço adequado para exposição de propostas. Pegou tão mal para Lula, que o petista pediu desculpas no fim do programa – cerca de uma hora depois, com milhões de telespectadores a menos. O gesto desrespeitoso de Lula chocou boa parte dos eleitores indecisos e despiu a imagem do Lulinha-paz-e-amor. Viu-se naquele momento o sindicalista revanchista do início da vida política. Todas as pessoas que me comentaram o debate ressaltaram a atitude negativa de Lula. Essa percepção se propaga em ondas, e pode ter revertido a tendência de crescimento do petista na reta final. Lula assustou. Tudo que sua equipe não queria.

A despeito do deslize no debate, eu acredito que o ex-sindicalista tenha realmente mudado. Acho que ele está maduro para ser presidente e mais tolerante com seus adversários. Tem um perfil negociador bem melhor do que José Serra. A postura de falta de humildade veio com a euforia da proximidade da vitória. Lula começou a se sentir tão à vontade... que acabou escorregando.

Serviu de lição. A única força capaz de derrotar Lula é a soberba. Não acho que ele deva, por exemplo, exibir garrafas vazias de Romanée-Conti, com preços rondando os R$ 6 mil. O povo aprovou sua ascensão social e cultural. Adorou seus ternos novos e bem-cortados. Mas é melhor que Lula aprecie seus vinhos caros com discrição. Faz parte da liturgia do cargo que pretende ocupar. Até porque há poucas pessoas no Brasil que conseguem perceber a sutileza de um Romanée-Conti. Há vinhos excelentes na faixa dos R$ 200, R$ 300. Se eu tomar um vinho de R$ 6 mil, vou achar ótimo, mas será mais para contar aos amigos do que pelo prazer da degustação. Não tenho paladar para isso. Nem o Lula.


Colunistas

CLÁUDIO HUMBERTO

PT teme fraude no segundo turno
Cresce no PT o temor de fraude na totalização dos votos do segundo turno, depois do fato estranho ocorrido no último dia 6, sem explicação convincente do TSE: os telões do centro de imprensa foram desligados depois de exibirem 41 mil votos negativos de Lula. É que a linguagem de programação "C", na qual foram escritos os programas do TSE, não permite valores negativos, a menos que se digite um "comando" de subtração de votos.

Tudo muito estranho
As pesquisas erraram feio demais, no primeiro turno. Em geral exata, a boca-de-urna do Ibope previu 50% para Lula, que teve só 46,4% dos votos. Os 3,6% que faltaram para ele ganhar no primeiro turno correspondem ao que foi acrescido aos 20% previstos para Serra, na pesquisa de boca-de-urna.

Saúde petista
Os supostos feitos de José Serra no Ministério da Saúde não convencem nem os seus ex-colegas de trabalho: os elevadores da repartição estão decorados com adesivos de Lula, em substituição aos de Serra, arrancados diariamente. Uma pesquisa indicaria que mais de 90% votam no PT.

Lido e anotado
A cúpula do partido não chiou, mas o Ministério de Vinganças e Retaliações do PT guarda, com carinho, a entrevista em que o empresário Antônio Ermírio de Morais considerou "demais" que Luiz Inácio Lula da Silva, "sem trabalhar há 23 anos, queira ser agora presidente da República".

1º de abril em outubro
Quando não dá susto, a TAM prega peça nos clientes. Segunda-feira, os passageiros do vôo 3567 embarcados em Salvador só foram informados no ar que não seguiam direto para Brasília, como previa a passagem adquirida, mas via Maceió. Em vez de desembarcarem na capital às 19h, chegaram às 21h40. Muitos perderam compromissos e até conexões com outros vôos.

Só uma vez
Alexandre Machado, o popular "P-45", não voltará ao programa do PSDB. Ele participou da reestréia de José Serra no horário gratuito porque era o único disponível em São Paulo, domingo à noite, disposto a pagar o mico.

Responda rápido
No Iraque, ontem, Saddam Hussein foi referendado pela maioria esmagadora ou esmagada da população?

