Jefferson Péres critica aumento de juros
A elevação da taxa básica de juros da economia em meio ponto percentual pelo Comitê de Política Monetária (Copom), para 25,5% ao ano, foi considerada um -exagero do Banco Central- pelo senador Jefferson Péres (PDT-AM), para sinalizar ao mercado que o governo manterá a austeridade monetária. O senador esperava que os juros permanecessem nos 25% anuais definidos em dezembro, ainda na gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso.
-Teria sido melhor mantê-la no mesmo patamar-, disse o senador, em entrevista à Voz do Brasil. Apesar da decisão do Copom, reunido na quarta-feira (22), ter sido unânime e ter definido um pequeno aumento na taxa Selic, Jefferson Péres acredita que o efeito na ponta será bem maior, encarecendo o custo do dinheiro para quem é obrigado a tomar empréstimos. A taxa de 25,5% é a maior desde 19 de maio de 1999, quando o Copom reduziu os juros básicos de 27% para 23,5%.
Mesmo assim, o senador considerou o aumento de meio ponto percentual um -mal menor- que o crescimento da inflação. A última pesquisa do BC junto a 124 instituições financeiras apontou que o mercado continua com expectativa de alta do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), projetando aumento de 11% para 11,19% neste ano.
Isso mostra um índice muito acima da nova meta de inflação de 8,5%, anunciada na carta pública divulgada nesta terça-feira (21) pelo BC, para justificar o descumprimento do teto de 5,5% do ano passado. -O governo deixou claro que não hesitará em aumentar ainda mais os juros para conter as pressões inflacionárias-, avaliou o senador, que já trabalha com a hipótese de diminuição no ritmo de crescimento da economia em 2003.
No entanto, Jefferson Péres acha que não é o momento para pensar em reduzir os juros e reaquecer a economia. -Se isso ocorresse, o resultado seria contraproducente. O governo estaria dando uma sinalização errada para o mercado, começaria um aumento especulativo, com pressão sobre o dólar e sobre os preços e isso não levaria a um crescimento econômico. Ao contrário, provocaria recessão-, analisou.
23/01/2003
Agência Senado
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