Lula 60% e Serra 31%, diz Ibope









Lula 60% e Serra 31%, diz Ibope
Pesquisa divulgada ontem pelo Jornal Nacional, da TV Globo, mostra que petista cresceu e colocou 29 pontos de vantagem sobre o tucano

SÃO PAULO - O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, aumentou sua distância em relação ao adversário José Serra (PSDB), segundo a última pesquisa nacional de intenção de votos realizada pelo Ibope, e divulgada ontem, no Jornal Nacional, da Rede Globo. Lula tem 60%, enquanto Serra aparece com 31%. Os votos em branco e nulos somam 4%, e 5% dos eleitores ainda não sabem em quem vão votar.

Com os novos resultados, a distância entre os dois candidatos passou de 20 para 29 pontos percentuais. Na última simulação para o segundo turno, feita pelo Ibope antes da votação do primeiro turno, Lula tinha 55% e Serra 35%. O levantamento anterior foi feito entre 28 e 30 de setembro.

De acordo com a nova pesquisa, se forem contabilizados apenas os votos válidos (soma de todos os votos menos os em branco e nulos), Lula tem 66% e Serra 34%.

Na eleição em primeiro turno, Lula obteve 46,4% dos votos válidos, Serra recebeu 23,2%, Anthony Garotinho (PSB) teve 17,9% e Ciro Gomes (PPS) 12%.

A pesquisa, encomendada pela Rede Globo, foi feita entre sábado (12) e segunda-feira (14). Foram entrevistados 3 mil eleitores, em 203 municípios de todo o País. A margem de erro é de 1,8 ponto percentual, para mais ou para menos.

CONFIRMAÇÃO - O resultado do Ibope é semelhante aos obtidos pelas pesquisas do Instituto Datafolha e do Vox Populi, divulgadas no final de semana. As duas sondagens apontavam uma tendência de distanciamento entre Lula e Serra, com crescimento do petista e queda do tucano em relação à última simulação para o segundo turno. O levantamento do Datafolha, feito na sexta-feira (11), mostra Lula com 58% das intenções de votos e Serra com 32%. Em votos válidos, o petista tem 64% e o tucano, 36%. Na simulação para o segundo turno, feita nos dias 4 e 5, Lula tinha 56% das intenções de votos e Serra, 35%. Já o Vox Populi, cuja pesquisa foi feita na quinta (10) e sexta-feira, mostra Lula com 60% (66% dos votos válidos) e Serra com 30% (33% dos votos válidos).


Ironias como resposta ao apelo de José Serra para os debates
Em entrevista coletiva, antes da caminhada pelo centro do Recife, o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ironizou o adversário José Serra (PSDB), pela insistência em apelar para debates nesta campanha do segundo turno. “Tenho muitos Estados para visitar e muito programa de TV para gravar. Acho que o nosso adversário (Serra) precisa fazer o mesmo. Mas parece que ele está sem muita alternativa para viajar porque está sem apoio nos Estados. Ficar em casa reclamando da vida não dá futuro.

Tem que sair para a rua”, disparou.

Lula reagiu também com ironia às declarações do representante comercial dos Estados Unidos, Robert Zoellick, que, anteontem, disse que o Brasil só teria dois caminhos: a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) ou a Antártida. “Não posso responder um sub, do sub, do sub do secretário americano. O que nós queremos para o Brasil é o mesmo que os Estados Unidos querem para os Estados Unidos. Queremos exportar mais, ter superávit comercial e, por isso, vamos ter que negociar de acordo com os nossos interesses.”

Perguntado sobre sua relação com o governador reeleito de Pernambuco, Jarbas vasconcelos (PMDB) – que aponta o PT como “principal adversário” –, Lula enfatizou que divergências políticas não serão entraves em um eventual Governo do PT. ”Sou pernambucano e não posso admitir que por causa de divergência política o povo seja vítima. Tratarei todos os governadores, sejam eles de que partido forem, nas mesmas condições”, declarou.

Ainda na entrevista, Lula renovou o compromisso de recuperação da Sudene e assinalou como “um problema á resolvido” a presença de integrantes da ala mais radical do PT entre os eleitos do partido para a Câmara dos Deputados. “Os deputados eleitos sabem da responsabilidade que vamos ter para poder tirar o Brasil da encalacrada que o atual Governo nos colocou”, resumiu.