Rabo de foguete
Lula está prestes a ganhar a eleição e FhC admite passar a faixa antes da data marcada, 1º de janeiro. Tudo isso faz lembrar do velho provérbio, citado em música por Ataulfo Alves: "Laranja madura, na beira da estrada, tá bichada, oh Zé, ou tem marimbondo no pé".

PL com Requião
Após conversar demoradamente com os candidatos ao governo do Paraná, a executiva do PL decidiu apoiar Roberto Requião, no segundo turno.

Archer com Lula
Uma sobrinha de Renato Archer, ex-ministro de Ciência e Tecnologia, foi eleita deputada estadual no Maranhão. Candidata pelo PSDB, Cristina Archer teve cerca de 20 mil votos e apóia Lula desde o primeiro turno.

Brinquedo caro
O presidente da Abrinq, que reúne fabricantes de brinquedos, acha que a alta dos juros sepultou de vez a candidatura Serra. Só faltou parodiar Dona Jura, que trabalhou na campanha tucana, dizendo: "Não é brinquedo, não!".

Namoradinha medrosa
Regina Duarte revelou no horário gratuito que tem medo. Não o medo de envelhecer, de ser assaltada, do desemprego, de não pagar as contas no fim do mês, essas coisas que afligem eleitores anônimos. Ela tem é medo de Lula, o camarada fantasminha.

Sem perdão
Alegando "falta de verba", a governadora petista do Rio cortou a tradicional viagem-prêmio dos capitães combatentes da Escola da PM, eleitores confessos de Rosinha. Já os formandos do quadro administrativo, origem da capitã Enedina (sua ajudante-de-ordens e cabo eleitoral), já estão de malas prontas para o Nordeste. O comandante da PM faz piedoso silêncio.

Milagreiros
Técnicos da Petrobras conseguiram diminuir a inclinação da P-34, que era de 48 graus no domingo, para 26 graus ontem. Se a equipe conseguir mesmo salvar a plataforma, poderá ser levada imediatamente ao candidato José Serra, para tentar cumprir missão parecida.

Pensando bem...
...mantendo "estabilidade na inclinação", a plataforma P-34 é mais ou menos como a candidatura Serra: pode afundar na mesma posição.

Má temática
O governador eleito do Piauí, Wellington Dias (PT), garantiu em entrevista que "sua prioridade zero" é a eleição de Lula. O que é isso, companheiro?

A rosa púrpura de MS
A ONG MS Verdade pede ajuda à ONU para esclarecer o atentado que feriu o editor do Última Hora, de Campo Grande. Testemunha em denúncia de mutreta no governo petista, ele espera há dez dias pelo inquérito. O PT processa o delegado Paulo Magalhães, da ONG, por um e-mail "ofensivo" a Lula, mas ele foi só um dos milhares de internautas que o receberam.


Editorial

REMÉDIO AMARGO DOS JUROS

É louvável que o governo tenha a firmeza de defender a estabilidade da moeda, mesmo que para isso jogue areia sobre a candidatura de José Serra. Demonstra a correção e a coerência do presidente Fernando Henrique Cardoso. Mas, infelizmente, a elevação na taxa de juros é um remédio amargo demais.

Trata-se da maneira mais cruel de evitar a inflação: fazer minguar o poder de compra da população. Os efeitos macroeconômicos também são perversos, com menos crescimento e mais desemprego. Dentro da linha de atuação que vem norteando o governo nos últimos anos, não havia outra alternativa, fato que até a oposição reconhece.

Fica aberto então o caminho para a construção de outro modelo. Não é de hoje que as técnicas monetaristas não vêm obtendo sucesso isoladamente. A relação de juros com movimento da economia não tem seguido as fórmulas ensinadas nos cursos de economia. Os Estados Unidos, grandes defensores dessa escola, são o maior exemplo: mesmo com as taxas de juros baixíssimas, a economia não volta a crescer.

Há outras forças em jogo. A mão invisível do mercado não tem a força necessária para pôr as coisas nos eixos. Deve-se tentar outra linha, que felizmente vem sendo defendida pelos dois candidatos à Presidência da República que estão no 2º turno. Tanto Lula como Serra, cada um a sua maneira, deixam claro que vão rever os métodos de condução econômica. Até lá, o preço pago pelos brasileiros será caro.


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10/16/2002


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