Ideli aponta coincidências suspeitas e pede que procuradores sejam investigados
A líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (PT-SC), destacou a coincidência de o procurador Marcelo Antonio Ceará Serra Azul, responsável pela denúncia contra os dirigentes da Caixa Econômica Federal no contrato com a empresa Gtech, estar presente no depoimento do empresário de jogos de azar Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, tomado na madrugada de 8 de fevereiro na sede da Procuradoria Geral da República, logo após a divulgação do vídeo gravado pelo empresário em que o ex-assessor parlamentar da Casa Civil da Presidência da República Waldomiro Diniz lhe pede propina.
De acordo com a senadora, o procurador deixou de lado toda a investigação anterior entre o contrato da Caixa com a Gtech feita pelos procuradores Raquel Branquinho e Luiz Francisco de Souza. Ela afirmou que ele anistiou os dirigentes da empresa mas acusou os diretores da Caixa de corrupção, gestão fraudulenta e mais "um monte de artigos do Código Penal". Ela lembrou que Carlinhos Cachoeira era sócio da Gtech.
Ideli Salvatti ressaltou que no depoimento tomado de madrugada - e também gravado, cuja fita foi divulgada pela TV Globo na última terça-feira (30) -, o procurador José Roberto Santoro pede a cópia do vídeo gravado por Cachoeira e, em troca, "promete aliviá-lo etc e tal".
A fita gravada do depoimento de Cachoeira, acrescenta a parlamentar, coloca os dois procuradores citados em situação de suspeita. Ela defendeu que eles sejam investigados pelo Ministério Público. Também defendeu que o Ministério da Justiça investigue a ação dos delegados da Polícia Federal que pegaram documentos da Caixa Econômica sem ordem judicial.
A parlamentar pediu ainda que fosse transcrito na íntegra, em seu pronunciamento, o discurso do senador José Sarney (PMDB-AP) pronunciado em 21 de março de 2002, em seguida ao episódio que atingiu também a senadora Roseana Sarney, à época governadora do estado do Maranhão.
Ela citou trecho do discurso segundo o qual "toda referência a esse estilo característico de espionagem e dossiês nasce no Ministério da Saúde e envolve o ex-ministro (e ex-senador) José Serra". Sarney citou o jornal Folha de S. Paulo, segundo o qual "o (então) presidenciável tucano, Senador José Serra, conseguiu reunir sob as asas de aliados as duas principais investigações em curso que podem implodir a campanha de seus adversários. São eles o subprocurador da República José Roberto Santoro e o delegado de Polícia Federal Marcelo Itagiba".
31/03/2004
Agência Senado
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