Lula foi recebido no aeroporto por militantes, pela cúpula petista, liberais, petebistas e demais aliados de segundo turno, como o presidente nacional do PSB, Miguel Arraes, e o senador Roberto Freire (PPS), eleito deputado federal. Freire mostrou-se pouco à vontade e chegou a se irritar quando uma repórter lhe perguntou como iria conciliar dois palanques diferentes – uma alusão ao seu apoio a Jarbas Vasconcelos no Estado.

Em Natal, onde esteve antes da visita ao Recife, Lula criticou a decisão do Conselho de Política Monetária (Copom), de aumentar de 18% para 21% a taxa de juros. “Tenho dito em todos os lugares que nenhum país do mundo vai para frente se os juros oferecidos pelo Governo forem maiores que as taxas de lucros ganhos por uma empresa produzindo”, afirmou o petista.


Ausência de Lula em debates será mote para novas críticas
SÃO PAULO – O comando da campanha do candidato do PSDB a presidente, José Serra, tentará vincular a decisão do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, de não ir aos debates previstos para o segundo turno ao despreparo para governar o Brasil. O presidente nacional do PSDB e coordenador da campanha de Serra, deputado José Aníbal (SP), afirmou que o partido mostrará que a “fuga” do PT revela a falta de preparo de Lula e, quem sabe, incompetência para pretender o cargo de presidente da República.

“Se ele (Lula) não tem preparo para ir a um debate, também não o tem para presidir o Brasil”, afirmou. A avaliação tucana é que os estrategistas do PT não querem expor o candidato a nada para evitar uma discussão objetiva, como conduzir a economia e as propostas com o objetivo de resolver as questões do País.

Questionado sobre o argumento usado pelo partido de que ninguém no PSDB defendeu a participação do presidente Fernando Henrique Cardoso nos debates da última eleição, ele justificou a decisão dizendo que “FHC não foi porque os eleitores conheciam as realizações do Governo e pelo fato de que todos os adversários se uniriam para o criticar. Se houvesse segundo turno, teríamos ido e isso ficou claro”, disse.

Além de intensificar as críticas ao que classificam como uma “fuga” de Lula, os tucanos investirão também na comparação das administrações do PT com as do PSDB. A decisão havia sido tomada, mas o tom do discurso foi transmitido para os militantes que farão o corpo-a-corpo nas principais cidades do Estado.

“O PT é bom de criticar e ruim de administrar”, resumiu. Aníbal acredita que, apesar
de o PSDB correr contra o tempo para reduzir a diferença que separa Serra de Lula nas pesquisas de intenção de voto, ainda há condições para reverter o quadro. Para justificar a tese, ele lembrou que o ex-ministro da Fazenda Ciro Gomes, que se distanciou do candidato tucano a presidente no primeiro turno, foi ultrapassado e terminou a eleição em último lugar ente os principais adversários num pequeno espaço de tempo.


“Não ir a debate no 2º turno é uma loucura”
Mesmo não tendo participado de nenhum debate na sua campanha, o governador reeleito Jarbas Vasconcelos (PMDB) criticou, ontem, a decisão do presidenciável do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, de só participar de um confronto com o adversário José Serra (PSDB) no segundo turno. “Sou contra os debates do primeiro turno, mas fugir do debate no segundo turno é uma loucura. Lula ganhou o primeiro turno com uma margem considerável de votos e deve achar que está tudo muito bem. Vamos ver a conseqüência disso”, ironizou.

Jarbas fez esta declaração em entrevista, após solenidade administrativa no Palácio do Ca mpo das Princesas. A solenidade – assinatura de um convênio com o Ministério da Saúde dentro do Projeto Alvorada – terminou enfatizando a candidatura do presidenciável José Serra, ex-ministro da Saúde. O tucano não estava presente, mas seu nome foi o mais citado.

Apesar do caráter administrativo, a cerimônia ganhou ares de comício durante os pronunciamentos do ministro Barjas Negri, do vice-presidente da República, Marco Maciel (PFL), do secretário da Saúde, Guilherme Robalinho (PMDB), e do próprio governador reeleito, Jarbas Vasconcelos (PMDB). Os elogios à atuação de Serra na pasta e alertas sobre a “importância” de sua vitória no próximo dia 27 foram repetidos sistematicamente, para uma platéia formada por 73 prefeitos e outras dezenas de assessores.

