Jarbas Vasconcelos acusa governo Lula de paralisar obras de irrigação no Nordeste



O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) acusou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ter paralisado as obras de irrigação iniciadas por governos anteriores no semi-árido do Nordeste, especialmente no Vale do Rio São Francisco. Lembrou que o governo Lula decidiu, há seis anos, paralisar as obras "sob o pretexto" de incluí-las no Programa de Parceria Público-Privada, as chamadas PPPs. Entretanto, disse ele, seis anos depois, a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf) não irrigou "um só hectare" na região.

Jarbas Vasconcelos apresentou requerimento dirigido ao ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, perguntando por que o governo paralisou as obras de cinco projetos de irrigação - Pontal Sul (PE), Salitre e Baixo de Irecê (BA), Marituba (AL) e Jaíba (MG). O senador pernambucano sustentou que cada hectare irrigado dá três empregos, a custo de apenas R$ 7.500 cada um, valor muito mais baixo do que em outras atividades econômicas, nas quais o custo vai de R$ 50 mil a R$ 120 mil.

A crise internacional, disse o senador, está atingindo fortemente a produção de frutas irrigadas do Vale do São Francisco, que nos últimos anos já enfrentava problemas por causa dos juros altos e do real valorizado frente ao dólar. Agora, o problema é o cancelamento das importações de manga e de uva que eram feitas por empresas que vendiam para os norte-americanos e europeus. Para mostrar a gravidade da situação, Jarbas lembrou que metade da produção de uva e manga ia para o exterior.

Conforme o senador, os pequenos e médios produtores de frutas irrigadas da região Juazeiro-Petrolina (BA-PE) não estão mais conseguindo pagar os empréstimos tomados nos bancos oficiais por causa do fechamento do mercado externo. Informou que 25% dos produtores que fazem parte da Cooperativa Agrícola de Juazeiro (CAJ) "estão praticamente inviabilizados por causa da inadimplência com os bancos". Ele pediu que o governo adote algum programa de apoio, como fez com setores industriais afetados pela crise financeira.

Jarbas Vasconcelos criticou ainda o modelo de reforma agrária que o governo vem implantando no semi-árido nordestino, distribuindo apenas 25 hectares de terra para uma família. Para ele, uma área deste tamanho "não sustenta nem dois bois - nunca uma família, a não ser com irrigação".

O senador lembrou que a Embrapa propôs, depois de anos de pesquisas, um sistema inovador, onde a terra é ocupada com o plantio de capim buffel, palma forrageira e árvores de leucena, que oferecem folhas e vagens e suportam bem as secas. Neste sistema, um produtor pode obter até R$ 190 por hectare/ano, contra somente R$ 10 que se obtém sem qualquer tecnologia.

Jarbas também pediu juros mais baixos para a agropecuária nordestina, ponderando que se trata de uma região mais pobre. Disse que a própria Constituição prevê esse tratamento, para reduzir as desigualdades regionais.



23/03/2009

Agência Senado


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