INDICAÇÃO DE CAMPELO PARA A PF GERA DEBATE NA CCJ



A votação do requerimento do senador Eduardo Suplicy, pela convocação do diretor-geral da Polícia Federal (PF), João Batista Campelo, e do ex-padre José Antônio Monteiro, a fim de esclarecer as denúncias de Monteiro de que teria sido submetido a tortura por Campelo, em 1970, gerou um debate entre os membros da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), que analisaram a pertinência da indicação de Campelo para o cargo.Apesar de não participar das votações, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse que o equívoco do presidente da República ao indicar Campelo para o cargo poderia ter sido evitado se o ministro da Casa Militar tivesse alertado para o fato de que poderia haver algo que o desabonasse. "A hora de falar é agora. Isso não existe!", reclamou Simon.Mesmo sendo membro da bancada de apoio ao governo, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) criticou a indicação de Campelo. "Não se pode compactuar com os erros do governo, que levou quatro meses para uma simples nomeação e não há justificativa para ter escolhido como escolheu. O que sobra é indignação", declarou.Ele desaprovou a atuação do ministro Renan Calheiros no episódio. "O ministro foi um péssimo assessor do presidente nesse caso. Se perdeu a autoridade de ministro e o direito a nomear, cabe a ele renunciar", sugeriu, diante da reação dos senadores do PMDB, partido de Calheiros. "O PMDB tem que assumir sua responsabilidade no caso. O partido deseja o bônus de ser governo, mas não aceita o ônus de ser governo", continuou.O senador Ramez Tebet (PMDB-MS) defendeu o ministro ao dizer que quem tem poder de nomear é o presidente da República. Para Jader, ao criticar o ministro, Dias, "na verdade, queria dar um puxão de orelha no presidente".Álvaro Dias disse, ainda, que houve uma inversão de procedimentos, pois, diante da suspeita, a primeira medida deveria ser o afastamento do indicado. "Nesse caso é ainda mais grave: primeiro se nomeou para depois abrir inquérito", repudiou, lembrando que o ex-presidente Itamar Franco afastou o então ministro da Casa Civil, Henrique Hargreaves, para apurar denúncias.Seguindo esse raciocínio, Simon concordou que "cometeu-se um absurdo. O normal seria não nomeá-lo e abrir inquérito", disse. Para o senador Roberto Freire (PPS-PE), "o que se observou foi uma sucessiva comédia de erros" e "flagrante desrespeito à lei" no episódio, que acabou trazendo intranqüilidade ao país. Na sua opinião, "o mínimo que o Senado pode fazer é ouvir os envolvidos e até ajudar o governo, que não encontrou em seus assessores os esclarecimentos necessários". "Quando o governante é eleito, o mínimo que se espera é que aja com competência. O presidente entrou no segundo mandato com o pé esquerdo", disse o senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE). Ele reprovou a "conduta omissa" de Fernando Henrique no caso. "O governo não pode nomear um torturador para o cargo de xerife do Brasil. O que ele fez com Renan está desmoralizando o próprio governo e enfraquecendo sua base política", avaliou."Esse é um espetáculo de ópera bufa com tenores, sopranos e contraltos desafinados, onde o maestro não consegue fazer com que entrem em sintonia". Essa foi a ilustração feita pelo senador Jefferson Péres (PDT-AM) sobre o episódio. "A administração pública está de cabeça para baixo, levando inquietação a toda a sociedade brasileira", disse.

16/06/1999

Agência Senado


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