Durante os cerca de 40 minutos em que durou a reunião, a cada nova alusão às ações desenvolvidas pelo presidenciável no Ministério da Saúde, a platéia reagia com aplausos. “O ex-ministro José Serra esteve por quatro anos atuando com grande maestria. Ele foi o responsável direto pelo enorme pulo dado pelo País em termos de saúde pública. Hoje, estamos assinando um protocolo de intenções para garantir obras nas áreas de abastecimento de água e esgotamento sanitário, e não podemos deixar de citar a importância de suas articulações para que projetos como esse se transformassem em realidade”, afirmou Robalinho.

O ministro Barjas Negri também não poupou elogios ao antecessor. “Sem o esforço do ex-ministro e do governador Jarbas Vasconcelos, não estaríamos hoje aqui em Pernambuco dando essa importante contribuição para 93 municípios do Estado”, disse.


País tem um dos mais altos índices de desnutrição do mundo
GENEBRA – “Por trás de cada vítima da fome, há um assassino.” Jean Ziegler, relator especial das Nações Unidas sobre Alimentação, não mediu palavras e atacou a todos – multinacionais, governos, latifundiários, Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional e Organização Mundial do Comércio – para denunciar o que considera a mais flagrante violação dos direitos humanos: a fome no mundo.

Sobre o Brasil, Ziegler já tem pronto um relatório, a ser divulgado em março de 2003, onde denuncia que o País tem um dos índices mais altos de desnutridos do mundo: um em cada três brasileiros é desnutrido, sobretudo por causa da desigualdade social.

Ziegler diz que apesar de ter havido redução da desnutrição infantil na última década, 280 crianças morrem por dia por doenças causadas pela fome antes de completar um ano, e 16 milhões de pessoas vivem com menos de 250 calorias por dia, um índice longe das 1,9 quilocalorias/dia recomendadas pela ONU.

O relator denunciou também que em regiões de conflito, grupos militares têm impedido o acesso das populações aos alimentos como forma de tentar enfraquecer a resistência contra um regime ou um sistema político. Um dos casos mais graves, segundo ele, é o da Palestina.


ONU denuncia Brasil pela situação de presos
Relatório mostra que violação aos direitos básicos ocorre principalmente nas delegacias de São Paulo, onde, de acordo com as Nações Unidas, 11 mil detentos passam fome, são torturados e estão em locais sem higiene

GENEBRA – Relatores da Organização das Nações Unidas (ONU) para a tortura e alimentação apresentaram denúncia contra o Governo brasileiro por violar direitos básicos dos presos nas delegacias, em especial no Estado de São Paulo. O anúncio foi feito ontem, em Genebra, pelo relator Jean Ziegler.

Ele disse que nas delegacias paulistas cerca de 11 mil presos passam fome, são torturados e estão em locais sem higiene. “As condições nas prisões representam violações aos direitos humanos e à integridade.”

Segundo Ziegler, a iniciativa de denunciar o Governo foi tomada após uma visita que fez ao País, em março. “Temos mantido bom contato com o Governo brasileiro para debater o tema”, disse. Segundo ele, o secretário nacional de Direitos Humanos, Paulo Sérgio Pinheiro, já se reuniu com representantes da ONU sobre o tema.

Conforme Ziegler, o documento não pode ser divulgado antes do desfecho das
negociações, mas deverá ser levado em março à Assembléia Geral da ONU, em Nova Iorque. A denúncia é dirigida especialmente ao Governo de São Paulo. Além do Brasil, Ziegler tomou iniciativas contra a Birmânia e Israel.

RESPOSTA – O Governo paulista rejeitou ontem, por meio de nota, as críticas da ONU. Segundo o secretário de Comunicação, Luiz Salgado Ribeiro, a afirmação é genérica e distorcida.

“Não houve, em oito anos, por parte de presos, suas famílias, advogados ou entidades de defesa dos direitos humanos, qualquer reclamação a respeito de falta de alimento para os detidos em delegacias.”

Sobre maus-tratos, ele disse que, se ocorrem, há apuração rigorosa. Foram desativadas as carceragens de 72 distritos no Estado, além do Presídio do Hipódromo e a cadeia do Depatri e a Casa de Detenção.


Artigos

CPI, Macaco Simão etc.
Arthur Carvalho

Tentando analisar o comportamento do brasileiro nas recentes eleições, Fernando Veríssimo confessa sua perplexidade diante de alguns resultados. Afinal - diz ele - se por um lado o eleitor mostrou maturidade, renegando Collor, Maluf, Quércia, Mestrinho e Newton Cardoso - “e até o Roriz pode perder” - deu a vitória a Jader e ACM - implicados em CPI. E sufragou Enéas Carneiro. “Estranho e contraditório monstro o eleitorado brasileiro” - conclui.

Meu caro Veríssimo,
Houve tempo em que o brasileiro não ligava pra corrupção, achando-a a coisa mais comum do mundo. Votava em Adhemar de Barros para governador de São Paulo, o homem do “roubo mas faço”, e em Moysés Lupion - que chegou a lotear e vender uma praça pública de Paranaguá, embolsando a grana e tornando-se figura folclórica do anedotário político nacional - para o governo do Paraná. Tempos em que, nos filmes americanos, todo ladrão charmoso se refugiava impunemente no Brasil.

Notando que o brasileiro repugnava a gatunagem oficial, Jânio Quadros criou o vitorioso slogan da vassourada, para sanear o País, ganhando disparado. Lembro-me de sua tumultuada passagem pela Faculdade de Direito Federal da Bahia, na campanha presidencial de 58. Orlando Gomes, notável civilista e profundo conhecedor da alma humana, me peitou: “Você vai votar nesse celerado?” E eu, no arroubo cívico-juvenil da patriotada idiota: “Vou! O Brasil está precisando de um celerado!” Deu no que deu, e a ressaca foi tenebrosa.

Com sua renúncia, o eleitor pirou de vez e sofreu longos e nebulosos 20 anos de jejum. Outras gerações de eleitores surgiram, segundo o Conselheiro Acácio. Foi a vez de nomearem Collor e FH, e o resultado está aí: a mais perversa concentração de renda do universo, os juros mais altos e extorsivos do Planeta, criminalidade batendo recordes, saúde pública na UTI, Estado Paralelo do Crime Organizado paralisando 40 bairros do Rio de Janeiro, ex-Cidade Maravilhosa e ex-Capital Cultural do País,
transformada em Zona de Guerra, o banditismo mandando fechar ruas, avenidas, escolas, igrejas e comércio, assaltando delegacias de polícia e quartéis, seqüestrando, sublevando e incendiando penitenciárias e presídios, dólar disparado, o recrudescimento de doenças endêmicas como a dengue, crises energéticas, total subserviência ao FMI.

O voto em Enéas, o Macaco Tião da imprensa sulista, ô tchê, é de protesto, porque até a extrema-direita pode protestar. É o grito desesperado do infeliz que não suporta mais o que essa elite dirigente que se reveza eternamente no poder nos legou. Mal comparando e com o devido respeito ao raivoso barbudo e seus um milhão e meio de adeptos, devemos reconhecer a legitimidade de sua aclamação, equivalente às de Bode Cheiroso e Cacareco.

Quanto ao retorno triunfal, retumbante e festivo dos implicados em CPIs de corrupção e falta de ética, que você tanto lamenta, “aos quadros constitucionais vigentes”, é prova de que o nativo tem memória curta ou está se lixando pra folha corrida de candidato. Um retrocesso histórico-nostálgico-sentimental e trágico à época de Adhemar de Barros e Lupion. Dirão os teóricos do Direito e cretinos da objetividade que nem todos os denunciados nas CPIs foram penalizados, e nisto reside o grande sofisma e camuflada hipocrisia, pois à mulher de César não basta ser honesta. Tanto que, ao término do interrogatório, o juiz não pergunta se o réu já foi condenado, pergunta se “já foi processado alguma vez”. O magistrado quer saber da vida pregressa do indivíduo, de seus antecedentes criminais, e o treloso pode não ter sido condenado até aquele momento por se valer de recursos e filigranas jurídicas que impediram o julgamento do mérito do(s) processo(s) a que respondeu ou responde em outro juízo, instância ou tribunal - e do tráfico de influência e outras maracutaias impeditivas da aplicação da Justiça.

Democracia tem dessas coisas, amigo Veríssimo. Ruim com ela, pior sem ela.


Colunistas

PINGA FOGO – Inaldo Sampaio

Agenda de segunda
Serra entregou os pontos, prematuramente, pois a agenda que está cumprindo é de candidato derrotado. Anteontem, em São Paulo, na companhia de Marco Maciel e outros líderes da sua aliança, reuniu-se numa churrascaria com 80 prefeitos que já eram seus. E ontem foi a Quixadá, no interior do Ceará, avistar-se com prefeitos ligados a Tasso, que também já estavam na sua campanha. Se a finalidade desses encontros foi produzir imagens para o guia da TV, tudo bem. Se não, foi perda de tempo, de saliva e de dinheiro.

Na verdade, o sentimento pró Lula está-se disseminando no país e muito dificilmente será contido. A passeata de ontem à noite no Recife foi uma espécie de “galo da madrugada” fora de época pelas milhares de pessoas que reuniu. Era gente de todas as classes sociais que saiu às ruas, espontaneamente, para levar a sua saudação ao candidato do PT, que, independente de estar ou não preparado para ser presidente da República, encarna o sentimento de mudança da maioria do povo brasileiro, segundo dizem todas as pesquisas.

Serra ainda tem um alento em Pernambuco: Jarbas. Que já começou a reunir os prefeitos do seu grupo (164) a fim de repetir o gesto do primeiro turno: quem não está com Serra está contra mim.

Fechado com Lula
Seguindo a orientação do seu partido (PPS), o prefeito de Petrolina, Fernando Bezerra Coelho, “lulou”. Havia dito há uma semana ao presidente do PPS, Elias Gomes, que não se envolveria com o segundo turno, como de fato não se envolverá, porém o seu voto pessoal será do candidato do PT. Já deu ciência de sua posição ao governador reeleito, Jarbas Vasconcelos, com quem também trocou opiniões sobre o “desastre” da aliança em seu município.

Segue a hierarquia
Reeleito para a Assembléia Legislativa com 52.800 votos, o deputado Manoel Ferreira (PPB) apoiou Garotinho no primeiro turno mas neste segundo está com Serra. “Sigo o que determina a minha Igreja”, disse ele, que é pastor da Assembléia de Deus. Ele acha que Lula vai ganhar “mas, infelizmente, eu não posso fazer nada”, disse.

Derrota festejada
Pelo menos três auxiliares diretos de Jarbas Vasconcelos ficarem enormemente satisfeitos com a derrota de Geraldo Coelho (PFL) para a Assembléia Legislativa. “É mais uma oligarquia que se vai”, disse um deles, convencido de que o governador não irá chamar dois deputados para a sua equipe a fim de abrir vaga para “Geraldão”.

PPS é o campeão nacional de oportunismo
O oportunismo do PPS é uma coisa vergonhosa. Apóia Lula para presidente mas no RS, SP e CE é contra os candidatos do PT aos governos estaduais. E não adianta alegar “questão local”. É oportunismo mesmo! E do barato.

Presidente da CNI dará entrevista à TV-U
O novo presidente da CNI, Armando Monteiro Neto (PMDB), que é eleitor de Serra mas torce por Lula, será o entrevistado, domingo, às 23h, do programa “Ponto de
equilíbrio” da TV Universitária Canal 11.

Novo adiamento
Foi adiada pela 2ª vez no Tribunal de Justiça o julgamento do mandado de segurança dos oficiais da PM que foram despromovidos por Jarbas Vasconcelos no dia 1º de janeiro de 1999. Eles foram promovidos por Miguel Arraes nos últimos dias de 98. O relator do processo é o desembargador Zamir Fernandes.

Retrocesso político
Do ex-deputado Fernando Lyra sobre Roberto Magalhães (PSDB) estar favorável à implantação do voto distrital: “Roberto é muito inteligente mas não estudou esta matéria com profundidade.Se tivesse estudado, jamais defenderia isto para o nosso país, favorecendo o conservadorismo e desfavorecendo as minorias”.

Está-se criticando Enéas (Prona-SP) por ter arrastado para a Câmara Federal na rabeira de sua votação (1,5 milhão de votos) deputados com menos de 300 votos, mas esse filme também já passou aqui. Em 90, Arraes obteve 339 mil votos e levou consigo para Brasília Renildo Calheiros, Roberto Franca e Álvaro Ribeiro, todos com menos de 3 mil votos.

Sentindo-se “traído” pelos Cunha Lima, o deputado federal e candidato derrotado ao Senado pela PB, Wilson Braga (PFL), pulou fora do barco de Serra. Está apoiando Lula e Roberto Paulino (PMDB). Este último, que é o adversário de Cássio Cunha Lima (PSDB), fez passeata ontem em João Pessoa ao lado de Lula.

Os seis parlamentares do PPB irão reunir-se na próxima semana para acertar a participação do partido no segundo governo de Jarbas Vasconcelos. No primeiro governo não tiveram nada. Neste segundo, de acordo com Severino Cavalcanti, a história será outra. Ou o partido vai para o governo ou não terá compromisso com o governador.

Se não for chamado para o secretariado estadual, o deputado federal não reeleito Joel de Holanda (PFL) ficará em Brasília trabalhando com Marco Maciel. Contudo, pelo que se conhece dele, de Maciel e do próprio Jarbas, sua convocação é quase certa. Já Salatiel Carvalho (PMDB)...talvez permaneça como suplente.


Editorial

O CONGRESSO TRABALHA

Definido o novo quadro dirigente da Nação, o Senado - colegiado formado inclusive por parlamentares que se despedem porque não foram reeleitos - vai se debruçar sobre algumas questões importantes como o estímulo ao primeiro emprego, a destinação de recursos habitacionais para mulheres chefes de família, a criação de facilidades para quem empregar trabalhador com mais de 40 anos, e outros projetos de natureza social que deverão influenciar, e muito, a nova administração federal. Duas questões, contudo, podem ser destacadas neste período de transição do Senado, fundamentais para o futuro próximo de todos os brasileiros: o orçamento para 2003 e a reforma do Poder Judiciário.

No primeiro caso, a votação do parecer final da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização está prevista para 1º de dezembro, data em que já deverá estar mais ou menos consolidado o novo ministério. Significa dizer: o Congresso estará definindo as condições financeiras do novo governo. Esse será, com certeza, o primeiro teste do presidente eleito e sua capacidade de negociação no Congresso. Evidente que ele não poderá dar forma a um orçamento dentro das linhas de seu programa de governo, mas deverá mobilizar sua bancada para articular uma futura base parlamentar híbrida, que vai exigir muito talento e criatividade.

A marca do PT sempre foi a de uma agremiação política rigorosa no discurso crítico, de difícil negociação com os governantes dos quai s discordava. Agora, vai ter que correr atrás de aliados para formar a maioria necessária à governabilidade. Na votação final do orçamento, no dia 11 de dezembro, será possível uma sinalização de quanto o partido amadureceu nessa direção.

A outra grande prioridade do Congresso, a reforma do Poder Judiciário, apenas deverá ser retomada, avançar, mas não tem como se concretizar neste final de legislatura.

Mas será, seguramente, um dos grandes temas parlamentares do próximo ano, com ampla repercussão em todos os segmentos sociais, pelo que vem sendo cobrada há muito tempo, como uma forma de arejar e dinamizar as instituições.

As propostas de reforma do Poder Judiciário receberam aportes de instituições respeitáveis, com posturas arrojadas, inclusive, de entidades de classe da magistratura, a começar pela Associação dos Magistrados Brasileiros. Contribuições expressivas igualmente estão sendo dadas por segmentos da magistratura que defendem até o controle externo.

De qualquer forma, esse é um tema destinado a acirrar os debates nacionais no próximo ano mas, também, a contribuir decisivamente para o aprimoramento democrático e para o enfrentamento de um problema que parece central no combate à criminalidade que põe o Brasil hoje numa situação extremamente desconfortável: a impunidade.

Para isso, vai ser preciso que o novo Governo Federal destine ao Poder Judiciário os recursos que possibilitem, entre outras coisas, elevar substancialmente o número de juízes e a criação de mecanismos intermediários de apreciação dos pequenos litígios, o que significa um grande investimento para modernizar a máquina, tarefa difícil para quem tem tantas outras prioridades.

Do ponto de vista legislativo, a anunciada determinação de retomar a discussão e votação de temas importantes para a sociedade brasileira mostra a importância, evidente mas distorcida, da escolha de legisladores. Nunca é demais lembrar que o Executivo age na conformidade da lei, isto é, dos mandamentos gerados pelo Congresso Nacional.


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10/16/2002


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